Ufba: Para candidata, camisa de cursinho intimida

No colégio Iceia, no Barbalho, muitos candidatos usavam camisas de cursinhos famosos. Para Barbara Alexandrina da Silva, 20, que tenta uma vaga no curso de secretariado executivo, essa é mais uma estratégia para intimidar os concorrentes. "Para que vir vestido com camisa de cursinho de grife? Só pode ser para deixar os outros com medo. Mas isso de cursinho não tem muito a ver. O cara pode estar lá pagando muito e não prestar atenção nas aulas".



Luzimar Leite Pinheiro, 18, que tenta uma vaga no concorridíssimo curso de medicina (31,4 c/v), foi uma das candidatas a usar blusa de cursinho. "Ganhei a camisa e resolvi usar, só isso", disse a garota, desconversando. Luzimar, que se inscreveu como cotista, disse estar tranqüila. "Estudei muito, dei meu máximo. Estou com a consciência limpa", disse, esbanjando confiança no vestibular de estréia.



Quem também estava fazendo vestibular pela primeira vez, e não se deixou abater pelas "camisas de cursinhos", foi Izis Santiago, 23, que quer ser museóloga. Apesar da pouca idade, Izis já tem dois filhos e não fez vestibular antes porque estava esperando os meninos crescerem. O mais velho já tem oito anos.



Antes que alguém pense que ela optou por museologia por causa da baixa concorrência, ela vai logo avisando: "Sempre me interessei por artes. Pesquisei muito sobre o curso e sobre o mercado em Salvador, onde existem muitos museus".



Ambulantes reclamam do movimento



Apesar de estarem promovendo suas vendas no Iceia, que reúne o maior número de vestibulandos do Estado (1.900, no total), os ambulantes reclamaram do movimento.



Paulo Lima Oliveira, que habitualmente trabalha como ambulante na frente do Iceia, estava vendendo água a R$ 1. "O movimento está mais ou menos. Outros vestibulares já foram melhores", disse, atribuindo o pequeno lucro ao aumento do número de "concorrentes" no ramo.



"Olha a água, olha a água", berrava a concorrente de Paulo, Ivone Pereira dos Santos, para chamar a atenção dos candidatos. Ela trabalha há 20 anos na frente do Iceia, comandando com a irmã um carrinho de cachorro-quente. "Hoje o movimento tá fraco. Esperava vender mais, pela quantiade de candidatos que tem aqui. É a situação do País que está complicada", especulou.



Com informações de Nelson Barros Neto