CINEINSITE JÁ VIU
Mesmo atrasado, The Flash faz DC correr de volta ao sucesso no cinema
Produção entra em cartaz nesta quinta-feira, 15; veja sessões
Por Bianca Carneiro
Integrante do panteão de heróis mais famoso da cultura pop, a Liga da Justiça, Flash finalmente ganhou a sua história solo no Universo Cinematográfico da DC, o DCU. A produção, que entra em cartaz nesta quinta-feira, 15, já conta com pré-estreias nesta quarta-feira, 14, e o Cineinsite A TARDE conferiu o longa na velocidade da luz.
Ironicamente, o longa sobre o homem mais rápido do mundo (desculpe, Superman!) chega bem atrasado aos cinemas, visto que foi anunciado em 2014 e estava previsto para 2018, o que o faria acompanhar a temporada de Batman vs Superman (2016) e das versões de Liga da Justiça (2017 e 2021). A relevância, em si, também é questionada, afinal todo o universo DC no audiovisual vai ser repaginado sob a liderança do diretor e roteirista James Gunn e o futuro do Velocista Escarlate ainda é incerto.
Além da pandemia de Covid-19, um fator ainda mais impactante para os atrasos foi a conduta pessoal do intérprete de Flash, Ezra Miller. O ator, que enfrenta problemas com a lei desde 2011, possui uma ficha criminal extensa que vai de agressão, passando por invasão de propriedade privada, a aliciamento de menores. A produção sofreu boicotes e mirou a incerteza sobre até que ponto a Warner iria querer associar um dos seus filmes de maior aposta à figura de Miller. Até falou-se em substituição.
Cinco anos depois da previsão oficial, Flash finalmente estreia e ainda com o mesmo intérprete. Para quem acompanhou o noticiário, é até um pouco difícil enxergar Miller com o heroísmo que o personagem pede no início, mas a sensação acaba se dispersando ao longo da narrativa que é de longe, uma das melhores da DC.
Adaptação da aclamada saga de HQs Ponto de Ignição (Flashpoint), o longa se passa após os eventos de Liga da Justiça, com o herói salvando vidas ao lado de Batman (Ben Affleck) e Mulher-Maravilha (Gal Gadot). Em meio a rotina agitada, ele ainda precisa provar a inocência de seu pai, Henry Allen (Ron Livingston), que foi preso anos atrás, acusado injustamente de assassinar a própria esposa, Nora Allen (Maribel Verdú).
Frustrado, Flash corre além da velocidade da luz e acaba percebendo que pode voltar no tempo e salvar a vida da mãe. O plano, claro, não vai dar muito certo, e ele vai acabar parando em um multiverso onde existe um outro Batman (Michael Keaton), e que o General Zod (Michael Shannon), uma ameaça alienígena de Krypton vista lá em Homem de Aço, está prestes a devastar a terra. Além disso, a Supergirl (Sasha Calle) desse lugar está enfraquecida porque foi aprisionada. Para completar, ainda há uma versão dele mesmo, mas sem poderes. E agora? Como consertar tudo isso?
Corrida contra o tempo
Os mais acostumados com o estilo de Zack Snyder vão perceber que a proposta de Andy Muschietti (It: A Coisa) é bem diferente. E isso é um ponto muito positivo para a produção, que é menos sombria, sem trilhas piegas e traz câmeras lentas em um nível aceitável. Há um frescor, misturado com muito humor, a marca registrada de Flash, e emoção.
Outro mérito é o de Ezra Miller, que abraça o personagem de maneira consciente e única, até nos momentos em que precisa espelhar o herói em suas duas versões. De volta ao manto de Batman, visto em filmes de 1989 e 1991, Michael Keaton mostrou que ainda possui o carisma necessário para viver o Homem-Morcego, em uma performance repleta de nuances. Aliás, a outra versão de Ben Affleck também vai bem, obrigado, chegando a superar o desempenho dos filmes anteriores do DCU nos quais ele esteve.
Já a Supergirl de Sasha Calle e o Zod de Michael Shannon, infelizmente, não foram tão bem aproveitados, algo negativo especialmente para Calle que era uma promessa de representatividade como a primeira Supergirl de ascendência latina dos cinemas. A sua Kara Zor-El merecia ter um desenvolvimento maior em tela. Iris West (Kiersey Clemons), interesse amoroso de Flash, é praticamente uma figurante no filme.
Na lista de defeitos, também não há como deixar de fora as falhas nos efeitos especiais, que não convencem nas cenas de mais ação, e principalmente na dimensão da Força da Aceleração. Em alguns momentos, ele chega a incomodar muito, deixando claro que Ezra não deve ter dado nem uma “corridinha” durante as sequências mais eufóricas e nas cenas de luta.
Mas ainda assim, o filme corre contra o tempo para uma narrativa tão grande como o Flashpoint e consegue entregar uma boa diversão. O roteiro é amarrado e coeso e os conceitos de multiverso e viagem no tempo conseguem fazer muito mais sentido do que os apresentados nas produções recentes da Marvel.
O terceiro ato, sobretudo, é uma verdadeira ode a nostalgia, uma declaração de amor às produções em live-action da DC e traz um final de explodir mentes. Os fãs mais ávidos da Liga da Justiça, e especialmente do Superman, vão correr para ver o longa. The Flash é, sem dúvida, um dos melhores filmes da DC.
Flash estará no novo DCU?
Repleto também de easter eggs e brincadeiras sobre possibilidades na DC, o final sentimental entrega já o tom de despedida para Flash. É difícil que Ezra Miller retorne ao papel, devido às polêmicas pessoais, e o futuro do herói no novo universo da DC esquematizado por James Gunn é bem incerto, tal qual uma corrida no tempo.
Em janeiro, o todo poderoso da DC Studios apresentou o esquema de retomada. Assim como na Marvel, o DCU também vai ser dividido em fases, ou melhor, Capítulos. O primeiro vai ser batizado de Deuses e Monstros e terá 10 projetos, entre filmes e séries, conectados entre si.
Estão na lista divulgada a animação Comando das Criaturas, uma série sobre Amanda Waller, um filme sobre o legado do Superman, uma série sobre os Lanternas Hal Jordan e John Stewart, um filme sobre a chamada Liga da Justiça cinzenta (Authority), uma série sobre a ilha de Themyscira antes do nascimento da Mulher-Maravilha, um filme sobre Batman e o filho, Damian Wayne, uma série sobre o controverso Gladiador Dourado, um filme sobre a Supergirl (que não se sabe se será a de Sasha) e um filme sobre o Monstro do Pântano.
Até o momento não foi feita nenhuma menção ao Flash. Mas dentro do ramo de blockbusters tudo é possível, especialmente, se houver apelo financeiro. O próprio James Gunn chegou a dizer para um internauta que ainda não anunciou nem a metade dos projetos da nova fase do universo cinematográfico.
E mais, de acordo com o The Wrap, a DC Studios pode sim dar uma sequência a The Flash, se o filme alcançar uma bilheteria com números próximos aos de Batman (2022): cerca de US$ 770 milhões.
Conforme o site especializado, caso The Flash consiga se aproximar desse montante, a sequência escrita por David Leslie Johnson-McGoldrick (Aquaman) será discutida pelos executivos da Warner e da DC Studios. Em entrevista ao podcast The Discourse, o diretor Andy Muschietti garantiu que, se for responsável pela sequência, irá vai manter Ezra Miller no papel do Velocista Escarlate.
“Se [uma sequência] acontecer, sim, [Ezra Miller continuará no papel]. Acho que não há ninguém que possa interpretar esse personagem tão bem quanto Ezra. As outras representações são ótimas, mas essa visão particular do personagem, Ezra simplesmente se destaca em fazê-la", afirmou. Resta saber se esse multiverso, de fato, vai ganhar vida.
Confira os horários das sessões de "The Flash" e de outros filmes, em Salvador e Lauro de Freitas, aqui.
Trailer
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