CINEINSITE
Mostra MAR reúne filmes produzidos por mulheres

Por Caroline Magalhães*

Mulheres, ativismo e realização: é o que significa a sigla da Mostra MAR, evento que reúne a partir desta quarta-feira, 16, em Cachoeira, produções cinematográficas feitas por mulheres. Esta é a primeira edição do evento, que foi realizado pela produtora Mulher de Bigode.
A programação segue até domingo e trará exibições de filmes – dentre eles, 23 curtas –, rodas de conversa, performances artísticas e oficinas exclusivas para mulheres. Tudo isso de graça.
Mostra
O evento surge da necessidade de "fomentar o debate sobre gênero no cinema", nas palavras de Camila Andrade, uma das coordenadoras do evento. "Passamos por muitos festivais, nacionais e internacionais, e era muito difícil ver uma de nós neles", afirma.
O resultado é uma programação que tem como foco a visão feminina do cinema, atrás ou na frente das câmeras. "Existe, sim, um cinema feito da perspectiva da mulher. E a partir do momento em que escutamos essa outra voz, estamos possibilitando outros olhares", comenta Camila.
Para além da sétima arte, a Mostra MAR trará performances de artistas como Marie Thauront, Val Souza e Liz Under, que usarão recursos das artes visuais, dança e música em diferentes pontos de Cachoeira.
Já as oficinas acontecem durante toda a mostra, mas com inscrições prévias. Os temas variam entre a produção de roteiros, a relação entre cinema e educação e encontros voltados a meditação e a conversa.

Filmes
A maior parte das produções a serem exibidas são documentários, como é o caso de Chega de Fiu-Fiu, primeiro longa de Amanda Kamanchek Lemos e Fernanda Frazão. O filme, inspirado na campanha online de 2013, promove um diálogo sobre o assédio e a violência contra o corpo feminino.
"(O longa surge) do interesse em uma produção feita por mulheres e que tivesse como tema o enfrentamento à violência. Agora, no festival, será um grande momento, já que teremos a possibilidade de observar o impacto do filme", diz, referindo-se ao projeto Mulheres Itinerantes, que faz parte da mostra e levará algumas das obras para exibição em quilombos próximos a Cachoeira.
Outro exemplo é o documentário O Caso do Homem Errado, da gaúcha Camila de Moraes, que aborda o genocídio da população negra a partir do assassinato do operário Júlio César de Melo, em 1980. O filme está em cartaz nacionalmente – feito raro para mulheres no geral e ainda mais difícil para negras, como é o caso da diretora.
"Tentamos vender para distribuidoras, mas nenhuma quis. Foi difícil chegar ao circuito. Passar de cidade em cidade, divulgar, isso é penoso. Você tem que estar dentro de todo um parâmetro que, além de demorado, é caro", explica a cineasta.
A dificuldade na produção é reflexo de um cinema ainda pouco amigável às mulheres – e a Mostra MAR, em sua primeira edição, busca ser um espaço que combata isso.
>> MOSTRA MAR – MULHERES, ATIVISMO E REALIZAÇÃO / LOCAIS VARIADOS EM CACHOEIRA / QUARTA A DOMINGO / GRATUITA / PROGRAMAÇÃO EM marderealizadoras.com
*Sob a supervisão da editora Márcia Moreira
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