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Policial Nina, rodado na RMS, chegará às salas de cinema este mês

João Gabriel Veiga*

Por João Gabriel Veiga*

23/11/2021 - 6:04 h
Rodado em Lauro de Freitas, o policial Nina traz bons nomes no elenco e trama bem amarrada, mas enfrenta um mercado difícil | Foto: João Ramos | Divulgação
Rodado em Lauro de Freitas, o policial Nina traz bons nomes no elenco e trama bem amarrada, mas enfrenta um mercado difícil | Foto: João Ramos | Divulgação -

Rodado completamente em Lauro de Freitas, o filme Nina prepara voo para chegar às salas de todo o Brasil, com início de sua jornada na última quinta-feira, 18. Dirigido por Paulo Alcântara, o longa mostra uma face do cinema nacional que não costuma ser vista: a de filmes de gênero.

Classificado pelo cineasta como um thriller policial, a trama acompanha as jornadas frenéticas de um delegado acusado de assassinar sua esposa, e sua filha Nina, que lida com problemas graves de saúde e questiona a inocência do próprio pai. “A princípio, a gente queria filmar em Salvador, mas queríamos dar para a ambientação a cara de uma cidade menor. Queríamos que tivesse características daqui, mas que fosse um pouco menor, mais intimista”, explica Paulo.

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“No projeto inicial, a trama se passava em Ilhéus, mas ao poucos o projeto foi se desenvolvendo e optamos por filmar mais perto de Salvador. Fomos super bem acolhidos lá em Lauro, pelos órgãos e pelas pessoas”, conta.

O elenco de Nina surpreende o público não só com sua diversidade de rostos pouco e muito conhecidos, mas também pelos talentos ocultos de alguns de seus nomes. O diretor destaca Nelson Freitas, conhecido por sua atuação humorística, que interpreta o protagonista, o ambíguo delegado Valdir. “Eu fiquei um pouco receoso pela questão de Nelson ser muito conhecido pela comédia. Mas ao mesmo tempo, é um grande desafio, tanto para a gente da direção quanto para ele enquanto ator. Ele foi desafiado e cumpriu muito bem, mostrando outra faceta que não a da comédia, a do suspense, da ação. Ele me conta sempre que foi um grande desafio, mas é necessário mudar um pouco desse lugar-comum que a gente está acostumado”, conta o realizador.

Além de Nelson Freitas, um dos headliners da produção é o ator Marcos Pasquim, que Paulo descreve como grande ator. No entanto, o diretor fez questão de que, para além dos grandes nomes, outros novatos e rostos menos conhecidos, como a protagonista Raira Machado, aparecessem na tela. “A gente queria trabalhar com atores essencialmente da Bahia. Um filme da Bahia precisa de atores baianos. Foi uma experiência bem bacana, a gente agregou todo o elenco e foi bem interessante”, diz.

Como um suspense policial, Nina naturalmente traz em sua narrativa alguns temas mais sombrios e pesados. Um deles é a violência contra a mulher, uma temática delicada com a qual a produção se preocupou em retratar de forma respeitosa e apropriada. “Durante a preparação, o planejamento do filme, a gente teve muito cuidado de tocar em certos pontos. O roteiro original tinha algumas questões que, pra mim, como diretor, não estavam com uma abordagem legal. Quando discutimos essa temática, vamos aprendendo e vendo que algumas angulações não são muito boas. A gente vai construindo a forma de tratar esse assunto, para que fosse da forma mais natural possível”, relata.

“A gente não vai discutir nem fazer juízo de valor. O filme mostra a realidade, cabe ao público fazer as suas ponderações. O público é que vai dizer o que está certo e o que não está. A gente fala sobre a violência contra a mulher. Tem a questão da doação de órgãos também. E o filme mostra principalmente relações humanas, relações de poder e ambição humana. Fala muito mais de relações humanas, muitas vezes doentias, do que temas específicos que a gente tangencia”, conclui.

Além disso, outros elementos atraíram Paulo para o projeto após o convite inicial da produtora Solange Lima. Um deles foi a perspectiva de realizar um filme de gênero nacional. “É um filme policial, um thriller policial de ação, um desafio maravilhoso logo de cara. A primeira coisa que nos vem à cabeça são aqueles filmes de Hollywood com carro capotando, tudo pegando fogo, tiroteios… E ai a gente cai na realidade de que esse não é o nosso cinema”, explica.

“Então, fomos buscar algumas referências. Nas cenas de perseguição, a gente olhou para Encurralado (1971), o primeiro filme de Steven Spielberg. Ele não usa muitos efeitos especiais, mas dá uma dinâmica muito grande com a montagem. Eu estudei diversos filmes, fiz um estudo profundo da abordagem que se faz à perseguição, briga, ação, como imprimir um ritmo. Uma coisa que é muito importante para mim em uma narrativa é o ritmo. Essa foi minha premissa: como vamos fazer um suspense policial de uma forma nossa, de uma forma baiana, brasileira”, diz ele sobre o processo de injetar adrenalina nos 100 minutos da película.

Concorrência desigual

No entanto, como a maioria dos filmes nacionais, Nina enfrenta um duelo de Davi e Golias. Em um cenário agravado pela pandemia do Covid-19, grandes produções norte-americanas ocupam a esmagadora maioria das salas, deixando pouco espaço para os filmes brasileiros respirarem. Esse ano, Velozes e Furiosos 9 permaneceu em cartaz em Salvador de junho a outubro, enquanto títulos nacionais tiveram uma janela de exibição média de duas semanas.

“É uma questão que vai muito além da abordagem cultural. É uma abordagem econômica, realmente a gente tem pouco espaço”, lamenta o diretor, que também relembra suas experiências no circuito comercial. “Quando fiz Estranhos, meu primeiro filme, tive a oportunidade de ficar três semanas em cartaz no Shopping Barra. Para a gente, isso foi uma vitória, foi uma coisa muito grande, e lá em 2014”. Nina está em cartaz não só em Salvador, mas também em Itamaraju, Santo Antônio de Jesus, Ilhéus e Jequié, além de São Paulo e Brasília. Porém, para Paulo, é necessário adesão pública. “Para a gente ficar mais tempo em cartaz e dobrar as semanas, a gente tem que ter público. O público muitas vezes tem um preconceito contra filmes nacionais e regionais. Eu já ouvi de muita gente que não se produz filme aqui, e a verdade não é que não se faz filme, é que as pessoas não assistem o que é produzido”, declara.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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