SEM PÂNICO
Especialistas explicam cuidados com medusas no mar de Salvador
Casos de dermatite do traje de banho foram registrados na capital baiana
Por Madson Souza
Três casos de dermatite do traje de banho foram notificados em Salvador entre os dias 10 e 13 de janeiro pelo Núcleo de Epidemiologia das Unidades de Pronto Atendimento (NEPAS). Por isso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) divulgou um alerta epidemiológico sobre o assunto. A doença é conhecida pelo surguimento de carocinhos vermelhos na região coberta por roupas de pessoas que entraram no mar. Dermatologista e biólogo explicam que os sintomas causados pelo contato com as medusas (espécies de larvas de águas-vivas) não é motivo para pânico.
É preciso explicar que a dermatite do traje de banho não é causada por águas-vivas. O responsável por tais carocinhos são as medusas, criaturas com tamanho máximo de dois centímetros de altura e um centímetro e meio de largura. Elas são transparentes e não são capazes de nadar sozinhas, apenas são guiadas pelas correntes marítimas. O diretor do instituto de biologia da UFBA, Francisco Kelmo, explica como funciona o contágio.
“Quando a pessoa está na água o bichinho pode entrar e ficar preso dentro da roupa ou nos pelos, se a pessoa for peluda, ou no couro cabeludo. Da mesma forma que a areia entra. O que acontece é que ela se sente ameaçada porque deixa de estar no seu ambiente natural, então libera a toxina que causa a urticária, a dermatite. As pessoas começam a se coçar e as toxinas vão se espalhar mais, porque as células que não tinham se rompido vão se romper”. Ou seja, a reação alérgica acontece porque o animal libera toxinas para se defender quando se sente ameaçado.
Mas isso não é motivo para cancelar o verão de acordo com a médica dermatologista e professora de Dermatologia da UFBA, Ana Lísia Giudice. Os tais carocinhos vermelhos que costumam causar coceiras costumam desaparecer sozinhos após uma ou duas semanas. A primeira recomendação da dermatologista é não coçar, já que o ato pode causar pequenas aberturas e facilitar a vida de bactérias que podem causar infecções. Outros sintomas possíveis, mas bastante raros, são: febre, calafrio, dor de cabeça e fraqueza. Nesses casos mais graves o profissional de saúde pode prescrever medicamentos para diminuir a reação inflamatória, conforme a professora.
A recomendação da dermatlogista é de que a pessoa visite o médico ao notar algo diferente, porque a dermatite do traje de banho se assemelha a outras reações que podem acontecer no ambiente de praia. A indicação para a visita a um profissional é reforçada no caso de pessoas com mais de 65 anos ou com menos de cinco. Conforme Fancisco Kelmo existem poucos casos estudados da doença, porque as pessoas costumam se recuperar sozinhas, sem ir ao médico.
Os carocinhos costumam levar até 24 horas para aparecer. A partir do momento em que aparecem, alguns cuidados podem ser tomados. “Assim que chegar em casa jogar álcool, se não tiver álcool e estiver coçando muito passe vinagre e busque um atendimento médico”, afirma Kelmo. Já Ana Lísia oferece cuidados preventivos. “Assim que tirar a criança do mar, retire a camisa dela e pode jogar até água salgada no corpo, sem a camisa, dá uma secada e coloca uma outra camisa seca. Vale para criança e adulto também”. A recomendação é de que a roupa que foi usada para nadar seja lavada com água morna.
Entre tantas precauções vale ressaltar que a dermatite do traje de banho, como apontado por Francisco Kelmo, não oferece risco de morte ou coisas mais sérias para adolescentes e adultos. Já a demartologista reforça que não há motivo para pânico e que dá para continuar curtindo a prainha que o verão tanto pede. “Tem que usufruir da sua praia, do seu lazer, de forma tranquila, se protegendo do sol, com seu protetor, sua camisa de proteção, e se observar nesse período de verão. É um período que a gente geralmente expõe mais a pele, usa mais roupas mais cavadas, então tem que estar atento ao surgimento de alguma lesão, que esteja ali incomodando, coçando, ou alguma mancha nova”.
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