NEGÓCIOS
Bahia investe em ampliação da cadeia produtiva da mineração
Fase atual é de agregar as etapas de beneficiamento e comercialização
Por Claudia Lessa

Entre os desafios que se apresentam na fase atual de desenvolvimento da mineração no Estado, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) sinaliza para a ampliação da cadeia produtiva de forma a ir além da etapa de extração e incluir as de beneficiamento e comercialização, visando garantir receitas ainda mais expressivas para o segmento. O segundo grande desafio, apontado pela empresa estatal, é a afirmação das práticas sustentáveis como essenciais para agregar valor e respeitabilidade à atividade mineradora, em articulação mais próxima e com atuação conjunta aos órgãos ambientais e fiscalizadores e à comunidade.
Na perspectiva nacional, a avaliação do diretor de Sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Júlio Nery, é que a mineração brasileira ainda enfrenta muitos desafios para poder ampliar sua participação no Produto Interno Bruto (PIB). Como desafios significativos a enfrentar pelo segmento minerário, ele destaca a falta de linhas de financiamento específicas; o ambiente tributário com seu grande número de taxas sendo criadas para o setor; o combate ao garimpo irregular e a lavra ilegal de minérios, que, segundo ele, têm gerado severos impactos negativos ao meio ambiente e às comunidades; o incentivo à pesquisa geológica em escala mais detalhada; e o fortalecimento da Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela regulação e fiscalização da mineração.
O representante do Ibram destaca que, na Bahia, a CBPM é aliada nesse esforço de difundir conhecimento geológico básico. Na parte de sustentabilidade, afirma, as empresas continuam com seus trabalhos junto às comunidades. “As mineradoras recebem o apoio do Ibram, através da nossa agenda ESG (Environmental, Social and Governance), que constitui em um conjunto de compromissos para tornar o setor ainda mais sustentável, seguro e responsável”, relata Júlio Nery, completando que o Ibram tem 12 Grupos de Trabalho (GT), formados por funcionários e gestores das empresas associadas, que tratam de temas como segurança operacional; desenvolvimento local e futuro dos territórios; diversidade e inclusão; e relacionamento com comunidades. As discussões sobre a aplicação prática das melhores práticas, as metas e os indicadores para avaliar os avanços da agenda EGS são reportados periodicamente e os resultados estão no site www.ibram.org.br.

O presidente do Sindicato das Indústrias Extrativas de Minerais Metálicos, Metais Nobres e Preciosos, Pedras Preciosas e Semipreciosas e Magnesita no Estado da Bahia (Sindimiba), Sandro Magalhães, considera os problemas ligados à logística como um dos entraves para a ampliação da cadeia produtiva. “Isso porque não adianta aumentarmos os níveis de produção com expansão das mineradoras em operação e/ou com abertura de novos projetos se não é possível garantir o escoamento dessa produção. Por isso, é importantíssimo apoiar todas as ações que visam intensificar a participação do modal ferroviário na logística não só na Bahia, mas também no Brasil”, analisa.
Planejamento estratégico
Outro desafio, destaca Magalhães, diz respeito à necessidade de se criar um ambiente mais favorável para os negócios e, dessa forma, chamar a atenção de investidores. “O Sindimiba trabalhou em um planejamento estratégico que cobre 11 macroações prioritárias, das quais as mais urgentes e baseadas nas principais reivindicações do setor, que são os planos de aceleração dos processos de licenciamento; de melhoria das infraestruturas de suporte às mineradoras; e de segurança às operações contra bloqueio de vias de acesso às minas e invasões nas áreas privadas das empresas, por exemplo”, enumera o dirigente da entidade, acrescentando que a entidade vem mantendo diálogos positivos com os órgãos responsáveis e que várias ações já começaram a ser realizadas, como obras em estradas de acesso às minas e reforço no suporte dado pela segurança pública.

Com a CBPM e a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), o Sindimiba vem desenvolvendo uma campanha, junto à sociedade, sobre a importância do setor minerário. “A mineração é a base da vida moderna. Para se ter uma ideia, no aparelho celular que usamos mais de 95% dos materiais utilizados vêm da mineração. Isso precisa ser divulgado e a mineração precisa ser valorizada como merece. Nessa jornada em direção à melhoria da imagem da mineração, contamos também com o forte apoio da ANM e da SDE, bem como da imprensa baiana, que são ‘sócios estratégicos’ desta causa”, diz o presidente do Sindimiba.
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