Por que “Elementos” é sucesso de crítica, mas fracasso de bilheteria?

O novo “Elementos” da Pixar acaba de estrear no mundo e, apesar de aclamado pela crítica, é considerado o maior fracasso de bilheteria da história do estúdio. Tendo arrecadado US$ 29 milhões no seu final de semana de estreia, o número é inferior a estreias como “O Bom Dinossauro” (US$ 39 milhões) ou “Divertida Mente” (US$ 90 milhões).

Dirigido por Peter Sohn, “Elementos” é uma história sobre imigração, choque de cultura e a disputa entre amor e responsabilidades. Com visuais inovadores, é um filme que o chefe da Pixar, Pete Docter, acredita necessitar ser experienciado na grande tela junto com um público. Então porque o filme está sendo ignorado pelos frequentadores de cinema?

Histórico

O ano era 2020. O lançamento “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica”, da Pixar, teve sua exibição nos cinemas interrompida devido às restrições impostas para frear a covid-19. Com o corte, o filme arrecadou bem menos do que o esperado.

Mas a Pixar já estava trabalhando em outro filme. “Nós fizemos ‘Soul’ para as grandes telas”, comenta Pete Docter, o chefe de comunicação (CCO) da Pixar, quem está na empresa desde a sua fundação. “Foi feito um trabalho com tanto detalhe e imagens bonitas que você não pode apreciar por completo em uma tela menor.”

Em entrevista à Variety, ele comenta como foi necessário fazerem o lançamento pela Disney+, para que o filme não precisasse ficar parado durante anos. O mesmo se repetiu com “Luca”, de 2021, e “Red: Crescer é uma Fera”, de 2022. Mas, a longo prazo, isso veio com um custo maior do que se esperava.

“Nós acostumamos o público a lembrarem que estes filmes vão estar disponíveis na Disney+. E está mais custoso para uma família de quatro irem aos cinemas quando sabem que podem esperar e o filme sairá na plataforma.”

Agora há um movimento contrário, na tentativa de remediar essa cultura. Recentemente, a Academia do Oscar aprovou novas regras que afetarão as inscrições a partir de 2024, exigindo que os filmes que queiram concorrer sejam exibidos em pelos 10 dos 50 principais circuitos exibidores dos Estados Unidos por um período de sete dias consecutivos ou não, dentro de um prazo de 45 dias após a estreia.

A Academia afirmou que a revisão das regras de exibição em cinemas é realizada anualmente como parte de sua missão de celebrar e honrar a arte do cinema. A expansão da presença teatral busca aumentar a visibilidade dos filmes em todo o mundo e proporcionar ao público a experiência única de assistir a filmes em um ambiente cinematográfico.

No entanto, há um lado econômico muito significativo em jogo também. Tradicionalmente, os cinemas, com a bilheteria gerada, têm sido a principal fonte de receita para os filmes. Assim, o lançamento nos cinemas é uma estratégia importante para recuperar o dinheiro investido nas produções. E levando em consideração os filmes da Pixar, esse valor não é nada baixo. “Elementos”, por exemplo, teve um orçamento de US$ 200 milhões.

A cultura de distribuição e exibição pode definir o futuro da Pixar. Mas o estúdio já tem planos para próximos lançamentos, que incluem “Toy Story 5”, trazendo de volta Woody e Buzz, como também uma continuação de “Divertida Mente”, que vai voltar para dentro das mentes de “Alegria” e “Tristeza”, como também trazer muitas novas emoções como personagens.