POLÍTICA
Novo presidente da CMS, Geraldo Júnior revela: “Eu tenho o sonho de um dia governar a minha cidade”
Por Roy Rogeres | A TARDE BA | Foto: Gilberto Junior | Ag. A TARDE

Ele é advogado por formação e especialista em Processo Civil. Seu pai, Geraldo Alves Ferreira, foi vereador em Salvador por dois mandatos, de 1992 a 1996; 1996 a 2000, e, depois, suplente do cargo. Advogou durante boa parte da vida na área empresarial e privada, mas nunca desconectou-se totalmente da política.
Acompanhava sempre o pai nos compromissos políticos, o que lhe conferiu a conquista de boas relações. Fez parte de conselhos decisivos, e, quando seu pai perdeu as eleições, coube a ele a herança política,ou seja, a continuidade na vida pública.
Ele recorda ter sido sondado por vários políticos, mas teria resistido e hesitado a adentrar efetivamente no meio, até passar a ser chefe de gabinete e assessor jurídico do deputado decano da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Jurandy Oliveira (PRP), a quem atribuiu grande parte dos seus aprendizados sobre política.
Em 2008 disputou a primeira eleição municipal, a qual saiu vitorioso ao obter 4.091 votos. No segundo pleito, quando era um dos líderes do então prefeito João Henrique, quase triplicou a votação, chegando a mais de 12 mil votos. A linha crescente continuou na terceira eleição ao passar para 14 mil.
Acumulou importantes experiências na área jurídica e pública nos serviços municipais, como coordenador jurídico da antiga Companhia Municipal de Abastecimento (Comasa), e posteriormente à frente da coordenação jurídica da Agência de Fomento do Estado (Desenbahia), até assumir a vereança na Câmara Municipal de Salvador (CMS), onde está no terceiro mandato, e, neste ano, fez história ao ser aclamado, aos 49 anos, presidente da Casa, com outro presidente ainda em exercício (Léo Prates – DEM- eleito deputado estadual na última eleição). Durante alguns dias, os dois reversaram as funções, fato pioneiro na CMS. Estamos falando do vereador Geraldo Alves Ferreira Júnior (SD), ou simplesmente Geraldinho, como é popularmente conhecido, o novo presidente da mais antiga Câmara Municipal das Américas.
Respeitado pelos colegas e tendo a competência reconhecida no meio político, tornou-se aliado do democrata e prefeito da capital baiana ACM Neto, com o qual detalhou a relação de amizade. “A minha relação com ACM Neto foge ao mundo político, é pessoal, de amizade, de parceira, de aconselhamento mútuo no âmbito pessoal e profissional, trocamos orientações sobre o mundo político, e, durante o meu terceiro mandato fui por ele convidado para assumir a Secretaria Municipal de Renda, Trabalho, Esporte e Lazer (SEMTEL). Foram vinte e dois meses de trabalho a frente da pasta, e me orgulho muito dos legados que deixamos”.
Dentre as principais ações na liderança da SEMTEL, ele destaca as piscinas olímpicas construídas para os jogos olímpicos de 2016, realizada no Brasil; 141 campos de futebol revitalizados reformados; Ginásios que serão entregues sob o efeito da sua gestão, e dezenas de ações de incentivo ao esporte. “Uma das mais importantes interlocuções que me fez presidente da CMS, testado e aprovado enquanto gestor”, frisa.
Até que decidiu retornar a CMS, com o objetivo de realizar o sonho de ser presidente da Casa, e foi prontamente apoiado pelo amigo ACM Neto. “Ele me perguntou se eu voltaria para a CMS em um mês, e eu disse que já gostaria de voltar no dia seguinte. Neto me apoiou e eu muito agradeço o aval, e o referendo dele, que foi extremamente importante”. Menos de três dias após o retorno, Geraldo Júnior foi aclamado presidente da CMS, praticamente por unanimidade. Sobre o apoio massivo recebido pelos colegas vereadores, ele atribuiu, emocionado, às construções que fez ao longo da vida.
“Credibilidade e lealdade são dois importantes fatores que aprendi como meu pai, que me dizia sempre: 'vale mais um fio de bigode do que uma assinatura num papel', levo isso para a minha vida. Tudo o que eu falo, sou obrigado a honrar. Digo sempre aos meus amigos e ao meu filho para jamais dizermos algo que não possamos assumir. Ter sido aclamado foi uma responsabilidade enorme, facilitou o trabalho, mas ao mesmo tempo aumenta essa responsabilidade e compromisso que fiz com todos, os quais devo respostas, sobretudo, aos oposicionistas”, declara.
Suceder os ex-presidentes Paulo Câmara (PSDB) e Léo Prates, é um dos grandes desafios de Geraldo Júnior. “Pois a responsabilidade que cai sobre mim é ainda maior, uma vez que eles não foram aclamados, e não tiveram, como eu, eleição antecipada. Em nenhum momento da história tivemos dois presidentes ao mesmo tempo, um em exercício e outro eleito, em consenso na CMS, me orgulho disto, e sei que o desafio torna-se mais difícil, porém, recompensante”, justifica.
Aproximar a CMS da população soteropolitana é um dos principais objetivos do novo presidente. “Quando digo que vou abrir as portas da Câmara para o mundo político, empresarial, e para toda a sociedade civil, setorial e sindical, é porque iremos fazer isto. Temos que pegar a Casa do povo, que lhes pertence em essência, para interagir com a própria sociedade”, pretende.
Prioridades
Geraldo Júnior apontou as principais pautas de trabalho que deverão ser prioridades no início da sua gestão, em 04 de fevereiro: a regulamentação dos transportes por aplicativos, PL 258/2018; a Lei orgânica do município, que é a construção da legislação municipal; a criação de uma Comissão Participativa Permanente, e a aprovação e regulamentação do estatuto municipal da igualdade racial. “Temos o estatuto federal e estadual, e porquê não termos na cidade mais negra do Brasil, e na câmara municipal mais antiga das Américas? É preciso senso de responsabilidade”, salienta.
Oposição
Sobre a relação com os vereadores da oposição, Geraldo Júnior afirma que não abre mão do principio da respeitabilidade. “Sou um vereador da base do prefeito, mas não posso deixar de ouvir o que pensa um vereador de oposição, e mais que isto, refletir sobre os aspectos apresentados. Ouvir, maturar, repensar, assimilar e absorver aquilo que possa incrementar e contribuir com o meu pensamento, obedecendo sempre o caráter inegociável da respeitabilidade, que norteia a minha vida. Fiz esse compromisso e irei cumprir indubitavelmente, pois assinei e referendei um documento no qual me proponho a fazer tudo que faço durante a minha trajetória política: respeitar todas as indiferenças, sobretudo, as ideológicas”, disse.
Ele reiterou que vai lutar para reunificá-los, uma vez que cinco edis criaram um novo bloco parlamentar de oposição, após o imblóglio causado com a aclamação do vereador Sidninho (Podemos), para liderança do grupo.
“A criação desse bloco, em verdade, pode enfraquecer o trabalho da oposição. Por isso, vou sinalizar as possíveis perdas e ganhos, e o que eu penso. Quando se tem uma base que já é pequena, diminuída, enfraquece também o espirito democrático, a discussão dos processos, e tenho certeza poderá surtir efeitos. Conversarei com todos eles, e falarei sobre os prejuízos institucionais que poderão ser ocasionados no meu entendimento”, promete, acrescentando que “uma coisa vou primar naquela Casa: a respeitabilidade aos pares e a cidade, pois quando se desrespeita uma colega, está desrespeitando a própria cidade, e nós representamos uma parcela da sociedade, logo, devemos, no mínimo, respeito”, enfatiza.
Aproximação com Rui Costa
Sobre a aproximação com o governador do Estado Rui Costa (PT), líder do grupo político opositor ao do prefeito ACM Neto, ele esclarece que faz parte do trabalho assumido enquanto presidente da CMS. Rui realizou recentemente uma vista de cortesia à Casa, o que a tempos não acontecia.
“Sou presidente de um poder, quando faço uma visita de cortesia ao chefe do executivo estadual, é por vislumbrar e querer o melhor para a nossa cidade, e a visita dele foi uma boa surpresa. Ele me pediu para não permitir que a base de oposição se dissipe, e no que depender de mim, não acontecerá”, pontua.
Geraldo reiterou que a aproximação com o governador do Estado, visa, ainda, trazer beneficies para a capital. “Estou muito bem no grupo o qual faço parte e no meu partido. Nós não discutimos aspectos políticos, mas sim os institucionais, como deveria ser independente de qualquer coisa. Não posso ser um elo de interlocução entre Rui e Neto, pois a eleição já passou e não há o que se discutir sobre vitoriosos e derrotados, pois quem melhor recebeu o recado das urnas foi o meio político, com a não reeleição de vários políticos considerados caciques no Brasil, e na Bahia não foi diferente. A população disse claramente que quer mudança de conceitos, paradigmas, posturas e a manutenção de um processo”, destaca.
Ele considera a relação com Rui “excelente”. “Gosto dele, acho um grande gestor, e as pesquisas já mostraram que a população se sente satisfeita com ele como governador e Neto como prefeito de Salvador. Sendo que ACM Neto é o grande nome para 2022, e, cada dia que passa estarei estreitando as minhas relações com entes federais e com o governo estadual, esse é o meu papel enquanto presidente da CMS, não posso me furtar disto, até porque tive aprovação total da oposição para tanto, do ponto de vista de entendimento com o governo do Estado. Tenho o papel também de apaziguar”, esclarece.
Pretensões políticas
“Tudo que fiz na minha vida foi de forma pragmática, pensada, quando resolvi ser candidato pela primeira vez estabeleci um planejamento, assim como nas demais, e em todas as decisões que precisei tomar. Quando assumi um posto no governo municipal eu sabia o que queria, era me projetar, sedimentar uma relação de credibilidade com o prefeito, mostrar capacidades e competências para gerir, e o que me resta nesse biênio é administrar o processo legislativo, fortalecendo-o”, explica Geraldo.
Prefeitura
“Se eu gostaria de ser candidato a prefeito em 2020? acho que é prematuro falar sobre, mas, logicamente, sendo presidente do poder legislativo a imprensa me coloca como uma possibilidade. Não quero pensar nisto agora, mas há a possibilidade de se construir um processo, depende muito do que farei neste ano e no primeiro semestre de 2020 para a cidade, e para o processo, e se for da vontade de Deus, se houver entendimento com um conselho de amigos que tenho, quem sabe não serei candidato. É muito cedo, mas por que não?. Tudo acontece na hora certa, conforme a vontade de Deus”, analisa.
O parlamentar revela ter demorado certo tempo para chegar à presidência da CMS, por se tratar de uma construção, e revelou a pretensão e o sonho de uma dia chegar à prefeitura da capital baiana. “Eu não posso negar que tenho o sonho de um dia governar a minha cidade, e isso vou fazer, um dia”, expôs, apontando as duas grandes inspirações que têm na vida: Geraldo, seu pai, e o comunicólogo e o ex-prefeito de Salvador Mário Kertész, a quem considera grande conselheiro e amigo. Geraldo lembrou ainda, com orgulho, do colega parlamentar e professor Edvaldo Brito (PSD), a quem diz ser “uma grande referência, uma pessoa que consegue me transformar em alguém melhor”.
Por fim, o novo presidente da CMS reafirmou que deseja retirar a Casa legislativa do antagonismo, e elevá-la ao papel principal, na quarta maior cidade do País. “A CMS precisa sair do papel de coadjuvante das decisões da cidade, e assumir o protagonismo que merece. Reafirmo que em 2020 as decisões políticas do município também terão de passar pela Casa, não é sobre as decisões serem verticalizadas, com escolhas determinadas, mas com a participação efetiva em todos os processos que lhe são atribuídos”, finaliza.
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