SAÚDE
Pandemia tem contribuído para aumento da insônia
Por Vitor Castro*

Profissionais que atuam na área da saúde mental têm observado aumento dos quadros de insônia e ansiedade durante a pandemia. Apesar de ainda não haver estudos divulgados sobre o assunto, psicólogos e psiquiatras acreditam que a alteração brusca na rotina, além do excesso de notícias sobre a Covid-19, tem levado a alterações no sono, elemento essencial para uma boa qualidade de vida.
Desde o fim de março, a engenheira e bióloga Laira Maissa já viveu episódios de insônia, algo incomum na sua rotina. Em um deles, após uma viagem de 10 horas para encontrar o companheiro, ela sentiu falta de ar, um dos sintomas da Covid-19. “Acho que isso estava tão forte no meu inconsciente que acabei sentindo fisicamente. Pouco tempo depois que falei para meu marido, ele também começou a sentir, mas parei, respirei e me acalmei”, contou. Atualmente, Laira tem apostado em práticas relaxantes como o cultivo da horta, meditação e observar a fonte que tem em casa que ajudam a ter um sono tranquilo.
De acordo com a psiquiatra Lívia Castelo, novos hábitos alimentares, ausência de atividades físicas interferem no ciclo biológico do indivíduo. “Tem sido muito comum nos estudantes por não terem mais hora certa para dormir e acordar. Além da mudança da rotina, há também um estresse por conta das notícias das mortes, o medo de se contaminar, do desemprego, da dificuldade financeira”, disse.
De acordo com a profissional, para tentar regular o sono a pessoa pode evitar alimentação pesada, o consumo da cafeína próximo a hora de dormir, além do uso de aparelhos eletrônicos como o celular e a televisão duas horas antes de deitar.
Os profissionais da área ressaltam que uma qualidade ruim do sono pode resultar em quadros mais graves de ansiedade, depressão obesidade e hipertensão, além de outras doenças clínicas.
O psicólogo Eli Samuel ressalta a importância de se procurar auxílio profissional para lidar com as dificuldades trazidas pela nova realidade e explica que sintomas como taquicardia, angústia e falta de ar podem indicar quadros de ansiedade potencializados pela falta de um bom sono.
“Pesquisas já apontam que um dos principais tratamentos para a insônia é a terapia cognitiva comportamental. Com o acompanhamento psicológico, é possível saber o que mantém a insônia independente da causa. Atuando nos fatores de manutenção, será possível tratar a insônia”, disse.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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