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CINEMA

'Mostra Ecofalante' traz a Salvador seleção de 33 filmes de 16 países

Com entrada franca, iniciativa traz a urgência de questões socioambientais, negras e indígenas

João Paulo Barreto  | Especial A TARDE

Por João Paulo Barreto | Especial A TARDE

12/04/2023 - 5:00 h
‘Amazônia, a Nova Minamata?’, do premiado documentarista Jorge Bodanzky
‘Amazônia, a Nova Minamata?’, do premiado documentarista Jorge Bodanzky -

Começa nesta quarta-feira, 12, e segue até o dia 23, no Cine Metha Glauber Rocha e na Sala Walter da Silveira, a edição 2023 da Mostra Ecofalante, principal festival de Cinema da América Latina com viés voltado para filmes de temática socioambiental.

Com cerimônia de abertura para convidados acontecendo no cinema da praça Castro Alves, o evento tem início às 18h30 e, em seguida, acontece a sessão aberta ao público do filme A Invenção do Outro, do cineasta Bruno Jorge, grande vencedor da edição do ano passado do Festival de Brasília, com os candangos de Melhor Filme, Fotografia, Montagem e Som. Presentes na ocasião, além de Bruno Jorge, estarão os realizadores Aurélio Michiles e Jorge Bodanzky, que vão apresentar, no decorrer do evento, os novos trabalhos, Segredos de Putumayo e Amazônia, A Nova Minamata?, respectivamente.

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A Ecofalante acontece pela primeira vez em Salvador dentro do formato oficial, e não somente como uma itinerância do evento. É uma oportunidade para a audiência cinéfila baiana ter acesso em primeira mão a vários filmes inéditos no estado. Além dos longas, o evento trará debates que vão acontecer na Sala Walter da Silveira, e, também, realizará sessões em instituições de ensino como a Ufba, Uneb, Ifba, UCSal, UFRB, Estácio e Unijorge. Após o dia 23, seguirá para cidades como Camaçari, Dias D’Ávila, Cachoeira e Cruz das Almas.

O idealizador e diretor-geral da mostra, Chico Guariba, explica a ideia de organizar a Ecofalante no estado: “Eu cheguei aqui para fazer uma itinerância da mostra. E daí, já na primeira viagem que fizemos, em dezembro do ano passado, entendemos, primeiro, a importância da Bahia. A importância do ponto vista cultural, social. A diversidade, a riqueza do território. Entendemos que não podia ser apenas uma itinerância da Mostra Ecofalante. A Bahia merecia ter a mostra. O Brasil deve muito à Bahia já há muito tempo e nessa eleição passada, eu nem vou falar. Devemos toda essa mudança de quadro, também, ao povo baiano. Percebi essa riqueza e falei: ‘Vamos fazer uma coisa na Bahia que não seja uma itinerância, mas que seja a própria Mostra Ecofalante acontecendo aqui’", relembra Guariba.

Assim, além dos filmes citados acima, o público presente no Glauber e na Sala Walter terá acesso a obras como Adeus, Capitão, mais recente trabalho de Vincent Carelli e Tita, que traz a história do "capitão" Krohokrenhum, líder do povo indígena Gavião Parkatêjê, que lutou por mais de 60 anos contra a exploração branca; Escrevendo com Fogo, filme da Índia, exibido no festival de Sundance, é dirigido por Rintu Thomas e Sushmit Ghosh e documenta o surgimento do primeiro e único jornal diário de noticias da Índia dirigido por mulheres. Outro destaque é o britânico A Máquina do Petróleo, filme de Emma Davie que aborda a dependência da humanidade para com combustíveis fosseis em tempos de um quase colapso ambiental. Ao todo, são 33 filmes oriundos de um total de 16 países.

Bodanzky

Um dos destaques citados, Amazônia, A Nova Miramata? é o mais recente trabalho do veterano cineasta Jorge Bodanzky, que estará presente para um debate no Cine Glauber amanhã, na sessão das 19h. Em conversa com A TARDE, o diretor do clássico Iracema - Uma Transa Amazônica (1975), falou sobre o filme que traz uma urgente denúncia sobre o uso do mercúrio no garimpo ilegal de ouro na Amazônia e como a toxicidade do material químico vem contaminando águas fluviais e peixes e colocando em risco a vida dos povos indígenas.

A Minamata do título vem da cidade japonesa cujos habitantes passaram por processo semelhante de envenenamento e sofrem com sequelas até os dias de hoje.

“Amazônia: A Nova Minamata? é uma consequência da série da Transamazônica (Uma Estrada para o Passado, lançada pelo documentarista em 2021). Foi enquanto eu estava filmando essa série que encontrei o Dr. Erik Jennings, que é o médico me contou essa história. Ele fez a comparação com Minamata e me chamou a atenção para isso. Eu achei o assunto tão importante, tão relevante, isso já tem uns quatro anos. Não se falava tanto nisso. Hoje em dia, todo mundo está falando sobre a questão do garimpo. Essa comparação com o que aconteceu em Minamata, eu acho muito importante porque a gente pode prever o futuro. Quer dizer, não adianta querer negar. Está aí o que acontece com o mercúrio. Essa foi a motivação do filme”, explica Bodanzky.

O documentário mostra o neurologista Erik Jennings tentando alertar os povos Munduruku quanto aos riscos atrelados ao uso do mercúrio no garimpo de ouro. Nas imagens, vemos o médico atendendo pacientes indígenas cujos filhos passam por sérios problemas de saúde oriundos da toxicidade existente nas águas e peixes da região.

Do mesmo modo, o filme aborda, em entrevistas locais no Japão, a atual situação das vítimas do mesmo tipo de contaminação que atingiu a baía local. Indo além, a obra traz um panorama completo da situação econômica daquelas pessoas que passam a depender do garimpo a ponto de defendê-lo, algo que gerou insegurança e colocou em risco a vida daqueles que registraram as imagens do documentário que agora é lançado.

“O risco era constante. Aquele momento que conseguimos filmar foi o mais visível desse risco”, relembra o diretor ao comentar uma cena crucial do filme no qual ouve-se o áudio captado de uma ameaça de morte contra a equipe.

“A ameaça é latente lá. Veja o que aconteceu com os dois jornalistas assassinados. Nessa viagem que o Dr. Erik fez e que a gente filmou, eu não estava presente. Ela aconteceu durante a pandemia. Foi uma tentativa de fazer o que eles chamam de devolução. De levar para as aldeias o resultado dos exames, o que não aconteceu naquele momento, só depois. Mas como não tinha lugar no avião do Erik, só mandamos o fotógrafo e a produtora. Então, foram eles quem sofreram isso. E o Maká (Paulo Gambale, diretor de Fotografia) teve a presença de espírito de deixar o celular ligado no bolso. Nós conseguimos a sonora dessa ameaça, que foi real. Foi realmente muito tenso”, salienta Jorge Bodanzky.

Homenagens

A Mostra Ecofalante apresentará, também, duas obras de Sarah Maldoror, considerada a mãe do cinema africano e a primeira mulher a dirigir um longa-metragem no continente. As sessões de Sambizanga (1972), clássico da diretora que mostra a libertação colonial de Angola e filme de estreia de Maldoror, bem como a de Uma Sobremesa para Constance (1980), acontecem no domingo, dia 16, a partir das 17h30, na Sala Walter da Silveira.

Outra gigante do cinema a ser homenageada pela mostra é a eterna dona Ruth de Souza, lendária atriz. O documentário Diálogos com Ruth de Souza, de Juliana Vicente, apresenta a trajetória da atriz de 98 anos em encontros com a jovem realizadora que fez deste o último trabalho da veterana dama do cinema e do teatro que, infelizmente, nos deixou em 2019.

Programação completa em ecofalante.org.br

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