Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > a tarde + > CINEINSITE
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

CINEINSITE

Personagem de Antonio Tabet decepciona no longa-metragem Peçanha Contra o Animal

Por João Gabriel Veiga*

29/10/2021 - 6:07 h
Antônio Tabet (esq.): Peçanha, PM corrupto de Nova Iguaçu | Foto: Amazon Prime Video | Divulgação
Antônio Tabet (esq.): Peçanha, PM corrupto de Nova Iguaçu | Foto: Amazon Prime Video | Divulgação -

Em atividade desde 2012, o grupo humorístico Porta dos Fundos atingiu sucesso no YouTube com vídeos curtos que subvertiam as expectativas do público. Com títulos vagos e inusitados, suas sketches exploravam situações do cotidiano de maneira absurda, levando ao riso. Nove anos após, com seu segundo filme, o longa Peçanha Contra O Animal, a trupe segue subvertendo essas expectativas: dessa vez, surpreende ao falhar em conseguir gerar risadas.

Cinco anos após o fiasco de Contrato Vitalício, primeiro longa da equipe, o Porta dos Fundos decidiu retornar ao formato do longa tomando menos riscos. A trama gira ao redor do policial titular Peçanha, personagem conhecido por aqueles que ainda acompanham o canal do YouTube.

Um agente da lei politicamente incorreto, Peçanha se depara com um grande mistério quando surge um serial killer na cidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.

Peçanha Contra O Animal é um filme que não se leva nem um pouco a sério. Ao longo de sua investigação, o detetive encontra pessoas pitorescas que podem ser suspeitas ou não, e se envolve em situações tão estranhas quanto.

Essa odisseia é um paródia de incontáveis clichês do suspense policial, um gênero sisudo e cheio de marcas registradas. Tentativas de fazer graça em cima desse terreno fértil não faltam durante o longa, mas para realizar uma sátira humorística, é necessário ter ao menos um bom roteiro e boas piadas.

Antônio Tabet desponta (e também desaponta) como uma ameaça dupla: ator e roteirista. Seu roteiro é fraco em um nível básico de storytelling. O formato episódico pouco lembra a estrutura de uma narrativa de longa-metragem, se assemelhando mais a uma colagem de sketches descartadas. Personagens surgem e desaparecem na “trama” sem acrescentar nada ao mistério já desinteressante, gerando uma narrativa chata e que parece longa demais para seus curtos 67 minutos de duração.

Com caricaturas dotadas de apenas uma única piada, o elenco de apoio parece mais uma contagem dos membros do elenco do Portas dos Fundos que foram obrigados por contrato a fazer uma aparição especial.

As comparações pouco gentis ao canal virtual da trupe são acentuadas pela direção pouco inspirada de Vinicius Videla, que roda o longa em cenários de baixo-orçamento sem sequer tentar emular a cartilha visual do cinema de suspense. Visualmente, Peçanha Contra O Animal é uma agressão aos olhos do espectador.

Preservativo sujo

O fiasco técnico do filme em se estabelecer como um produto cinematográfico poderia ao menos ser atenuado, caso cumprisse sua premissa básica de ser uma comédia. No entanto, essa paródia policial é criminosamente sem graça, com um senso de humor duvidoso, de mau gosto e grosseiro. Peçanha Contra O Animal segue a escola da comédia que acredita que palavrões e gritos a cada frase são algum tipo de piada hilária, e segue essa fórmula à risca.

Esse humor grotesco leva o público a ser testemunha de situações vergonhosas, como a cena em que a perita criminal interpretada por Evelyn Castro adivinha características do serial killer de Nova Iguaçu a partir de um preservativo sujo. Juvenil como um garoto pré-adolescente que gargalha com piadas de arroto, Peçanha Contra O Animal é um filme presunçoso que parece acreditar ser mais ousado, inteligente e engraçado do que realmente é.

Parte do apelo do personagem titular é, supostamente, fazer uma crítica também ao machismo e corrupção de policiais como Peçanha. Graças à interpretação completamente antipática de Antonio Tabet, é impossível criar qualquer tipo de vínculo com o detetive. Nesse aspecto, Peçanha Contra O Animal tem êxito, mesmo que acidentalmente e de uma maneira que expõe mais uma de suas falhas. O roteiro não liga sinapses o bastante para tecer qualquer pensamento crítico, pelo contrário: estimula que o espectador desligue o cérebro e releve tudo que está assistindo.

Na tentativa de produzir uma comédia mais convencional e expandir a marca do Porta dos Fundos para o cinema, Peçanha Contra O Animal é um tiro no pé. O filme expõe um time criativo incapaz de funcionar num formato mais longo que cinco minutos, deixando à mostra o quão limitado, repetitivo e datado é o potencial cômico dos vídeos virais que dominaram a internet no início da década passada.

O Porta dos Fundos continua perdendo com um placar de dois a zero em sua empreitada no cinema, porém esse é um jogo sem vencedores, já que algum desavisado pode clicar acidentalmente para assistir Peçanha Contra O Animal no catálogo do Amazon Prime Video.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas

A tarde play
Antônio Tabet (esq.): Peçanha, PM corrupto de Nova Iguaçu | Foto: Amazon Prime Video | Divulgação
Play

Websérie explora cultura ancestral de aldeia Xukuru-Kariri

Antônio Tabet (esq.): Peçanha, PM corrupto de Nova Iguaçu | Foto: Amazon Prime Video | Divulgação
Play

Filme do Mamonas Assassinas está disponível; saiba onde assistir

Antônio Tabet (esq.): Peçanha, PM corrupto de Nova Iguaçu | Foto: Amazon Prime Video | Divulgação
Play

Última temporada de "Dom" chega ao Prime: "Intensa e visceral"

Antônio Tabet (esq.): Peçanha, PM corrupto de Nova Iguaçu | Foto: Amazon Prime Video | Divulgação
Play

Aviões do Forró rouba a cena no Festival de Cannes; assista

x