Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > a tarde + > CINEINSITE
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

CINEINSITE

Filme com Anthony Hopkins aborda dilemas sociais nos EUA dos anos 1980

“Armageddon Time” é obra clássica de amadurecimento que possui forte subtexto racial

Rafael Carvalho | Crítico de cinema

Por Rafael Carvalho | Crítico de cinema

31/10/2022 - 15:21 h
Filme exibido na Mostra de Cinema de São Paulo é uma história de formação e amadurecimento
Filme exibido na Mostra de Cinema de São Paulo é uma história de formação e amadurecimento -

Nos Estados Unidos do nascer dos anos 1980, o jovem Paul (Banks Repeta) cresce em uma família judia em meio à Guerra Fria e às portas da eleição do republicano e conservador Ronald Reagan. “Armageddon Time”, filme do aclamado cineasta norte-americano James Gray, exibido na Mostra de Cinema de São Paulo, é uma história de formação e amadurecimento conduzida com classe e apuro técnico.

Paul é um garoto esperto, um tanto atrevido e questionador, mas em certa medida gentil. É sob seu olhar que o filme registra uma época de mudanças na sociedade americana e faz isso questionando certos valores morais que serão postos no caminho do personagem. Logo de início, vemos o garoto começando as aulas em uma escola pública, dada a condição financeira emergente de sua família – imigrantes poloneses que vieram fugidos da ameaça nazista tempos atrás.

Tudo sobre CINEINSITE em primeira mão!
Entre no canal do WhatsApp.

Ali na escola, Paul constrói uma amizade com Jhonny (Jaylin Webb), um garoto negro de uma família muito humilde. É o tipo de amizade aparentemente improvável, mas que ganha corpo pela união espontânea dos dois, já que ambos sofrem bullying no colégio. É claro que por motivos diferentes, já que a questão racial impacta mais a vida de Jhonny. O filme observa essa relação com apreço e simpatia, mas sem deixar de sublinhar as brutais diferenças sociais que existem entre eles.

Enquanto crescem os embates ideológicos e comportamentais de Paul com seus pais (vividos por Anne Hathaway e Jeremy Strong), o garoto desenvolve laços muito fortes com seu avô, interpretado pelo grande Anthony Hopkins. O patriarca da família parece ser a única pessoa que Paul escuta na sua sanha rebelde de questionar certas moralidades de uma sociedade prestes a entrar em um momento de maior conservadorismo com a chegada de Reagan ao poder.

Imagem ilustrativa da imagem Filme com Anthony Hopkins aborda dilemas sociais nos EUA dos anos 1980
| Foto: Divulgação

Este é certamente o filme mais político de James Gray. Seus dramas intimistas já foram mais intensos, em filmes anteriores como “Amantes” e “Ad Astra”, enquanto “Armageddon Time” possui uma estrutura mais clássica e uma cadência mais branda, mas nem por isso deixa de ser uma obra menor do cineasta. Gray usa a história de Paul – que se mistura às suas próprias lembranças quando criança – para observar um ponto de virada de uma sociedade e suas desigualdades latentes. É o retrato de uma época, um filme de formação, mas sobretudo um peça moral sobre os valores que queremos construir como coletivo social.

O peso da guerra

Outro retrato de juventude, dessa vez mais brutal e inserido em um contexto totalmente diverso, é apresentado no drama de guerra “Nada de Novo no Front”. A obra é dirigida pelo cineasta alemão Edward Berger e, produzida pela Netflix, já está disponível na plataforma de streaming.

O filme é mais uma adaptação do aclamado livro homônimo escrito por Erich Maria Remarque no final dos anos 1920 sobre a Primeira Guerra Mundial – a obra já tinha ganhado uma ótima adaptação para o cinema com o filme norte-americano de Lewis Milestone, em 1930. Esta nova versão é uma bela e portentosa revisita ao material original que coloca em xeque os valores da guerra, sobretudo em relação à vida dos jovens.

É bastante conhecido o fato de que muitos alemães, a maioria deles adolescentes que mal tinham terminado seus estudos, alistaram-se no exército com muita empolgação e vontade de lutar pela pátria. Imaturos, mal sabiam eles dos horrores e provações que teriam de sofrer nas trincheiras. É com essa animação que Paul (Felix Kammerer) e seus amigos se alistam – ele chega a falsificar a assinatura dos pais para poder se apresentar ao exército, à revelia da família, num arroubo de malandragem adolescente que lhe custaria muito caro.

“Nada de Novo no Front” é um filme muito eficiente ao retratar, de um lado, essa sanha juvenil que vai dando lugar ao sofrimento e à destruição do sonho patriótico, e do outro, os esforços oficiais para se encerrar aquele conflito que estava levando a Alemanha à bancarrota, além da perda de milhões de vidas dos soldados.

O ator Daniel Brhül vive um político alemão que tenta negociar o armistício com o lado francês, na corrida contra o tempo para que a carnificina não seja maior. Mas o grande destaque do filme fica por conta de Paul e de seu brutal amadurecimento diante dos horrores da guerra.

*O jornalista viajou com apoio da organização do evento.

Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.

Participe também do nosso canal no WhatsApp.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas

A tarde play
Filme exibido na Mostra de Cinema de São Paulo é uma história de formação e amadurecimento
Play

Websérie explora cultura ancestral de aldeia Xukuru-Kariri

Filme exibido na Mostra de Cinema de São Paulo é uma história de formação e amadurecimento
Play

Filme do Mamonas Assassinas está disponível; saiba onde assistir

Filme exibido na Mostra de Cinema de São Paulo é uma história de formação e amadurecimento
Play

Última temporada de "Dom" chega ao Prime: "Intensa e visceral"

Filme exibido na Mostra de Cinema de São Paulo é uma história de formação e amadurecimento
Play

Aviões do Forró rouba a cena no Festival de Cannes; assista

x