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Julianne Moore chega às telas em "Para Sempre Alice"

Publicado quinta-feira, 12 de março de 2015 às 10:43 h | Atualizado em 12/03/2015, 10:43 | Autor: Adalberto Meireles
Para Sempre Alice - Julianne Moore - Cinema - Filme
Para Sempre Alice - Julianne Moore - Cinema - Filme -

Pelo menos uma certeza pairava em torno da cerimônia do Oscar antes mesmo da premiação do último 22 de fevereiro: dificilmente a estatueta de melhor atriz escaparia das mãos de Julianne Moore pelo papel da professora de linguística Alice Howland, diagnosticada com Alzheimer aos 50 anos de idade em "Para Sempre Alice".

As demais candidatas, fora Marion Cotillard em "Dois Dias, Uma Noite", dos irmãos Dardenne, não lhe faziam sombra. Felicity Jones, por "A Teoria de Tudo", Rosamund Pike, estrela de "Garota Exemplar", e Reese Witherspoon, em Livre, pareciam que figuravam entre as indicadas  apenas para constar.

Somente a própria Julianne poderia fazer frente a si mesma, se indicada pelo papel da atriz atormentada Avana Segrand em "Mapas para as Estrelas", do canadense David Cronenberg, com que foi premiada no Festival de Cannes do ano passado.

Mas Cronenberg, cujo filme está programado para estrear no próximo dia 19, é outra história. Seu cinema desagregador, sua especulação sombria e depravada em torno das figuras que orbitam o star system, passa ao largo dos interesses da Academia.

Dificilmente ele seria lembrado em qualquer categoria. A Julianne Moore, uma atriz de muitos instrumentos, coube, portanto, o que convinha dentro da engrenagem que alimenta a indústria hollywoodiana e  encanta o público mundo afora.

Depois de estrelar, sem grande brilho, o thriller Sem Escalas, em 2014,  e figurar ao lado de Jennifer Lawrence no papel da presidente Alma Coin no blockbuster "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1", de Francis Lawrence, ela está de volta no papel de uma bruxa no massacrado "O Sétimo Filho", de Sergey Bodrov, ao lado de Jeff Bridges.

O filme também estreia hoje e parece fazer valer a máxima de Clarice Lispector, para quem, se existe tempo para tudo, "há também a hora do lixo". Nos próximos meses, Moore estará de volta no drama lésbico Freeheld e na continuação de Jogos Vorazes.

Versátil

A atriz trafega tão bem entre os cults e independentes quanto no mainstream. O desabrochar não poderia ser melhor, ao lado de nomes como Robert Altman (Short Cuts, 1993), Louis Malle (Tio Vanya em Nova York, 1994) e Paul Thomas Anderson (Boogie Nights, 1997, e Magnólia, 1999).

Fez filmes como "Hannibal" (Ridley Scott, 2001), em que retoma o papel original de Jodie Foster em "O Silêncio dos Inocentes" (Jonathan Demme, 1991) e "Carrie" (Kimberly Peirce, 2013), resgatando a célebre Margaret White de Piper Laurie do primeiro lançado em 1976 por Brian De Palma.

Andou em meio ao turbilhão que pavimenta o caminho das estrelas, com várias indicações ao Oscar, até chegar a "Para Sempre Alice" e "Mapas para as Estrelas".

Filme sobre o final de linha, o momento de imposição, quando a vida nos prega uma peça, "Para Sempre Alice", de Richard Glatzer e Wash Westmoreland,  é elementar em meio à evolução do cinema intimista clássico hollywoodiano. Tudo soa em seu lugar, sem brilhantismo.

Os diretores se amparam em uma narrativa sóbria e ressaltam os clichês familiares, como as celebrações e as diferenças entre irmãos e pais e filhos, para fazer um drama solar totalmente identificado com a presença de Julianne Moore, que em nada na vida de Alice Howland, lembrando o poeta, exagera ou exclui.

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