TURISMO
Andaraí, um dos caminhos do garimpo
Por JORNAL A TARDE
Cidade colonial fica bem mais perto de atrações como o Poço Azul e as ruínas da antiga Igatu
Silvia Maria Nascimento
Um vale exuberante, no semi-árido nordestino, a leste da Chapada Diamantina, é o berço da cidade de Andaraí. Os primeiros habitantes foram os índios cariris, que deram o nome ao lugar, uma corruptela de andira-y ou rio dos morcegos, na linguagem deles, o tupi-guarany. Referiam-se, então, aos mamíferos moradores das muitas grutas dos paredões de pedra da região. Aos índios, seguiram-se os remanescentes dos quilombos de Tupim e de Orobo.
Localizada ao lado do Rio Paraguaçu, a cidade foi fundada em 1845 pelo capitão Joaquim de Figueiredo, que migrou de Minas Gerais em busca de diamantes. A população hoje é formada por descendentes dos escravos, dos garimpeiros e das famílias tradicionais que surgiram com as riquezas das pedras. A arquitetura colonial ainda pode ser observada em casarões da fase de opulência durante o século XIX. Cidade tombada como patrimônio histórico, tem a vantagem de estar mais próxima das atrações da Chapada.
Vale do paty O charme de Andaraí está a 12 km de distância da sua sede. Trata-se do distrito de Igatu, a cidade das pedras. Um caminho de pedestres liga Andaraí a Igatu. São 7 km em uma subida calçada de pedras, caminho usado pelos garimpeiros no passado.
A trilha do Vale do Paty está a apenas 18 km de Andaraí. Encravada entre as serras do Rio Preto e do Ramalho, a trilha passa por paisagens exuberantes, com vistas panorâmicas de Andaraí, da Serra do Sincorá e do Rio Paraguaçu. Outra atração próxima é a área alagadiça dos Marimbus, o pantanal da Chapada, que está em sua melhor época para passeios de barco.
Histórias da cidade das pedras
A localidade pertence ao município de Andaraí e está no meio do caminho entre Lençóis e Mucugê. Distrito de Xique-Xique de Igatu, ou Cidade das Pedras, fica a 113 km de Lençóis, e a 12 km de Andaraí. Foi base de garimpeiros e comerciantes que transitavam entre Andaraí e Mucugê durante o Ciclo do Diamante. Xique-Xique teria sido o apelido do primeiro garimpeiro que chegou ao local. Igatu, nome adotado em seguida, quer dizer águas boas.
A vila chegou a ter cerca de 5 mil habitantes, que lá chegaram atraídos pela produção de diamante e ouro. Com o declínio da economia, a cidade foi abandonada e parcialmente destruída pelos que ainda tinham a esperança de encontrar algum resquício da riqueza. Toda construída em pedras e lajedos (casas, muros e ruas), a vila lembra as aldeias medievais de Portugal e Espanha. As ruínas são suas principais atrações e a localidade já é descrita como a versão brasileira de Macchu Picchu, a cidade inca localizada no Peru.
Igatu hoje tem cerca de 400 habitantes. Dispõe de pouca infra-estrutura turística, mas tem pousadas e restaurantes. Percorrer suas ruas e conhecer as tocas de garimpeiros que os moradores transformaram em casas são as atrações da vila. Não deixe de fazer a trilha a pé margeando o Rio Xique-Xique, considerada uma das mais bonitas da Chapada, com duração de duas horas. As bases para a visita a Igatu também podem ser os municípios de Andaraí e Mucugê.
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