FUTURO
Educadores apostam na aprendizagem com o auxílio do metaverso
Especialistas avaliam que, apesar de difícil, é possível integrar a tecnologia ao ensino
Por Matheus Calmon
![Educação precisará se adaptar à tecnologia para facilitar a aprendizagem](https://cdn.atarde.com.br/img/Artigo-Destaque/1200000/1200x720/Artigo-Destaque_01208636_00-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F1200000%2FArtigo-Destaque_01208636_00.jpg%3Fxid%3D5584960%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1739252901&xid=5584960)
Quando se fala em tecnologia, é comum pensar em ferramentas, como serviços de streaming, drones, impressoras 3D, computadores e smartphones, além de outras ferramentas. Dificilmente, no entanto, estas são incluídas na educação com a mesma agilidade em que se popularizam na sociedade. Agora, educadores têm à frente um novo desafio: usar o metaverso a favor do ensino.
Especialistas avaliam que, apesar de difícil, é possível, e avaliam que a inovação pedagógica pode trazer muitas contribuições ao processo educativo. Com o metaverso, o ensino híbrido combinará o ambiente físico e o online, possibilitando que alunos e professores sejam transportados a diversos lugares.
O que é o metaverso?
Antes, é necessário entender do que se trata esta nova tecnologia. Nova, aliás, é sua popularização. Em 1992, o escritor Neal Stephenson, autor do romance Snow Crash, usou o termo para tratar de um entregador de pizza que vivia um samurai em um universo imaginário, chamado multiverso.
![Com o metaverso, o ensino híbrido combinará o ambiente físico e o online](https://cdn.atarde.com.br/img/inline/1200000/724x0/inline_01208636_00-1.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2Finline%2F1200000%2Finline_01208636_00.png%3Fxid%3D5584964&xid=5584964)
Há cerca de um ano, quando Mark Zuckerberg anunciou que o Facebook mudaria de nome para Meta, visando o metaverso, os olhares se voltaram para esta tecnologia, considerada integrante do movimento web 3.0, que relaciona os mundos físico e virtual.
"O metaverso é a possibilidade de você estar em espaços físicos existentes virtualmente. É o encontro do mundo virtual com o mundo físico, de forma real. De forma virtual, você conseguir estar em mais de um lugar", explica Camila Silveira, especialista em evolução empreendedora e marketing digital.
![Camila Silveira ressalta que 'provas' não associadas ao metaverso já estão presentes há algum tempo na sociedade](https://cdn.atarde.com.br/img/inline/1200000/724x0/inline_01208636_01-1.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2Finline%2F1200000%2Finline_01208636_01.jpg%3Fxid%3D5584965&xid=5584965)
Segundo ela, a tecnologia permite que, usando meios e ferramentas, as pessoas consigam se encontrar sem, necessariamente, precisar viajar. "Isso acaba sendo extremamente utilizado em várias áreas. Temos a previsão de que, até 2028, 70% das empresas usarão algo associado ao metaverso em suas funções".
O metaverso é o encontro do mundo virtual com o mundo físico, de forma real
Camila ressalta que, apesar da maioria considerar novidade, 'provas' não associadas ao metaverso já estão presentes há algum tempo na sociedade. "Não associamos ao metaverso, mas a uma evolução tecnológica. Hoje, por exemplo, conseguimos visitar imóveis com óculos 3D sem precisar me deslocar a cada casa".
Segundo ela, a chegada de novas ferramentas que pretendem facilitar a vida das pessoas faz parte de uma evolução acelerada pela pandemia. O processo, pontua Camila, não tem volta.
"As coisas parecem muito distantes mas, se pararmos para olhar por outra ótica, trazendo o passado para o presente e pensando no guia que usávamos no trânsito, não o preferimos ao GPS. Já é algo ultrapassado. Nas próximas gerações, fazer compras presencialmente em mercados já poderá ser algo ultrapassado, pois estamos entre algumas pessoas que fazem isso, e outras não".
Empresas que saíram na frente
De olho neste futuro, empresas já tomaram decisões que engatinham na adesão ao metaverso. A Renner, em 2021, foi a primeira varejista de moda brasileira a entrar no jogo Fortnite, com a Renner Play. Neste ano, ela também foi pioneira no país a realizar um desfile totalmente digital, que poderia ser assistido com o uso de óculos de realidade virtual.
A Epic Games, desenvolvedora do Fortnite, anunciou investimento de US$ 1 bilhão de dólares para bancar sua visão para a construção do Metaverso. No jogo, inclusive, já houve apresentações de filmes e shows. Em agosto do ano passado, Ariana Grande foi a atração principal da Turnê da Fenda e se apresentou, de forma virtual, para 1 milhão de pessoas.
Mas como a educação imerge nestas novidades? O professor José Motta Filho, especialista em Principles of Technology e mestre em Tecnologias Emergentes em Educação, ressalta que alguns elementos que pertencem ao metaverso já vêm sendo usados em alguns lugares do mundo, incluindo no Brasil, para que alunos tenham alguns tipos de experiências diferentes de aprendizagem.
Ele frisa que ainda levará tempo para que a educação adote a tecnologia de forma massiva, devido aos custos demandados para o desenvolvimento. O professor pontua que é preciso estar atento a falsas promessas de imersão no metaverso.
"Temos que ter cuidado, pois uma coisa é estar diante da tela de um tablet ou notebook e interagir nesse mundo diferente, outra coisa é colocar um óculos de realidade virtual por vários minutos ou horas. Acredito que, em um futuro muito próximo, as instituições de ensino vão começar a adotar essas pílulas de elementos do metaverso para que componham o material do professor e do aluno".
Motta pontua que há futuristas com a previsão de que será possível se matricular em um curso e se encontrar em sala de aula com pessoas do mundo inteiro para ouvir professores de onde quer que estejam. "Quando isso acontecer, a gente poderá entender que o metaverso está chegando, realmente, na educação. Acredito que teremos muitas novidades, muita coisa legal acontecendo mas, no momento, o mundo inteiro está amadurecendo para o uso disso de forma massiva na educação", pontua.
Acredito que em um futuro muito próximo as instituições de ensino vão começar a adotar essas pílulas de elementos do metaverso
E a aprendizagem?
Segundo a neurociência, a aprendizagem acontece a partir de experiências, que podem ser assistir a uma aula, um vídeo, uma palestra ou ler um livro.
"Quando o professor está dando uma aula, explicando algo, está acessando o cérebro do aluno, a cognição, e tanto eu quanto você, enquanto o professor explica, tentamos encaixar aquelas peças. A gente faz associações, que é como o ser humano consegue aprender. Só que não adianta somente ficar ouvindo alguém falar, é preciso agir, isso se chama interatividade", explica o professor.
![José Motta conta que as possibilidades de aprendizagem serão infinitas](https://cdn.atarde.com.br/img/inline/1200000/724x0/inline_01208636_02-1.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2Finline%2F1200000%2Finline_01208636_02.jpg%3Fxid%3D5584966&xid=5584966)
Para viabilizar esta experiência ao aluno, no entanto, o professor vai precisar passar por uma reformulação sobre a educação atual para, em seguida, promover ao aluno estas ferramentas. Ele conta que as possibilidades de aprendizagem serão infinitas. "Um professor de História falando sobre o Egito coloca à disposição dos alunos vários óculos para viajar ao país, para ver lá as pirâmides, esfinge, Rio Nilo... será uma experiência diferente de simplesmente o professor mostrando 'fotinha' no quadro ou passando um filme sobre o Egito".
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