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Fotobiografia trata de vida e obra de Clarice Lispector

Por Daniela Castro

07/05/2008 - 9:22 h | Atualizada em 07/05/2008 - 9:34



É difícil decidir se Clarice fotobiografia contribui mais para revelar faces desconhecidas da escritora Clarice Lispector ou para acentuar o mistério que paira sobre sua figura. Este ir e vir é uma constante para o leitor que se dispõe a desbravar as 652 páginas do livro organizado por Nádia Battella Gotlib, que se impõe entre as biografias dedicadas à autora de Laços de Família e A Paixão Segundo G.H., 31 anos após sua morte.



A responsável pela garimpagem, que durou cerca de sete anos e resultou em mais de 800 imagens, foi a primeira a saber que a obra provocaria essa sensação. “De um lado, reforça certos ângulos já registrados pela crítica. Um deles é a solidão de Clarice. Ainda que a escritora apareça em grupo, com outras pessoas, em muitas delas ela parece estar só. E a solidão é uma marca de suas personagens”, considera Nádia.



“Por outro lado, cada imagem tem condição de acrescentar novos dados de análise, crítica e interpretação, a partir de simples detalhes: um olhar, um gesto, um lugar, um objeto, uma situação”, acrescenta.



A afirmação vem de alguém que percorre os sinuosos caminhos da obra de Clarice Lispector desde a década de 80, quando começou a dar cursos de graduação e pós-graduação especificamente sobre o assunto, na Universidade de São Paulo (USP). De lá para cá, escrever artigos, orientar teses e dissertações e participar de reuniões científicas virou rotina, até desembocar numa tese de livre-docência, defendida também na USP, em 1993.



Dois anos mais tarde, parte da tese servia de matéria-prima para Clarice, uma vida que se conta (Ática), livro que ganhou edição espanhola no ano passado e será reeditado este ano pela Editora da USP. “Nesse livro reuni cerca de 50 imagens. A fotobiografia é uma espécie de continuação desse caderno de fotos, a que acrescentei muitas outras, que fui guardando ao longo do tempo”, explica Nádia.



TRABALHO DE DETETIVE – Dar continuidade à missão exigiu sair à cata de amigos, parentes, colegas de escola, vizinhos de rua e outras pessoas que conviveram com Clarice Lispector e com seu marido, o diplomata Maury Gurgel Valente. Esse “trabalho de detetive” também não podia prescindir de uma pesquisa in loco, por isso Ucrânia, Itália, Suíça, Inglaterra e Estados Unidos foram incluídos no roteiro de viagens de Nádia Gotlib Battella.



Ela também percorreu arquivos de bibliotecas, hemerotecas e museus das cidade brasileiras de Maceió, Recife e Rio de Janeiro, em busca de documentos que ajudassem a contextualizar a trajetória da biografada.



“Quanto às fotos, além das que se encontram depositadas na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, e as que pertencem a acervos pessoais de parentes da escritora e amigos e a inúmeros acervos institucionais do Brasil e de outros países, acabei encontrando fotos em lugares inusitados”, pontua a organizadora, lembrando que encontrou registros até no arquivo do Ministério do Exército – uma foto de Clarice Lispector em Nápoles, durante a Segunda Grande Guerra, época em que o marido servia como vice-cônsul do Brasil.



INENARRÁVEL – Além de fotografias, correspondências e capas de livros também recheiam Clarice fotobiografia. Um sabor especial fica por conta das cópias de documentos e anotações feitas à mão, em caligrafia que está longe de ser das mais bonitas. “No que escrevo só me interessa encontrar meu timbre. Meu timbre de vida”, lê-se num desses manuscritos, que tornam difícil a tarefa de virar a página.



Organizado em ordem cronológica, o material visual se apóia em legendas explicativas concisas. Na parte final do livro, 163 páginas foram reservadas pela organizadora para comentários mais aprofundados, com direito a uma cronologia detalhada de vida e da obra de Clarice Lispector.



Mas a especialista não ousa sugerir que fez um trabalho completo. “Clarice dizia que a vida é inenarrável. Concordo. Nunca se pode registrar na totalidade nada. Muito menos uma vida. Muito menos uma história de vida e obra. Fiz uma seleção, em função de um olhar. O meu. Haverá sempre outros modos de se ver Clarice”, sintetiza.

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