VESTIBULAR
Baianos contam como é estudar longe de casa
Por Nelson Barros Neto
Tá batendo um medinho mas, em compensação, estou com muita expectativa. As palavras são da estudante Marcela Alvarez que, mesmo tendo acabado de concluir o ensino médio, não se inscreveu no vestibular da Universidade Federal da Bahia [Ufba]. Aos 17 anos, ela decidiu morar longe de casa para fazer o curso de publicidade em São Paulo. A partir do dia 5 de fevereiro, Marcela será uma das calouras da Escola Superior de Propaganda e Marketing [ESPM].
Ela está empolgada com o início das aulas numa instituição voltada especificamente para publicidade e marketing. "É uma escola com tradição na área. Os alunos têm a oportunidade de estagiar desde o terceiro ano do curso. A faculdade tem convênio com várias multinacionais com sede em São Paulo, conta
O fato de a Ufba não ter uma graduação em publicidade facilitou na hora de convencer os pais: Todo mudo fala que vai ser horrível, que vou ficar sozinha, mas eu sempre quis ir para lá.
Saudade Uma situação parecida com a de Marcela foi experimentada há quatro anos por Maíra Mendes, 22, quando ela deixou Salvador rumo à Universidade de São Paulo [USP]. A idéia era morar em outra cidade e estudar biologia numa instituição com ampla infra-estrutura.
Maíra já pensou em desistir, volta e meia reclama da saudade e do alto custo de vida na maior cidade do Brasil, mas agora, ao final do curso, garante que faria tudo de novo. Moro numa república de estudantes. É sempre difícil fechar as contas no fim do mês, mas acho que o curso é muito bom. A USP tem uma estrutura gigantesca, especialmente em laboratórios.
Quem também partiu para estudar fora do Estado foi a baiana Andréa Mangabeira, 18, aluna do 4º semestre de letras na Universidade Estadual da Campinas [Unicamp]. No início, parecia que a vida tinha virado uma festa liberdade para chegar e sair na hora que quisesse, nada de cobrança em relação aos estudos, ninguém para dizer como as coisas deveriam ser feitas. Até bater a saudade e as primeiras dificuldades aparecerem. "Aí é preciso ter um grande senso de responsabilidade porque todos esperam muito de você".
Para ela tem sido fundamental estudar numa instituição que investe em seus alunos. "O custo da alimentação aqui é baixíssimo. A Unicamp promove intercâmbio com estudantes de outros países, temos assistência médica gratuita e somos encaminhados para estágios. Tudo isso conta para quem está longe de casa".
Emprego garantido Único baiano aprovado no vestibular 2006 do Instituto Tecnológico de Aeronáutica [ITA], Frederico Friydman, 19, acredita que estudar numa das instituições mais respeitadas do País aumenta as chances de conseguir emprego e independência.
De férias em Salvador após um ano em São José dos Campos [SP], ele diz que se acostumou a morar sozinho e confirma a fama do ITA de exigir bastante dos alunos. Para se tornar um engenheiro capaz de construir aeronaves, a rotina de estudos é intensa. Só tenho duas tardes livres por semana. Teve uma vez que fiquei três ou quatro noites sem dormir, estudando matemática, física, química, desenho, oficina mecânica e programação.
Já para Flávio Amaral, 21, não foi tão fácil se acostumar a morar longe de casa e se adaptar à nova realidade em Minas Gerais, onde está há quase quatro anos. Depois de perder no vestibular da Ufba, ele fez a prova para a Universidade Federal de Viçosa e acabou gostando. Viçosa é uma cidade universitária, então tudo no lugar está direcionado para a instituição. Estudo e lazer são conciliados. Existe por aqui uma certa rotina de estudo, e não há como fugir dela.
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