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PRAIA DO FORTE

Grupo de capoeira Esporão recebe doação de uniformes de A TARDE

Iniciativa busca apoiar a educação e a cultura para a comunidade da vila praiana

Por Maurício Viana*

16/06/2023 - 6:15 h
O monitor Cavaco, o contramestre Kiko e o instrutor Neném comemoram os uniformes doados por A TARDE
O monitor Cavaco, o contramestre Kiko e o instrutor Neném comemoram os uniformes doados por A TARDE -

O Grupo de Capoeira Esporão, que há mais de duas décadas realiza o trabalho social de ensino da modalidade esportiva e cultural para crianças e jovens da região da Praia do Forte, em Mata de São João (Grande Salvador), recebeu doação de uniformes do Grupo A TARDE. A entrega ocorreu na tarde da quarta-feira passada, na sede da Associação dos Pescadores de Praia do Forte, onde os alunos treinam.

A ação de solidariedade faz parte de uma série de iniciativas do Grupo A TARDE para apoiar movimentos sociais que gerem benefícios para as comunidades, principalmente de baixa renda. Foram entregues 75 uniformes personalizados com as logomarcas do tradicional grupo da região, compostos por uma camisa e uma calça específicas para a prática da capoeira, para as crianças e os adolescentes, entre eles membros em situação de vulnerabilidade.

“Em Praia do Forte, existem vários desses movimentos que trabalham com crianças carentes, estimulando a prática de esportes em paralelo às atividades escolares. A capoeira é um desses que, pela nossa aproximação com a comunidade, nos foi apresentado. Estimular a educação é um dos pilares do Grupo A TARDE e, quando encontramos projetos sociais dessa natureza, fazemos questão de apoiar”, explica Eduardo Dute, diretor de Marketing do Grupo A TARDE.

Para receber a doação, o Grupo Esporão realizou uma roda de capoeira com mais de 40 crianças em um momento de integração, respeito e alegria entre elas. O contramestre que criou o grupo em Praia do Forte, Joaquim Menezes, mais conhecido como Kiko ou “Macaco”, cobrava a participação das crianças nas cantorias e nos golpes dentro da roda.

“Eu queria ser criança agora. Na minha época, só tinham umas cinco que jogavam capoeira. Então, vamos suar e cantar, aproveitando o presente que ganhamos. O professor de vocês não tinha isso há 30 anos. Eu quero ver todo mundo vindo fardado”, declarou com felicidade o contramestre.

Mais de 20 anos

De acordo com Kiko, o grupo tem mais de 20 anos de trabalho social para os alunos, que, na maioria, são da comunidade da Vila. Além disso, é realizado o acompanhamento e a cobrança para que frequentem a escola. Inclusive, a entrega dos uniformes para as crianças será mediante a participação e o desempenho nas aulas de capoeira e do colégio. “Nós fazemos sempre esse acompanhamento de como está no colégio. Vou até às casas se precisar. Eu me envolvo demais com o social”, pontua.

Atualmente, o projeto atende crianças de 6 a 10 anos e adolescentes de 11 a 16 anos, com a presença do contramestre Macaco mais um instrutor e um monitor. Com 30 anos de capoeira, ele é um dos mais atuantes da região, tendo carregado a tocha dos Jogos Olímpicos Rio 2016, quando esta passou por Salvador, para representar a modalidade. Nascido na vila de Praia do Forte e morador da região desde então, Kiko frequentava a associação desde criança, trabalhando em estabelecimentos na comunidade até entrar no mundo da capoeira para retribuir à comunidade.

“Eu conheci o Grupo Esporão, que tem outras sedes pelo Brasil e pelo mundo, e gostei dessa arte. De lá para cá, já se passaram trinta anos viajando para outros lugares e conhecendo crianças. Aqui, não tinha trabalho parecido nem nas escolas. Então, tive essa ideia. Tenho um aluno daquela época lá de trás que hoje dá aula no projeto. Mas, é tudo acompanhado e administrado por mim”, comenta o contramestre.

Henrique Oliveira, apelidado de Cavaco na capoeira, é nascido em Praia do Forte e um ex-aluno, que, atualmente, faz parte do grupo como monitor, após começar a praticar capoeira desde muito pequeno. Ele é grato ao professor Kiko por ter dado instrução e direção para a vida, lembrando que a capoeira ajuda a formar não só praticantes, como cidadãos.

“A capoeira transforma vidas. Eu, hoje, também graças à capoeira, estou conseguindo transformar mais vidas aqui. Esse é um projeto promissor que ajuda muitas crianças e ainda vai ajudar mais. Eu também estou me formando para que, com o tempo, possa construir outra pessoa para dar continuidade ao grupo lá na frente, sem deixar que esse projeto possa acabar”, aponta Cavaco.

Por causa da importância da continuidade do grupo histórico e com representatividade na região, Kiko agradeceu as doações. “Esses uniformes vão cair como uma luva para completar as aulas. A felicidade é total e fico sem palavras quando ganho qualquer coisa. O Grupo A TARDE, dando os uniformes, é uma coisa que vai abrir os olhos de outros empresários para ver a capoeira e ajudar a um trabalho social. Tudo aqui é fruto de doação porque não cobramos nada. Estamos agradecidos demais”, comenta.

O instrutor Alexandre Santana, apelidado de Neném, há dois anos no grupo de Praia do Forte, veio de Salvador com uma bagagem de 21 anos na capoeira. Com um olhar externo e feliz de participar, percebe a importância para a comunidade.

“O Macaco já veio com esse trabalho há muito tempo, formando vários capoeiristas. Porém, queremos formar, primeiramente, cidadãos, a partir dessas crianças carentes. Queremos vê-las crescendo e tendo um futuro melhor. Aqui, eu vejo cultura, cidadania, amizade e comprometimento. Nós temos muita dificuldade de conseguir um patrocínio ou uma ajuda. Então, é muito gratificante ver o sorriso das crianças em estar pegando o uniforme novo. Gostaria de parabenizar a equipe do A TARDE por isso”, celebra Neném.

Yasmin Vitória, 11 anos, foi uma das crianças que ficaram felizes. “Eu comecei um pouco antes da pandemia, tive que parar e voltei, ganhando minha primeira corda. Conheci muitos amigos aqui. Gosto da capoeira porque é um lugar onde a gente se diverte e aprende muitas coisas. Eu gostei muito do uniforme novo. Tudo muito bonito”, comenta a aluna.

A felicidade em estar no grupo é dividida por outras crianças, como conta Willine Palmeira, garçonete e mãe de uma das alunas. Ela também fez parte do projeto na infância. “É lindo demais. Minha filha está começando agora, na verdade. É o terceiro dia de aula, mas está super empolgada. Fica em casa ansiosa para ver os coleguinhas e treinar”, afirma.

*Sob supervisão da jornalista Hilcélia Falcão

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