DE VOLTA
Saladearte Cinema da UFBA reabre com exposição, encontros e filme
Espaço é o último do Circuito a reabrir desde a pandemia
Por Matheus Calmon
Cinema, obras de arte, encontros e reencontros, atrelados a muita emoção entre os envolvidos e o público, marcaram a reabertura da Saladearte Cinema da UFBA nesta quarta-feira, 29. Esta é a última das salas do circuito a reabrir desde a pandemia, quando todo o setor precisou fechar as portas e desativar os projetores.
Para celebrar, foram exibidas duas sessões gratuitas da pré estréia do filme "Lupicínio, Confissoes de um Sofredor", de Alfredo Manevy. O local passou por reformas tanto no espaço do café, onde o público se concentra para conversar e aguardar o início da exibição, quanto no interior do cinema, que entre novidades, tem novo som, mais potente que o anterior, além de outras reformas.
Emocionada, a diretora e sócia do Circuito, Suzana Argollo lembrou, durante entrevista ao Portal A TARDE, disse que esta reabertura é algo que, na pandemia, não acreditava que ia acontecer. A empresa ficou sem caixa e, como "última cartada", foi desenvolvida uma campanha para arrecadar contribuições para auxiliar na manutenção dos espaços. Além de dinheiro, o público contribuiu com afeto.
"Essa contribuição foi o que fez com que a gente tivesse coragem, força e esperança de continuar. O que a gente colocou de meta a gente conseguiu alcançar. Hoje, fecho essa prestação de contas, a gente reabre a última sala que estava fechada, três anos depois".
A data para a reabertura do espaço coincidiu com o aniversário de Salvador e, inicialmente, a ligação entre os eventos havia passado desapercebido. "Primeiro a gente pensou nessa data, depois lembramos que é o aniversário de Salvador. É um presente para toda a cidade que nos recebe tão bem e nos acolheu muito na campanha", celebra Suzana.
Assídua frequentadora, Vitória Oliveira, professora de alemão, escolheu sua melhor roupa para prestigiar a reabertura do espaço.
"Agora que reabriu, estou muito feliz. Fiquei felicíssima. Eu só frequento, basicamente, essas salas de cinema. Só passam filmes bons nesses, então prefiro", contou ela, que aguardava o início do filme tomando um café com a também professora Nubelia Barreto.
Em outra mesa, dois Antônios trocavam ideias sobre diversos assuntos. Um deles, o Antônio César, contou que sempre que passava pelo local e o via desativado, ficava triste. Ele celebra a volta da sala e frisa que a possibilidade de conversar sobre o filme é um diferencial.
"É um espaço interessante, que proporciona encontros e inusitados. A cidade carece desses espaços. O cinema é isso, se encontrar com a arte, mas depois falar do que aconteceu, fazer esse feedback com pessoas que assistiram o mesmo filme, a conversa vai fluindo... Falar de arte envolve relações e esse encontro aqui das pessoas, acho legal", destacou.
Diálogo entre as artes
Suzana Argollo ressaltou a convergência das artes nas Saladearte, que vão além dos filmes. "A gente quer falar sobre determinados assuntos com o cinema, mas a gente também quer dialogar com outras artes, pois o importante para a gente é o assunto, o tema que vamos abordar. Essa junção das linguagens é muito importante", acrescentou.
Essa conversa entre diferentes expressões artísticas foi presenciada também na reabertura. No café, foram expostas obras de arte de Marcelo Sá, sócio fundador do circuito Saladearte, que teve uma morte súbita em janeiro do ano passado. "Toda vez que reabrimos uma sala a gente se lembra muito dele. Ele dava muito a carinha dos espaços. A gente sempre pensa: 'será que Marcelo ia gostar?'. Eu acho que ia", concluiu Argollo.
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