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TECNOLOGIA

Terapia transcateter da válvula tricúspide evita morte prematura

Distúrbio da válvula tricúspide considerado “inocente” pode reduzir sobrevida do paciente se não tratado

Por Jane Fernandes

06/03/2023 - 9:59 h
Dr. Rodrigo Morel coordena a cardiologia do Hospital São Rafael
Dr. Rodrigo Morel coordena a cardiologia do Hospital São Rafael -

Um novo tratamento para problemas cardíacos foi realizado pela primeira vez na Bahia no mês passado, no Hospital São Rafael Rede D’Or. Denominado de terapia transcateter da válvula tricúspide, o procedimento ocorreu em uma paciente de 84 anos, que apresentava cansaço intenso e acúmulo de líquido no corpo e já teve melhora dos sintomas apresentados nos primeiros dias após a intervenção.

Um procedimento percutâneo, no qual o acesso aos órgãos é feito por meio de punção na pele, a terapia transcateter da válvula tricúspide ainda tem caráter experimental e a realização na Bahia foi a segunda de todo o Norte-Nordeste, segundo informado pela Rede D’Or.

“Nos últimos dez anos nós conseguimos evoluir muito no tratamento percutâneo, ou seja, sem precisar fazer a cirurgia aberta cardíaca tradicional, na válvula mitral e na válvula aórtica, contudo, ainda não tínhamos tratamento percutâneo para a válvula tricúspide”, explica o coordenador do serviço de cardiologia do Hospital São Rafael, Rodrigo Morel.

A intervenção

A válvula tricúspide é responsável por levar o sangue do átrio direito para o ventrículo direito, impedido que esse sangue retorne do ventrículo para o átrio. “É uma válvula unidirecional”, enfatiza o cardiologista. “Quando essa válvula está insuficiente, o sangue retorna, causando os sintomas no paciente”, acrescenta.

Os sintomas mais importantes provocados pelo funcionamento inadequado dessa válvula são o inchaço corporal - devido ao acúmulo de líquido, atingindo principalmente pernas e abdômen -, falta de ar e cansaço, elenca Morel. A depender do quadro é possível tratar apenas com medicamentos, mas existem pacientes refratários, para os quais a terapia com utilização do sistema TricValve oferece uma nova alternativa.

Morel esclarece que a cirurgia tradicional é intervenção prioritária quando a pessoa não consegue resultados com o tratamento medicamentoso e a terapia transcateter é mais indicada para pessoas com saúde mais frágil, para as quais a cirurgia aberta pode ser muito agressiva.

“É uma tecnologia que ainda está em desenvolvimento, uma tecnologia muito recente ainda no meio médico, então precisa de uma seleção de caso muito cuidadosa, e exige o envolvimento da equipe multidisciplinar, de cardiologista, cardiologista intervencionista, ecocardiografista para tomar essa decisão”, argumenta o coordenador.

A realização do procedimento pioneiro na Bahia envolveu as equipes de cardiologia, hemodinâmica e ecocardiografia, e durou cerca de uma hora, com uso de anestesia local e sedação leve. Após a terapia transcateter da válvula tricúspide, que consiste no implante de próteses valvadas na veia cava superior e veia cava inferior através de um cateter colocado pela veia profunda, a paciente recebeu alta em três dias.

Melhora na saúde

Doutor em Medicina e professor da Universidade Federal Fluminense, o cardiologista Ronaldo Gismondi explica, em artigo publicado no PebMed, que o olhar sobre a insuficiência da válvula tricúspide mudou ao longo do tempo. Também chamado de regurgitação da tricúspide, o distúrbio no seu funcionamento já foi considerado “inocente”, mas atualmente está claro que deixar a condição sem tratamento reduz a sobrevida do paciente.

Em outro artigo do PebMed, Gismondi esclarece que a insuficiência da tricúspide é dividida em primária, quando a lesão é no próprio aparelho valvar, e secundária, quando ocorre por dilatação do ventrículo direito e/ou hipertensão pulmonar. “As formas secundárias são disparadamente mais comuns (90% ou mais), em geral associadas à insuficiência cardíaca do lado esquerdo do coração. Das formas primárias, a lesão reumática e a degeneração/calcificação, são as mais prevalentes”, escreveu.

Não há dados de prevalência dessa insuficiência na população brasileira, nem sobre as causas mais comuns no país, mas Gismondi cita um estudo holandês com mil pacientes diagnosticados encontrou 94,6% com a disfunção secundária e 5,4% com a primária. No primeiro grupo, as causas mais comuns era doença valvar à esquerda (62%) e insuficiência cardíaca (22%), com menos de 2% deles apresentando hipertensão pulmonar.

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