“Mudou a minha vida”, diz Fernando Meirelles sobre Cidade de Deus

Um dos nomes mais expressivos do cinema nacional, o diretor Fernando Meirelles foi homenageado pela CCXP22, nesta quinta-feira, 1º, primeiro dia do evento. O diretor, responsável por levar a arte brasileira para o mundo, foi ovacionado por milhares de pessoas na plateia da feira.

Uma das maiores obras de Fernando é o longa Cidade de Deus, que ganhou diversos prêmios internacionais e foi indicado ao Oscar nas categorias de melhor roteiro, edição, fotografia e também direção. O filme, lançado há 20 anos, também foi celebrado no evento, com a presença de parte do elenco e produção.

Com humor, Fernando conta que nunca mais assistiu ao filme, mas que a produção foi responsável por alavancar a sua carreira.

“Dei 180 entrevistas ao mundo inteiro, voltei de (Festival) Cannes com 14 propostas de roteiro para ler. Mudou a minha vida e foi algo totalmente inesperado”, afirmou o diretor.

Intérprete de Buscapé, Alexandre Rodrigues disse que é muito grato ao filme pela projeção que lhe deu. “Foi um grande start para minha vida. Não só na carreira profissional, mas na vida pessoal também”.

Emocionado, Seu Jorge, o Mané Galinha, foi às lágrimas ao dizer que aprendeu com o filme o que é representatividade. “Cidade de Deus é um filme muito importante para a reflexão sobre como se vive em situações difíceis, em comunidade (…) Abriu as portas para muitos artistas pretos entrarem no cinema”, afirma o cantor e ator.

"A coisa mais impactante para mim foi a reflexão que temos feito de 30 anos da vida, das pessoas, das favelas e comunidades. A gente aprende sobre sororidade, empatia olhar para o outro”, completou.

O artista surpreendeu ao público ao contar que, certa vez, na casa do músico Lenny Kravitz, o ator norte-americano Denzel Washington lhe confidenciou que já viu Cidade de Deus cinco vezes, e que o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, foi telespectador do longa em uma das ocasiões.

“Estava com um amigo, Lenny Kravitz, e ele virou para mim e perguntou: você sabe quantas vezes eu assisti Cidade de Deus? Cinco. E, em uma delas, Obama e Michelle estavam comigo. Você não sabia, mas eles te conhecem”, contou ele, aos risos.

Na quarta-feira, 30, a plataforma HBO Max autorizou o desenvolvimento da série CIDADE DE DEUS. A série funcionará como um pós-filme, mostrando onde os personagens estariam anos depois dos acontecimentos de 2002.

“Cidade de Deus é uma obra amada pelo público e trata de temas que, mesmo depois de 20 anos, ainda são extremamente relevantes tanto para os brasileiros quanto para a audiência de qualquer lugar do mundo. Por isso, estamos dando início ao desenvolvimento deste projeto, que, futuramente, pode sair do papel e se tornar uma impactante produção”, afirma Silvia Fu, diretora sênior de Conteúdo Script da Warner Bros Discovery no Brasil.

O desenvolvimento da série está aos cuidados de Fernando Meirelles, Andrea Barata Ribeiro e a equipe da O2 Filmes. O time de roteiristas é comandado pelo premiado Sérgio Machado e inclui Armando Praça, Renata Di Carmo, Estevão Ribeiro e Rodrigo Felha. Na direção, o comando fica nas mãos do baiano Aly Muritiba.

"A série revelará o que brotou daquela semente plantada nos anos em que o filme se passa. Depois que aqueles garotos dobram a esquina na cena final do filme, para onde foram e no que se transformaram?”, reflete Meirelles.

Outro projeto prestes a sair do papel é a adaptação da HQ O Cidadão Incomum, de Pedro Ivo, para a televisão. Este seria o primeiro trabalho do cineasta brasileiro indicado ao Oscar no universo de personagens poderosos.

Escrito por Pedro Ivo e publicado pela Editora Conrad, a obra conta a história de Caliel, ator iniciante de classe média, que tem a vida mudada drasticamente ao descobrir que pode voar.