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CineFuturo começa na terça com homenagem a Federico Fellini
Por Adalberto Meireles

Um festival de cinema em que a discussão, o debate (com mesas-redondas e diálogos), é tão importante quanto a exibição de filmes. Depois de um hiato de dois anos, volta à cena, a partir da tarde desta terça-feira, 16, o CineFuturo - IX Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, que homenageia Federico Fellini. Uma retrospectiva do cineasta italiano e as mostras internacional, de curtas em competição e da European Film Academy - EFA, além de um passeio pelas adaptações de peças de William Shakespeare, integram a programação.
A presença do cineasta morto em 1993 permeia todo o festival, que começa com a exibição do curta Unfinished Fellini, de Marco Bertozzi, uma evocação poética da obra do autor de Amarcord (1973), e a mesa-redonda Delírios de Fellini, no Teatro Castro Alves. Os Boas-Vidas (1953), o filme que definiu o universo felliniano, dá início à retrospectiva, na Sala Walter da Silveira. E na Fundação João Fernandes da Cunha, Julio Cesar (1953), de Joseph Mankiewicz, inaugura a conexão entre o cinema e a obra do bardo inglês.
"É um formato diferente, juntando quem pensa e quem faz cinema", afirma José Walter Lima, diretor geral do CineFuturo. Além da mesa dedicada ao diretor italiano e a Shakespeare, serão debatidos Cinema e Ativismo e O Cinema Argentino Contemporâneo, que volta à discussão no diálogo O Segredo do Cinema Argentino. "Queremos entender este processo, como é que funciona lá. Filmes de baixo custo, de qualidade que alcançaram o mercado internacional. Por que o Brasil não consegue mais?", afirma Walter.
Interface importante são as relações entre Cinema e Pintura, outro diálogo que traz a Salvador o cineasta, diretor de teatro, roteirista, escritor e pintor polonês Lech Majewski. Conhecido, dentre outras, pela experiência radical de recriar o quadro A Procissão para o Calvário (1564), de Pieter Brugel (1525-1569), em O Moinho e a Cruz (2011), ele também é convidado da mesa sobre Fellini, tem a produção de videoarte apresentada diariamente no foyer do TCA e exibe seu último filme, Onírica, com inspiração em A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Os diálogos prosseguem em torno do Cinema Novo e a Mapa Filmes e Políticas Públicas para o Audiovisual.
De Oliver Stone será exibido Meu Amigo Hugo (2013), documentário que reúne depoimentos da família, amigos, intelectuais e políticos em torno da figura de Hugo Chavez, o presidente da Venezuela que morreu em 2013. Stone dirigiu também Ao Sul da Fronteira (2009), outro documentário que tem Chavez como carro-chefe. Por ocasião do lançamento de Meu Amigo naquele país, no ano passado, o cineasta norte-mericano disse a um programa de televisão que o homenageado tinha um belo espírito de serviço ao povo.
Espionagem
Citizenfour (2014), de Laura Poitras, que ganhou o Oscar este ano, é um documentário sobre a figura de Edward Snowden, ex-agente da CIA que divulgou detalhes do sistema de espionagem norte-americano. Surgiu quando Poitras fazia pesquisa para um filme sobre abusos de segurança nacional depois do 11 de Setembro.
Ela recebeu e-mails de uma pessoa que se identificava como Citizenfour, dispondo-se a denunciar segredos do sistema de inteligência. Viajou então a Hong Kong, com o advogado Glenn Greenwald, onde encontrou Snowden.
O CineFuturo prossegue até domingo, 31, sob o signo da ideia, do pensamento e do debate. Reúne em uma mesma tela trabalhos tão díspares (ou não) como Sonnet Project (2013), de Ross Williams, o diretor artístico do projeto em questão que também estará em Salvador participando da mesa sobre Shakespeare, e Máscara da Traição (1969), thriller do baiano Roberto Pires com Tarcísio Meira, Glória Menezes e Cláudio Marzo em um triângulo que envolve arte e sedução.
Debates
Além de Lech Majewski, participam da mesa-redonda Delírio de Fellini, mediada pelo professor da Facom/Ufba Mohamed Bamba, os professores Giacomo Manzoli, da Universidade de Bolonha, e Mariarosaria Fabris (USP). Na quarta-feira, Majewsi participa de Cinema e Pintura, com Denise Lopes (PUC-Rio).
No mesmo dia, Ross Williams, fundador do NY Shakespeare Exchange, debate O Cinema em Shakespeare, com Shane Beaux, dramaturgo do NYSE; Mark Burnnet (Queen's University), e Marcel Veira (UFBP), com mediação de Décio Torres (Uneb e Ufba).
Em Cinema Argentino Contemporâneo estão diretora Sabrina Farji, o roteirista e produtor Jan Pablo Domenech e a presidente do INCC de Buenos Aires, Maria Lucrécia, mediados pela psicanalista Marcela Antelo. A escritora e atriz Marcela Guerty e Domenech dialogam sobre O Segredo do Cinema Argentino.
Já em Cinema e Ativismo entram em debate com Ivana Bentes,a secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, Pablo Capilé, do Mídia Ninja, e o cineasta Fábio Di Rocha, mediados pelo jornalista Pedro Caribé.
O poeta Fernando da Rocha Peres e o cineasta Zelito Viana conversam sobre Cinema Novo e Mapa Filmes. E o Encontro de Políticas Públicas para Audiovisual reúne o ministro da Cultura, Juca Ferreira; o diretor da Ancine, Manoel Rangel; o secretário do Audiovisual, Pola Ribeiro; o secretário de Cultura, Jorge Portugal, Alfredo Manevy (SPcine) e Mariana Ribas (RioFilme).
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