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CACHOEIRA

Prefeita foca no combate ao racismo e no empoderamento feminino

Eliana Gonzaga prioriza investimentos em comunidades rurais de Cachoeira e tem destaque nacional na educação

Por Alan Rodrigues

15/04/2023 - 0:00 h | Atualizada em 15/04/2023 - 9:31
Imagem ilustrativa da imagem Prefeita foca no combate ao racismo e no empoderamento feminino
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Eliana Gonzaga (Republicanos) tem a origem comum a muitas mulheres negras pelo Brasil. De origem humilde. Filha de feirante, construiu sua trajetória à frente do sindicato dos trabalhadores rurais. Evangélica, foi vereadora e candidata derrotada a vice-prefeita em 2016.

Em 2020, enfrentou uma forte campanha de ódio motivada por racismo e misoginia. Eleita, não fugiu às suas raízes. Priorizou as melhorias na zona rural e territórios quilombolas, com obras de calçamento, ampliação de redes de água, esgoto e energia elétrica, garantiu a defesa dos terreiros de religiões de matriz africana, contrariando o que diziam os críticos, e tornou o município referência no combate à violência contra a mulher. Ainda conquistou um prêmio nacional pela sua iniciativa de educação anti-racista.

Eliana Gonzaga conversou com o PORTAL A TARDE e falou sobre a primeira experiência na gestão pública.

Nos dois primeiros anos de mandato a Sra. fez um grande investimento na saúde, com foco nas comunidades maios distantes da sede. Quais as principais realizações nessa área?

Nós fizemos a reabertura de alguns postos-satélite em algumas comunidades rurais, fizemos um convênio de cooperação técnico-financeira com a Santa Casa de Misericórdia, fizemos a entrega de kit´s maternidade para a Santa Casa também, implantamos um centro de fisioterapia totalmente equipado, com diversos profissionais. Estamos também com diversas especialidades odontológicas, com entrega de próteses à população carente, fizemos a capacitação da equipe do Samu, equipe de enfermagem. Implantamos também o programa de saúde nas escolas, com profissionais realizando diversos serviços, como vacinação das crianças, pesagem, saúde bucal. Fizemos mutirão de oftalmologia, com atendimentos especializados, gratuito à toda a população. Além disso, fizemos entrega de ambulâncias nas comunidades rurais, a exemplo de Alecrim, Capoeiruçu, Calolé, Ladeira do Padre Inácio, Boa Vista, Saco, Tibiri (Santo Antônio do Tibiri), comunidades que não tinham ambulância para dar assistência à população, por que são comunidades distantes da sede e muitas vezes as pessoas pagavam R$ 150, R$ 200 para levar alguém ao hospital.

O município também se tornou referência na área de enfermagem.

Fizemos parceria com Coren-BA (Conselho Regional de Enfermagem) e Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), com a instalação da subseção do Coren no município. Fizemos a primeira edição do prêmio Anna Nery em uma cidade do interior. Estamos com diversas especialidades também na Policlínica, com realização de exames e consultas de pediatria, ginecologia, endócrino, nutricionista, cardiologista, urologista, gastro, fonoaudiologia, cirurgião-geral, endoscopia, ultrassom. Nós não temos mais nenhuma demanda reprimida de ultrassom. Fila zero de ultrassonografia.

Como surgiu a parceria com o Cofen?

Tudo começou quando fiz uma viagem a Brasília, procurei o Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) para solicitar deles essa parceria e instalar em Cachoeira o museu Anna Nery. Porque como nós sabemos, Anna Nery, patrona dos enfermeiros, nasceu em Cachoeira. E a casa onde Anna Nery nasceu pertence ao município. Nós temos esse termo de cessão da família para o município. Pensei em trazer o museu Anna Nery de Salvador, mas aí nós implantamos um Memorial, juntamente com a subseção do Coren-BA aqui em Cachoeira.

Os autistas também ganharam atenção especial.

Implantamos também um centro de atendimento especial às crianças e adolescentes com deficiência. Pudemos fazer uma busca ativa que detectou inúmeras crianças com autismo. Nós oferecemos atendimento ambulatorial e terapêutico, com diversos profissionais, como assistente social, fonoaudiólogo, psicólogo, psicopedagogo, entre outras especialidades. Também oferecemos massoterapeuta que faz acupuntura inteiramente grátis, tanto para os pacientes como para as mães que acompanham. Porque as pessoas que tomam conta dessas crianças não descansam, muitas mães têm até três filhos autistas. Nós estamos, inclusive, pedindo uma parceria com o Governo do Estado para termos um suporte, porque isso tudo é com recursos próprios, é na cara, na raça e na coragem que a gente está fazendo esse atendimento.

Além da assistência à saúde, as comunidades também ganharam em ifraestrutura.

Vamos iniciar duas pavimentações asfálticas em parceria com o Governo do Estado que vai facilitar muito o escoamento das mercadorias de agricultoras e agricultores familiares. A implantação também de uma torre de recepção de sinal de celular na Bacia do Iguape, que as pessoas não podiam falar ao celular, a não ser por aplicativos. Conseguimos também a torre de TV digital, que está em fase de testes. Ampliamos o abastecimento de água e esgoto em parceria com a Embasa, fizemos expansão de rede elétrica em algumas comunidades. Requalificação da Bica de Belém (balneário natural), com contenção, fizemos uma piscina infantil natural, parque, toda a infraestrutura para oferecer esse espaço de lazer à comunidade. Tudo isso fortalece turismo rural e gera renda, as pessoas têm seus quiosques, vendem seu churrasquinho, sua cerveja, água.

A Sra. sofreu ataques violentos antes e durante a campanha, por ser mulher preta, a primeira, aliás, a governar o município. Na sua gestão o combate ao racismo se tornou prioridade a partir de um novo projeto pedagógico, que valeu a Cachoeira o prêmio nacional Espírito Público no ano passado pela promoção da diversidade. Fale mais sobre essa iniciativa.

Precisamos fazer esse enfrentamento ao racismo a partir da sala de aula. Porque tudo isso interfere no aprendizado e afasta o estudante. O racismo está inserido na escola de forma velada e inconsciente. Quando você leva a educação anti-racista para a sala de aula você desperta essa consciência na criança e ela vai ser um agente multiplicador dessa informação e vai levar tanto pro seio familiar quanto para a sociedade. Ela vai crescer e vai se tornar um adolescente, um jovem, um adulto que vai combater esse racismo.

Esse trabalho se estende também no combate à intolerância religiosa. A Sra. também teve que superar algumas desconfianças.

Na campanha foi pregado muito, porque eu fui criada no ambiente evangélico, que eu iria perseguir o povo de santo. Uma loucura. Nunca ocorreu nem nunca vai ocorrer. E nós participamos em 2019 da mobilização contra o primeiro ato de agressão aos terreiros. Eles derrubaram cercas de terreiros, quebraram preceitos religiosos, derrubaram casas do entorno, mataram até animais de estimação e nós fomos para a rua e fizemos esse movimento.

Por diversas vezes nós apoiamos esse movimento religioso, até porque eu tenho familiares que fazem parte da religião de matriz africana. Esses grileiros de terras que invadiram alegando que 55% a 60% das terras de Cachoeira pertencem a eles, é um grupo de empresários intolerantes, desrespeitosos ao patrimônio e ao território sagrado. E a Prefeitura anteriormente nunca tinha levantado essa bandeira para defender esses terreiros. Enquanto gestão nós levantamos essa bandeira, reunimos os representantes, participamos de reunião com a Secretaria de Segurança Pública, Ministério Público, advogados. Disponibilizamos apoio jurídico e de assistência social, distribuímos cestas básicas para as famílias em situação de vulnerabilidade social, reforçamos a segurança da Guarda Municipal em todo o entorno, fizemos o debate para discutir o tombamento dos terreiros, o que já está em andamento.

E qual a atuação da gestão no combate à violência contra a mulher?

Implantamos o Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cram), batizado com o nome de Elitânia de Souza da Hora (vítima de feminicídio em 2019). Primeiro centro no estado da Bahia especializado no atendimento à mulher negra. Nós temos um trabalho que não pode ser revelado por conta do sigilo e da segurança da mulher, extensivo à família, os filhos, com assistente social, psicólogo, psicopedagogo para as crianças, alimentação. Temos um carro, exclusivo, fruto de emenda da deputada Fabíola Mansur (PSB), que é nossa parceira, e a gente vai na casa da vítima e retira muitas vezes essa vítima do seu lar e leva para um espaço de segurança. Contamos também com a rede de apoio do Estado, porque o trabalho em rede o efeito é muito superior e a gente consegue fazer o atendimento não só em Cachoeira. Nós trabalhamos irmanadas com os municípios do entorno.

A sua eleição, como já foi dito, a tornou a primeira mulher negra a comandar o município. Como isso impacta no empoderamento feminino?

Nenhuma mulher tinha se ousado sequer se candidatar e nós tivemos a ousadia de lançar uma chapa 100% feminina (a vice-prefeita é Ana Cristina Soares, do PSB). Então isso coloca sobre mim muita responsabilidade pois é um exemplo para muitas outras mulheres buscarem seu espaço, quebrando tabus do racismo e do preconceito e encorajando outras mulheres. Inclusive isso também tem sido tema nas salas de aula, para que outras mulheres, outros negros e negras tenham coragem e vejam que é possível, sim. Porque eu vim da feira hippie vendendo sandália havaiana, eu vim do movimento sindical, da categoria do proletariado, daqueles que não tem nenhum recurso e levantam de madrugada para tirar o seu sustento.

E a Sra. vê essa conquista se ampliando em outras esferas?

Geralmente, num passado não muito distante, as mulheres não tinham participação ativa nesses espaços de poder. Mas nós somos a maioria, somos mais de 52% da população. E você olha na Câmara de Vereadores e vê um número insignificante. Na Câmara de Deputados um número ínfimo. Você olha na Assembleia Legislativa e vê um número aquém também de mulheres. Aí você vai para os consórcios que hoje já têm modificado, Hoje nós já temos presidentas de consórcios territoriais. Hoje você tem algumas mulheres compondo a chapa da diretoria da UPB. Isso é importante e serve como exemplo para outras instituições para não colocar apenas um percentual de 30%. Nós não estamos aqui para ocupar percentual, nós estamos para ocupar espaços de igualdade.

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