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Opções para todos os gostos com nove estreias no cinema

Por Adalberto Meireles, jornalista e crítico de cinema

Uma semana com nove estreias: da fábula adolescente "Maze Runner - Correr ou Morrer", de Wes Ball, a "Um Milhão de Maneiras de Pegar Numa Pistola", que traz o diretor de "Ted", Seth MacFarlane, em uma paródia aos westerns, há opções para todos os gostos, ainda a conferir. Mas três títulos estão entre os filmes que certamente entrarão em destaque no balanço de final de ano: "Bem-vindo a Nova York", de Abel Ferrara, "Violette", de Martin Provost, e "Um Belo Domingo", de Nicole Garcia.
Em "Bem-vindo a Nova York", o diretor nova-iorquino conhecido pela verve corrosiva de filmes como "Vício Frenético" (1992) e "Olhos de Serpente" (1993), incursiona pelo universo de Mr. Devereaux, um poderoso banqueiro, interpretado por Gérard Depardieu, que se mete em encrenca durante visita de orgia a Nova York, acusado de estuprar a camareira do hotel em que ficou hospedado.
É notória a inspiração: em 2011, uma 'bomba' caiu sobre a cabeça do presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, também acusado de assediar a camareira de um hotel em Nova York, o que o fez se afastar do cargo e das urnas na disputa pela presidência da França, em 2012.
Mas o caso foi arquivado, porque a promotoria considerou a falta de consistência nas provas apresentadas contra ele.
Ferrara, que logo no início do filme explica em letreiros que se trata de ficção, distende o caso e joga Mr. Deveraux em uma roleta. Poucas vezes se viu no cinema um ator consagrado tão fundo e mergulhado quanto o Depardieu encarnado na vida do personagem.
Ficção, realidade, documentário, drama carcerário e fábula política de investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita estão ali embaralhados neste conto moral sobre o paraíso e o inferno aterrador.
De certo modo, podemos dizer o mesmo de Emmanuelle Devos e Sandrine Kiberlain em "Violette". O filme acompanha uma escritora em formação, sua vida tensa e conflituosa e a relação com a já consagrada Simone de Beauvoir, em trânsito num mundo literário habitado por nomes como Albert Camus, Jean Genet e Jean-Paul Sartre. Martin Provost, o diretor, se lança com determinação em uma história real.
E afasta-se dos cacoetes que impregnam as cinebiografias para fazer emergir da relação Violette-Leduc/Beauvoir-Kimberland um exercício vigoroso sobre o desenvolvimento de uma personalidade literária.
Em uma crônica bem menos trepidante, Nicole Garcia também expõe fraturas. "Um Belo Domingo" trata de relações a princípio circunstanciais, que envolvem o jovem e solitário professor interpretado por Pierre Rochefort, seu aluno negligenciado pelo pai e a mãe do menino, Louise Bourgoin, garçonete de um restaurante que vive em turras por conta de dívidas.
Garcia, atriz que se tem revelado há anos uma boa diretora, aqui compõe um relato singelo. Distingue o incidente do pertinente. Traz de volta Dominique Sanda, uma das musas do cinema italiano/italiano dos anos 1960/1970, interpretando a mãe de Rochefort e dizendo isso de modo sublime.
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