CINEINSITE
Filme sobre Helena Ignez compõe a seleção do Olhar de Cinema
Por Rafael Carvalho | Especial para A TARDE

Já consolidado como um dos festivais de cinema mais interessantes e aguardados do ano, o Olhar de Cinema lança agora a programação da sua 8ª edição. Num ano em que os eventos e a própria produção nacional correm sérios riscos de perderem apoio financeiro do Estado, o Olhar se mantém firme – apesar de todas as dificuldades – no intuito de promover uma programação variada, arrojada e atenta ao que de mais instigante tem sido feito no Brasil e no mundo.
O anúncio da mostra competitiva aconteceu ontem, e como sempre mistura filmes nacionais e internacionais. Três longas brasileiros estão na disputa, entre eles o filme da diretora baiana Letícia Simões, “Casa”. Também concorrem os longas “Chão”, de Camila Freitas, e “Diz a Ela que me Viu Chorar”, de Maíra Bühler.
Outro filme de destaque é “A Mulher da Luz Própria”, sobre a atriz, diretora e ativista baiana Helena Ignez, filme dirigido por sua filha, Sinai Sganzerla. O projeto parte das memórias da artista que reconta sua vida e trajetória, ela que manteve parcerias frutíeras com diretores como Glauber Rocha, Rogério Sganzerla, Julio Bressane, e chega até o momento atual em que ela investe com mais afinco na direção cinematográfica.
Dentro da mostra Olhares Brasil, dedicada a filmes que já passaram por outros eventos de cinema, destacam-se as produções baianas “Ilha”, longa-metragem dirigido por Glenda Nicácio e Ary Rosa, e o curta “Um Ensaio Sobre a Ausência”, de David Aynan.
Clássicos
Além da competitiva, o Olhar de Cinema sempre homenageia um grande nome da sétima arte. Este ano, luzes serão postas sobre a obra do diretor nascido no Chile e radicado na França, Raúl Ruiz. Com uma vasta obra, o festival escolheu fazer um recorte e pensar a obra do artista a partir da perspectiva do exílio, uma vez que o próprio cineasta teve que deixar o país natal por conta da ascensão do regime ditatorial de Augusto Pinochet no Chile.
Na França, realizou uma série de filmes e impulsionou seu nome como um dos cineastas mais inventivos da segunda metade do século passado. Serão exibidos filmes como “Três Tristes Tigres” (1968), seu primeiro longa-metragem, rodado ainda no Cilhe e finalizado na França; “A Hipótese do Quadro Roubado” (1978); “As Três Coroas do Marinheiro” (1983) e alguns outros.
Nessa mesma esteira, filmes de importantes cineastas brasileiros feitos no exílio, durante a Ditadura Militar, também compõem a mostra, tais como “O Leão de Sete Cabeças” (1970), de Glauber Rocha; “Mueda, Memória e Massacre” (1979), de Ruy Guerra; e “Memórias de um Estrangulador de Loiras” (1971), de Júlio Bressane.
O festival também reserva espaço cativo para uma seleção de clássicos atemporais do cinema mundial, filmes de grandes cineastas que serão exibidos em cópias restauradas. Compõem essa mostra obras como “Cantando na Chuva” (1978), de Gene Kelly; “Os Renegados” (1985), da cineasta belga Agnès Varda, falecida há pouquíssimo tempo; “O Conformista” (1970), do italiano Bernardo Bertolucci; “Conhecendo o Grande e Vasto Mundo” (1978), da diretora soviética Kira Muratova.
O Olhar de Cinema acontece entre os dias 5 e 13 de junho, em Curitiba. A TARDE fará cobertura do evento.
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