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23/10/2023 às 6:00 • Atualizada em 23/10/2023 às 7:55 | Autor: Divo Araújo

ENTREVISTA – DENISE MENEZES

‘Faço política a vida inteira, ainda que nos bastidores’

Após anos de vida pública, presidente da Assembleia de carinho se prepara para concorrer a um cargo eletivo

Denise Menezes, presidente da Assembleia de Carinho
Denise Menezes, presidente da Assembleia de Carinho -

Mesmo sem estar na linha de frente, a primeira-dama da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Denise Menezes, respira política há muito tempo. E, nos últimos anos, a presença dela na vida pública tem se intensificado, desde que assumiu a presidência da Assembleia de Carinho, o braço social do parlamento baiano, e passou a coordenar a campanha do marido, o deputado Adolfo Menezes (PSD) em Campo Formoso, cidade natal do casal.

Agora, Denise se prepara para dar o próximo passo e concorrer ao seu primeiro cargo eletivo. “Hoje sou pré-candidata a prefeita de Campo Formoso sim. Mas eu não me elejo só com o meu voto. É um processo que ainda está em andamento”, conta ela, nesta entrevista exclusiva ao A TARDE, na qual também falou muito sobre a atuação da Assembleia de Carinho, dentre outros assuntos. Confira abaixo.

A senhora está à frente da Assembleia de Carinho desde 2021. Olhando em retrospectiva, como a senhora analisa esse instrumento do parlamento baiano, que vem ganhando força na promoção de iniciativas sociais?

Nós, da Assembleia de Carinho, somos o braço social da Assembleia Legislativa da Bahia. A Assembleia de Carinho é composta pelas esposas dos deputados, as deputadas, e nós fazemos um trabalho social normalmente através de demandas. As pessoas nos procuram e a gente faz uma avaliação, junto com o pessoal do serviço social daqui, sobre o nível de necessidade daquela instituição. Estou à frente da instituição desde 2021 e fico muito feliz porque foi na minha gestão que conseguimos regularizar a situação da Assembleia de Carinho. Hoje, ela é uma instituição que tem CNPJ e está apta a receber doações. É importante explicar que a Assembleia de Carinho não tem dotação orçamentária. Então, a gente fica aqui na Assembleia pedindo ajuda aos deputados, aos funcionários. E, nesse sentido, já gostaria de fazer um agradecimento porque na vida a gente tem que começar sempre agradecendo. Queria agradecer a todas as pessoas que, sempre que lançamos uma campanha, nos ajudam doando materiais ou até mesmo recursos. A gente compra os donativos e depois faz a prestação de contas, como aconteceu no caso das chuvas que atingiram fortemente o sul da Bahia no ano passado. A maioria dos deputados se engajou nessa campanha. Eles fizeram doações financeiras e a gente conseguiu, junto com as Voluntárias Sociais, porque a logística é muito complicada nessas situações, levar donativos para essas pessoas que perderam tudo, as suas casas, as suas histórias. Foi basicamente com a ajuda dos deputados que conseguimos fazer a primeira ação oficial da Assembleia de Carinho com verbas. E foi através desses recursos que conseguimos comprar alguns equipamentos para ajudar a minimizar o sofrimento dessas pessoas.

Como a senhora explicou, a Assembleia de Carinho conta com a participação das deputadas mulheres e esposas de parlamentares, além dos servidores do Legislativo. Como vem ocorrendo esta interação?

Todas estão muito engajadas. Quando a gente lança qualquer campanha elas participam realmente. A gente senta com as deputadas, discute as ações. As esposas dos deputados também sempre estão nos procurando. Agora, estou trabalhando aqui na Assembleia, estudando a parte burocrática e legal, para ver se é realmente possível conseguir orçamento para a Assembleia de Carinho. A gente sabe que o Legislativo tem um objetivo, mas a partir do momento que temos essa instituição aqui dentro, que é o braço social, a gente precisa de verba para poder fazer as coisas. Então, estamos estudando uma maneira de conseguir um orçamento. Por quê? A atuação da Assembleia de Carinho hoje está muito restrita à capital. E isso não é justo na minha visão. Nós temos 417 municípios na Bahia e os 63 deputados daqui são votados em todos eles. Por que não estender as ações da Assembleia de Carinho também para esses municípios, com o apoio dos deputados e das deputadas? É muito necessário, mas para isso a gente precisa ter recursos. A partir do momento que a gente estender essas ações para outros municípios vamos precisar de mais recursos. São muitas as instituições que precisam da gente. Então, é uma questão que estamos amadurecendo, avaliando as questões burocráticas.

Além desse projeto, quais são as ações que a senhora considera prioritárias no momento?

Hoje nós estamos com uma ação, junto com as Voluntárias Sociais, que é a Bahia Sem Fome. Inclusive, temos postos de arrecadação de donativos aqui dentro da Assembleia. Está chegando o Natal e a gente também precisa fazer uma campanha de arrecadação. Como braço social da Assembleia, a gente trabalha junto com o setor de assistência social daqui. A gente ainda não decidiu o que vai ser feito de campanha para este final de ano, mas estamos ouvindo as pessoas, pegando as demandas. As próprias deputadas muitas vezes dizem: ‘Olha, Denise, vamos tentar chegar nessa instituição’. E a gente vai lá, olha quais são as reais necessidades, e promove as campanhas. A gente também distribui sopa, água mineral e cobertores, principalmente no período que chove muito em Salvador, para aquelas pessoas mais vulneráveis nas ruas.

Recentemente, a senhora esteve junto com o presidente Adolfo Menezes na Mansão do Caminho, onde foram recebidos pelo médium Divaldo Franco, e se reuniram também com arcebispo de Salvador, cardeal Dom Sérgio da Rocha. Até que ponto o presidente Adolfo Menezes dá apoio a essas iniciativas?

O presidente apoia 100%. A agenda de Adolfo é lotada, mas quando a gente fala em ações sociais, ele procura sempre estar junto. A gente tem que estar perto de todas as instituições, tanto do catolicismo, espiritismo, do candomblé, das igrejas evangélicas. É um conjunto e ninguém faz nada só na vida. A visita ao cardeal foi extremamente emocionante. Acho que foi a primeira visita que Adolfo fez como presidente à Arquidiocese. E, na Mansão do Caminho, fiquei muito impressionada e emocionada com o trabalho realizado. Eu realmente não conhecia, já tinha ouvido falar. As pessoas se doam de uma forma absurda. São mais de mil crianças tratadas lá. Muitas estão ainda na creche, dando oportunidade a seus pais de estarem no mercado de trabalho. Além disso, eles têm reforço para alunos de escolas públicas, inclusive para prepará-los para o Enem. Eles têm curso de reforço com todos os professores voluntários. É impressionante. Você sente uma energia muito positiva ali.

A senhora nasceu em Campo Formoso, assim como o deputado Adolfo, e recentemente chegou a se emocionar quando recebeu, na Assembleia, estudantes de um colégio do município. Como está hoje a sua ligação com Campo Formoso?

Sou nascida e criada em Campo Formoso e meu cordão umbilical nunca foi cortado. Meus pais são de Campo Formoso, os pais de Adolfo também. Eu tive a grande felicidade de me casar com uma pessoa de Campo Formoso que é o grande líder nosso, o deputado Adolfo Menezes, hoje presidente da Assembleia. Como vários jovens do interior, que deixaram suas cidades para estudar, eu vim para Salvador. O próprio Adolfo também veio. E nos formamos e nos casamos. Hoje, somos casados há mais de 30 anos. Mas tenho casa em Campo Formoso, estou sempre lá. É uma ligação mesmo de amor, de carinho e retribuição por tudo que a cidade nos deu.

Falando um pouco de política, as eleições municipais de 2024 estão na porta. A senhora tem vontade também de concorrer a um cargo eletivo?

Como eu acompanho Adolfo há mais de 30 nessa vida política, queira ou não, a gente acaba tomando gosto pela coisa. Eu realmente faço política com ele há mais de 30 anos, ainda que fique muito nos bastidores. Dando apoio por trás, mas nunca deixei de fazer política. Porque tudo na vida da gente envolve a política. E, como companheira de Adolfo, acompanho ele desde que iniciou a vida política como vereador, depois candidato a prefeito e deputado. Então, a vida inteira fiz política e a gente acaba gostando. Porque, na política, você tem que ter amor. Ser político não é profissão. Você precisa gostar de fazer política, gostar de cuidar do povo, gostar de gente. Você não faz política para você, faz política para comunidade onde mora, que você representa.

De certa maneira a senhora já faz política sendo esposa de um político. Isso ajuda ou atrapalha?

Depende, mas no meu caso, como também me engajo na política, ajuda e muito. Principalmente com um político como o meu marido. Hoje, Adolfo é presidente da Assembleia Legislativa, muito bem avaliado, muito respeitado. E ele é o maior político da história de Campo Formoso. Então, não tem como não agregar.

Concorrer a prefeitura de Campo Formoso é uma possibilidade real?

Na verdade, hoje sou pré-candidata a prefeita de Campo Formoso sim. Mas eu não me elejo só com o meu voto. É um processo ainda que ainda está em andamento e batendo as portas. Mas estou colocando meu nome à disposição do povo de Campo Formoso. E se assim a população quiser sou pré-candidata a prefeita de Campo Formoso. Política é como nuvem e a gente tem que aproveitar o momento. Se for realmente o que está escrito tenho muita vontade. Mas estou dentro de um projeto político. Como disse, já faço política há muitos anos e é uma coisa que gosto realmente. E acredito que tenho muita a contribuir para o desenvolvimento de Campo Formoso. Às vezes a gente pensa até em dar uma parada, mas quando você olha nos olhos das pessoas e vê aquela esperança, aquele carinho de quem acredita em você, no seu projeto político, aí não tem jeito. Aí repito: é por amor. Como é que você vai não atender um pedido desse? E realmente gosto de fazer política junto com Adolfo. Tenho que frisar muito isso, porque Adolfo foi um divisor de águas na política em Campo Formoso. Ele é uma pessoa que se dedica 24 horas a política em Campo Formoso porque quer ver as pessoas melhores, a comunidade melhor, trazer melhorias para cidade. Esse é o nosso projeto político. No momento meu nome é que está posto. E não tenho como dizer não. Tenho que juntar o útil ao agradável. Nunca tive essa pretensão de me candidatar a um cargo eletivo. Mas se realmente tiver que se concretizar, farei com muito amor e dedicação, porque acho que isso é o mais importante na política.

Falando um pouco de política de forma mais geral, como a senhora avalia o momento da Bahia e do Brasil, com o governador Jerônimo Rodrigues e o presidente Lula?

O Brasil é um país em ascensão e tem tudo para voltar a ser o que nunca deixou de ser, que é uma grande potência. Em diversos aspectos ele ainda pode ser um país subdesenvolvido, mas nós temos um potencial absurdo. Para aproveitá-lo precisamos de políticas públicas. Tanto no governo federal, como nos governos estaduais e municipais, a gente precisa acabar com essa prática de perder uma eleição e parar os programas que estão sendo feitos e mudar tudo. Senão, a gente não vai conseguir avançar. É preciso aproveitar os programas que estão dando certo, às políticas públicas e, se for o caso, fazer uma readaptação para incluir no seu projeto de governo. Mas o que acontece muito, sobretudo nos governos municipais, é o contrário. Você pega uma prefeitura toda azeitada, toda arrumada, com projetos maravilhosos, aí de repente se perde uma eleição e parece que há um retrocesso de tudo. O governador Jerônimo está fazendo uma gestão muito boa. Na campanha, ninguém acreditava muito. O governo Lula teve um pouco de dificuldades no início, mas agora a gente já vê o índice de desemprego começando a cair, sinais de que a inflação está baixando, os programas sociais ganhando força. E tenho muita esperança de um Brasil melhor, de uma Bahia melhor. Falando de Campo Formoso, especificamente, nunca se viu tanta obra do governo do estado e governo federal no município. São obras estruturantes para o município conseguidas através de reivindicações do deputado Adolfo e do nosso grupo político e que estão de fato mudando a vida das pessoas. São estradas asfaltadas que reduzem distâncias, valorizam os imóveis dos moradores, facilitam o escoamento da produção agrícola. Sem falar em luz, sistema de abastecimento de água, telefonia celular na zona rural. Enfim, são obras estruturantes e o governo tem nos apoiado muito. A gente fica muito satisfeita com essa gama de obras porque o que a gente quer é ver o desenvolvimento da nossa cidade, é minha cidade natal, cidade que eu amo, que eu nasci e fui criada. E a gente tem que trabalhar, estamos aqui todos dias, muitas vezes no pé do governador pedindo uma coisa, Adolfo pede outra e usada e a gente vai passando a cuia para poder conseguir mais recursos e mais obras estruturantes para melhorar a vida das pessoas. Era um sofrimento absurdo. A gente entrava na casa das pessoas e eram casas de taipa, não tinham nada, não tinham uma televisão, um sofá, nada. As estradas também eram absurdas. Nós temos distritos que ficam a quase 120 km da sede do município. Campo Formoso é um município muito extenso, nós temos sete mil e quase trezentos metros quadrados de extensão. Por volta de 63% da população de Campo Formoso mora na zona rural. A gente gastava três horas para chegar num distrito desses. Se chovesse os carros ficavam parados nas estradas. E hoje são estradas asfaltadas, pelo menos para as principais comunidades que nós temos. A vida melhorou muito. Infelizmente, a gente ainda tem escassez de água em algumas localidades de Campo Formoso. Mas outras pessoas já têm água na torneira. Outro programa do governo federal, em parceria com o governo do estado, são as escolas em tempo integral. Isso é perfeito. O filho fica o dia todo na escola, tem alimentação da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde, já sai alimentado. Porque essa questão da fome assola muito o país hoje também. O que a gente precisa é dar um pouco de dignidade às pessoas.

O governador Jerônimo Rodrigues acaba de lançar um programa para erradicar a fome na Bahia. Esse é o nosso principal problema a ser enfrentado imediatamente?

A fome urge. A pessoa com fome fica doente, fica suscetível a criminalidade, porque você sai de casa, deixa seus filhos em casa e não tem o que trazer para comer. Então, a fome não espera. Você não tem uma alimentação, não tem perspectiva de emprego, não vê futuro. As pessoas ficam desesperadas e muitas acabam entrando para a marginalidade. E infelizmente o índice de criminalidade aumentou bastante e eu atribuo muito a essa questão social.

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