DESABAFO
“Vão ter que me engolir”, diz Geddel em evento do MDB
Discurso aconteceu após uma fala do pré-candidato a vice-governador, Geraldo Júnior
Por Dante Nascimento

O final do encontro de pré-candidatos promovido pelo MDB, nesta sexta-feira, 1º, num hotel em Salvador, terminou em tom de desabafo. Falando em público pela primeira vez desde a prisão, em 2017, Geddel Vieira Lima, uma das lideranças mais importantes do partido, condenado por corrupção, disse que tem enfrentado seu “calvário” com muita coragem. “Carreguei a cruz que botaram nos meus ombros sem incriminar ninguém. E ninguém vai me constranger a exercer a minha militância e vocação. Explorem o que quiserem. Mas não vão caçar a minha cidadania, a minha coragem. Eu vou lembrar do velho Zagallo: eles vão ter que me engolir”.
O discurso de Geddel foi motivado por uma fala anterior, feita pelo pré-candidato a vice-governador, Geraldo Júnior. Após cumprimentar Geddel, ele disse que sofreria ataques por “forças ocultas”, mas que não iria ficar constrangido por isso.
Geddel, por sua vez, disse que não responderia “forças ocultas” e não reconhece no “ex-prefeito de Salvador e no seu menino prefeito” autoridade para criticar a sua presença em eventos.
Sem citar diretamente os nomes do pré-candidato do União Brasil ao governo da Bahia, ACM Neto, e do prefeito de Salvador, Bruno Reis, Geddel revelou ainda que os dois teriam ido por diversas vezes pedir apoio do MDB. “Tinham transformado minha casa numa basílica, porque iriam lá pedir apoio político. Os dois. Foram lá com todas as propostas”, disse.
A reportagem de A TARDE conversou com Geddel depois do evento, por telefone. Ele esclareceu que os encontros com ACM Neto, Bruno Reis, Marcelo Nilo e outras lideranças da política baiana ocorreram na casa dele até dois meses atrás, “de manhã, de tarde e de noite”. Geddel não quis informar o conteúdo das conversas, mas confirmou que houve pedidos de filiação ao MDB e propostas para que o partido apoiasse a chapa de Neto. No final de março deste ano, o MDB acabou indicando Geraldo Júnior como vice de Jerônimo Rodrigues.
O experiente político disse que as revelações feitas hoje foram para “marcar posição” diante do que chamou de “tititi” atribuído ao grupo do hoje adversário ACM Neto. “Tem chegado informação permanente que tentam vincular os problemas que enfrentei à candidatura de Jerônimo. Se alguém quiser falar, que saia do anonimato. Mas não queriam me usar pra atingir terceiros, porque eu vou botar minha boca no trombone e pode ter certeza que quem tem a perder não serei eu. Aquilo que eu disser, eu tenho absoluta condição de provar”, explicou.
Longo dos holofotes da política, Geddel diz que tem se comportado com pudor e não vai participar de campanhas, mas que hoje foi ao encontro do MDB por ser um encontro com a militância. “Eu recebei inúmeros pedidos e apelos para que eu estivesse presente, afinal, fui presidente do partido, líder do partido e ministro pelo parido, e lá chegando achei que era o momento oportuno para marcar uma posição clara”.
Geddel ainda disse que depois de passar por tudo que passou, nada incomoda, nem amedronta. “Eu estou quieto no meu canto. Não venha pra cima de mim, porque a porrada vai cantar”, finalizou.
Geddel já foi deputado federal por vários mandatos e integrou os governos Lula, Dilma e Temer. Ele foi preso em 2017 dentro da operação Greenfield, solto, e preso novamente no mesmo ano após a apreensão de mais de R$ 51 milhões em um apartamento. Em 2019, Geddel foi condenado a 14 anos de prisão e desde fevereiro deste ano está em liberdade condicional.
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