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Filme 'Porta dos Fundos - Contrato Vitalício' ri de si mesmo
Por Rafael Carvalho | Especial para A TARDE

Não há como negar o enorme sucesso que a trupe do "Porta dos Fundos" angariou a partir do trabalho feito na web com a série de esquetes de humor inteligente e sagaz. Eles realmente estabeleceram outro padrão de qualidade para esse tipo de produto, sendo copiado por muitos outros canais e perfis.
Não ia demorar muito para investirem no cinema, dado o boom de comédias que nutre parte significativa do cinema brasileiro que atrai público atualmente. A escolha para essa primeira investida é um trabalho de metalinguagem, que faz de "Porta dos Fundos - Contrato Vitalício" um filme que ri de si mesmo.
Na trama, o famoso ator Rodrigo Assis (Fábio Porchat) reencontra um antigo amigo e parceiro criativo, o diretor Miguel (Gregório Duvivier). Em uma noite de bebedeira, os dois assinaram em um guardanapo um contrato vitalício, que obriga Rodrigo a fazer todos os filmes de Miguel. Agora, o diretor inventou uma história estapafúrdia de invasão alienígena - segundo ele real - e Rodrigo terá que protagonizar a história.
O desafio do longa
Reunindo grande parte da trupe já notória da web e dirigido por Ian SBF, o mesmo que comanda os esquetes na internet, Contrato Vitalício busca preservar o mesmo tipo de comédia pelo qual eles são conhecidos, mas agora tendo o desafio de sustentar um filme de uma hora e quarenta.
Apesar do processo criativo aparentar ser muito homogêneo, Contrato Vitalício, ao menos, não se parece com uma série de esquetes encadeados. O filme mantém um desenvolvimento de história e personagens que sustentam um longa-metragem.
Nem sempre o humor é o mais sagaz, de fazer gargalhar. É preciso, portanto, não esperar um filme que seja um mero repeteco dos vídeos do YouTube. Às vezes soa até mesmo exagerado, o que tira um pouco da graça advinda da sutileza. Mas o bom-humor reina no filme e certamente não desagradará a fãs.
Reunião da firma
Se a ideia é alongar a narrativa, Contrato Vitalício abre espaço para uma série de personagens excêntricos, muitos deles interpretados por quem já se distanciou do "Porta dos Fundos". Júlia Rabelo está de volta no papel da preparadora de elenco inspirada em Fátima Toledo. Também Marcos Veras retorna fazendo uma caricatura de jornalista de fofocas da Tititi.
Dos rostos novos, Thati Lopes reprisa personagem da vlogueira viciada no Snapchat, namorada do ator Rodrigo Assis. Já Rafael Portugal assume o estranho personagem de vilão do filme dentro do filme.
São tipos que não surpreendem, interpretados pelos atores que já viveram esses mesmos papéis ou personagens parecidos na web, o que remete o filme ao produto feito para a internet. É o caso do mendigo vivido por João Vicente de Castro ou o detetive linha dura de Antonio Tabet. E claro que não poderia faltar a participação de Totoro como o figurante apaixonado pelo personagem de Porchat, o que rende uma cena hilária entre os dois.
Mundo das celebridades
Para ironizar o universo do entretenimento, o filme dispara uma série de referências cômicas a celebridades. O produtor interpretado por Luis Lobianco, por exemplo, conversa o tempo todo ao telefone, citando pessoas como Wolf [Maia], Denis [Carvalho], Malvino [Salvador], como se fossem amigos íntimos.
Da participação relâmpago de Xuxa à aparição de Sergio Malandro, passando por uma entrevista de Miguel no programa de Marília Gabriela, o filme consegue tirar sarro do mundo dos famosos, o que sempre agrada o público espectador que reconhece essas citações. Sem apelar para o chulo, Contrato Vitalício sabe rir de si mesmo, mas leva muito a sério o humor como marca de esperteza.
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