ENTREVISTA
Cineasta baiano detalha processo de criação de documentário
Cineinsite A TARDE conversou com o cineasta Tiago Abubakir sobre o filme
Por Edvaldo Sales
Nascido em Salvador, o estudante de Publicidade e Propaganda, e cineasta autônomo, Tiago Abubakir, vai lançar o documentário “Belov: uma vida no mar” em breve. Inicialmente, o curta, que é a primeira experiência do soteropolitano como documentarista, será lançado no circuito de festivais e mostras de cinema.
O Cineinsite A TARDE conversou com Abubakir sobre o desenvolvimento do filme. Segundo ele, a ideia inicial do documentário surgiu ainda no final de 2022, quando ele e um amigo elaboraram o conceito sobre o projeto depois de uma visita ao Museu do Mar, na capital baiana. Lá, eles fizeram o levantamento dos aspectos mais importantes da vida e da carreira do navegador Aleixo Belov.
“Antes do surgimento da ideia sobre o documentário biográfico, as vivências de Aleixo Belov já participavam dos meus planos como parte de uma proposta muito diferente. Luiz Humberto Campos, meu amigo, tinha esboçado o argumento de um documentário sobre a tensão na Ucrânia, um pouco antes da guerra com a Rússia eclodir. Eu já conhecia Belov e a sua história enquanto imigrante de guerra ucraniano e, por isso, sugeri incluí-lo no documentário como um dos entrevistados principais”, contou.
No entanto, o conflito armado começou e a dupla chegou à conclusão de que a produção de um documentário sobre um evento tão recente, ainda sem desfecho, seria descabida. “Alguns meses depois, Campos e sua família visitaram o Museu do Mar. Nessa ocasião, ele teve um insight, e me contactou, propondo a execução de um filme sobre a história de vida do comandante Belov”.
A ideia do curta documentário surgiu ao final de 2022, quando, durante uma ida especial ao museu, realizamos o levantamento dos aspectos mais interessantes em evidência e, prontamente, elaboramos o conceito do filme. A ideia era expor a biografia do maior navegador do Brasil - do seu nascimento até a inauguração do museu. Em fevereiro do ano seguinte, realizamos a gravação de uma entrevista com o próprio Belov.
Abubakir disse que, desse momento em diante, o maior desafio, para ele, “enquanto diretor, produtor, co-argumentista, editor, editor VFX e pesquisador, foi criar uma obra verdadeiramente cinematográfica a partir de uma entrevista que poderia ter servido para diversos propósitos. Para isso, foi preciso definir um cerne para o filme, realizar um minucioso trabalho de pesquisa, organizar o material à disposição de forma narrativa e, sobretudo, projetar uma visão artística que acionasse a carga dramática do filme”.
Normalmente, para se fazer um documentário é necessário lidar com arquivos e fazer decupagens. Sobre esse processo, Abubakir destacou que a “Fundação Aleixo Belov preserva um acervo riquíssimo de fotos, vídeos, reportagens, e tudo que você puder imaginar”.
“Grande parte dessa riqueza se deve ao trabalho do fotógrafo e videógrafo Leonardo Papini, responsável pelos registros espetaculares das três últimas expedições do veleiro-escola ‘Fraternidade’. Não foi fácil entender, examinar e selecionar o material necessário à produção do documentário - principalmente, com relação aos primeiros anos de vida do comandante Belov”, continuou.
“A decupagem foi, com toda a certeza, uma das tarefas mais difíceis de todo o meu trabalho. Outro desafio foi organizar as falas de Aleixo de forma narrativa, criando uma linha de pensamento fluida, orgânica e, no entanto, dinâmica, que engajasse o espectador a nível cinematográfico, e que se adequasse à proposta do curta. O ritmo também é um fator determinante na constituição da atmosfera e do tom da obra. E tive que me atentar a isso durante todo o processo”, explicou.
Essa é a minha primeira experiência de Tiago Abubakir como documentarista. “Foi muito desafiador. Nunca tinha feito nada parecido antes. Mas sempre cultivei uma fixação pelo audiovisual. E não só como entusiasta”. Recentemente, o joven concluiu um curso de edição da Academia Internacional de Cinema (AIC-SP). Além disso, desde 2017, ela atua como produtor autônomo e freelancer. “Sempre busco trabalhar com projetos de temática singular, e gosto de me envolver em todos os estágios de produção, embora meu enfoque seja a pós-produção”, disse.
O curta, a princípio, será lançado no circuito de festivais e mostras de cinema de diversos países. “Estou animado para iniciar a campanha de divulgação e lançamento. A previsão é que uma estreia local aconteça no meio do ano, mas ainda estamos definindo a data exata. Muito em breve, vamos divulgar informações mais detalhadas sobre isso”, completou.
Além de cumprir com o viés informativo, intrínseco a uma obra documental, a obra preza pelo envolvimento do público mediante o manuseio sofisticado da linguagem cinematográfica. Acredito que esse seja um dos atrativos centrais do curta.
Assista ao trailer do documentário:
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