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"Mãe Só Há Uma é um filme mais provocativo", diz Muylaert

Por Adalberto Meireles | Divulgação

21/07/2016 - 7:30 h
Anna Muylaert
Anna Muylaert -

Um ano depois de lançar Que Horas Ela Volta?, premiado no festival de Berlim e em Sundance, Anna Muylaert estreia Mãe Só Há Uma, filme inspirado livremente no caso Pedrinho, menino sequestrado em uma maternidade de Brasília nos anos 1980.

Diretora de Durval Discos (2002) e É Proibido Fumar (2009), ela incluiu no roteiro a discussão sobre questões de identidade e de gênero como resultado da constatação de que hoje os jovens estão mais fluidos, fora das ideias e dos rótulos.

Em entrevista exclusiva, ela fala sobre o que a motivou a fazer o filme, questões como ter liberdade para ousar e o que aproxima seu novo trabalho do anterior.

P - Mãe Só Há Uma você fez logo a seguir a Que Horas Ela Volta. Mas o filme tem um recorte mais simples. Qual a sua expectativa em relação a esse novo trabalho?

Anna Muylaert - Que Horas Ela Volta? era um filme extremamente popular, tocava em temas que interessavam a todas as classes sociais. Esse, acho mais fechado, não é um filme popular. Pode até se tornar popular entre os jovens, mas é um filme que eu espero menos público do que o Que Horas.

P - Tenho aqui como orçamento R$ 4 milhões para Que Horas e R$ 1, 8 milhão para Mãe Só Há Uma. O valor foi determinante para esse corte simples?

AM - Menos. A gente fez Mãe com R$1, 2 milhão e mais R$ 300 mil para o lançamento. Eu não acho que Mãe é um filme mais simples, é um filme com menos dinheiro. Quando eu quis fazer esse filme eu quis esse dinheiro para eu poder ousar mais e tentar coisas que eu não poderia fazer num orçamento maior. Por exemplo, um elenco desconhecido, uma equipe menor, que eu possa ficar mais perto, onde cada um cumpra várias funções. A primeira ideia não era nem a história, mas um modo de produção mais leve, mais barato. Então, eu ganhei o edital do MinC (Ministério da Cultura) de baixo orçamento e fiz o filme como eu queria, com atores desconhecidos, uma temática mais ousada. Por exemplo, a câmara na mão, uma coisa que eu nunca tinha feito.

P - Como surgiu a ideia de Mãe Só Há Uma. Foi mesmo inspirado na história real de Pedrinho, que foi roubado da maternidade em Brasília nos anos 1980?

AM - Eu me inspirei livremente. Saí do drama dele, mas ali não é o Pedrinho.

P - A ousadia está também em uma mesma atriz (Dani Nefussi ) fazendo o papel das duas mães.

AM - É, justamente, eu me permitir essas ousadias, porque eu estava num orçamento menor. É um filme menos popular e mais complexo.

P - Os atores jovens estão convincentes. Fale como foi a preparação deles.

AM - A gente ensaiou bastante para deixar eles relaxados diante da câmera e não tentar compor nada diferente. É uma busca pela naturalidade.

P - Pierre/ Felipe (nomes do personagem), há algumas curiosidades em relação à sexualidade dele. Ele pinta as unhas, há uma transa com uma garota logo no início. Mas ele beija garotos em uma festa e um colega da banda de rock. Fale um pouco sobre essas questões de identidade e gênero.

AM - Quando eu voltei para a noite, depois de 20 anos em casa cuidando de filho, eu encontrei uma noite muito diferente do que conhecia. Hoje em dia os jovens são muito mais fluidos; ele não beija a menina... ele vai indo, ele vai jogando fora essas ideias e rótulos. Então, achei interessante e quis trazer isso para o filme como uma forma de deixar o personagem mais contemporâneo.

P - Pierre é meio como um 'parente' de Jessica (papel de Camila Márdila em Que Horas Ela Volta?), no sentido de que o garoto passa a questionar os valores daquela família burguesa com quem ele vai morar. Como vê isso?

AM - Eu acho que sim. A Jéssica é o personagem que eu mais trabalhei na vida e que eu mais costurei, mais procurei. Porque, inicialmente, no projeto, ela vinha para são Paulo atender ao pedido dos estereótipos da filha da empregada. Aí, conforme as coisas foram mudando no país, eu quis fazer ela não sucumbir e ser forte. Eu não sabia como. Eu demorei bastante para chegar ao que hoje parece uma solução óbvia. Jéssica é a primeira personagem em toda a minha cinematografia que reage. Porque você vê o Durval (de Durval Discos, 2002) ele está ali e sucumbe àquela mãe. A Glória Pires a Paulo Miklos em É Proibido Fumar (2009). A personagem de Chamada a Cobrar (2002) ao bandido. Jéssica é a primeira personagem minha que não sucumbe. E aí, claro, isso teve um forte impacto em mim. Quando eu cheguei no Pierre, ele também terminava para baixo na versão original. E aí eu pensei: não, vamos fazer ele mais rebelde. Acho que a Jéssica tem um efeito direto em cima da criação do personagem. Agora, em Que Horas, a protagonista é Val (Regina Casé), que segura a Bíblia da ordem vigente. E a Jéssica é o personagem vigente que quebra essa ordem. E aqui Pierre é o personagem que quebra. Eles podem ser parentes, mas estão em lugares muito diferentes dentro do filme. Eu acho o Mãe Só Há Uma muito mais provocativo.

P - Qual o seu próximo projeto?

AM - Agora estou precisando muito parar e descansar. Eu quase grudei um filme no outro. Estou preparando um filme que ainda não tem nem roteiro. Só as primeiras ideias. É um filme focado no machismo, no tema do machismo.

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