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Sem medo do clichê, "Besouro Azul" é blockbuster divertido da DC
Bruna Marquezine é um dos grandes destaques da trama, que celebra família e cultura latina
Por Bianca Carneiro
Projetado originalmente para estrear apenas no streaming, "Besouro Azul" chega às telonas dos cinemas nesta quinta-feira, 17. Lançado na esteira da greve dos atores e roteiristas de Hollywood, e por isso, sem poder contar com a divulgação dos artistas envolvidos - entre eles, a brasileira Bruna Marquezine -, o filme chega com a difícil missão de render uma boa bilheteria ao contar a história de um herói não tão conhecido pelas massas.
Na trama, o recém-formado Jaime Reyes (Xolo Maridueña) retorna ao lar cheio de sonhos para o futuro, mas acaba se deparando com uma realidade completamente diferente da que deixou. Enquanto busca o seu propósito no mundo, o destino dele muda totalmente, quando o jovem se vê inesperadamente na posse de uma relíquia ancestral de biotecnologia extraterrestre: o Escaravelho Khaji Da. Quando o artefato seleciona Jaime como seu hospedeiro simbiótico, o jovem é agraciado com uma incrível armadura, dotada de poderes extraordinários e imprevisíveis. Essa transformação altera para sempre sua vida, fazendo ele se tornar o super-herói conhecido como Besouro Azul.
Longe da seriedade e escuridão de “Adão Negro” e do drama excessivo de “The Flash”, Besouro Azul é solar, e carregado de humor do início ao fim. O filme não tem medo de ser clichê e por isso, se concentra no entretenimento que realmente pode entregar. O resultado traz um frescor e uma leveza, que funciona, sobretudo, ao deixar de lado a ação desenfreada sem qualquer contexto, algo visto em muitas produções recentes da Marvel.
Dentro desta ação bem desenvolvida está, por exemplo, a sequência em que Jaime descobre os poderes. Salvo algumas exceções,é irreal como grande parte das produções de super-heróis fazem o protagonista dominar instantaneamente habilidades recém-adquiridas. Besouro Azul vai contra essa lógica ao retratar uma jornada de tropeços e erros que acompanha o aprendizado. A cena lembra muito os esforços do Peter Parker de Tobey Maguire em “Homem Aranha” (2002), no momento em que ele tenta usar seus poderes aracnídeos.
Mas isso, claro, é recheado de humor, que sem pesar, tem tudo a ver com a latinidade do personagem. O filme é totalmente centrado nesse aspecto e chega a ser impressionante ver um filme norte-americano com um elenco majoritariamente latino. Logo, a cultura desse povo é um ponto central da obra.
Não faltam referências aos trejeitos de uma família latina - alguns poucos estereotipados, é verdade - e ao seu rico arcabouço cultural. Tal conjunto vai gerar muita identificação para os espectadores brasileiros, que compartilham diversos costumes e vivências com o México, país de onde Jaime é. Uma grata surpresa é a citação de dois clássicos da televisão mexicana que fizeram o maior sucesso por aqui. A trilha sonora é original e traz as características latino-americanas para dentro de Hollywood com as dançantes cumbias.
A importância da família na jornada do herói é também outro ponto chave da obra. Diferente de outros heróis e de algumas das suas adaptações nos quadrinhos, Besouro Azul não esconde nada dos familiares e eles se tornam um apoio crucial para a aventura. O carisma inegável dos Reyes se estende para todos os familiares, com destaque para a ótima Belissa Escobedo, na pele de Milagro, irmã de Jaime.
Xolo Maridueña está muito à vontade no papel e consegue despertar a identificação genuína com o público. Embora falte desenvolver mais a relação conflituosa com o Escaravelho, a maneira como o ator retrata as aspirações, dúvidas e descobertas do recém-formado que de repente se vê como um super-herói é cativante.
O mesmo não pode ser dito de Susan Sarandon, que substituiu Sharon Stone na interpretação da vilã Victoria Kord. A personagem, criada especialmente para o filme, é caricata e parece estar perdida no conjunto da obra. Raoul Max Trujillo, o vilão Conrad Carapax, acrescenta pouco à trama.
A entrega de efeitos especiais convincentes parece ser cada vez mais um problema para as produções de super-heróis. Algumas cenas de Besouro Azul, sobretudo as que envolvem interações humanas com as armaduras, chegam a incomodar de tão falsas no filme que conta com Angel Manuel Soto (Charm City Kings) na direção, e tem roteiro assinado por Gareth Dunnet-Alcocer (Miss Bala).
E Bruna Marquezine?
Não dá para falar de brasileiros e Besouro Azul sem citar Bruna Marquezine, a primeira atriz legitimamente brasileira a protagonizar um filme de super-herói em Hollywood. Na pele de Jennifer Kord (“Jenny”), a artista entrega uma performance convincente dentro do que a produção permite. Mas ainda assim, o arco da personagem é bem desenvolvido, o que dá a oportunidade de Bruna colocar em ação o seu carisma. Destaque para as breves interações com a veterana Susan Sarandon e ponto para a química incontestável com seu parceiro de protagonismo, Xolo Maridueña.
Jenny é uma peça central da história e se prova como tal. Forte e focada nos seus objetivos, ela está longe de se resumir a ser apenas a “namoradinha do super-herói”, pelo contrário, há momentos em que ela ofusca a presença de Jaime.
Como o filme confirma a nacionalidade brasileira dela, os espectadores mais eufóricos podem se empolgar ainda mais quando Bruna fala uma frase em português durante uma determinada parte do longa. Sem dúvidas, a eterna “Salete” de “Mulheres Apaixonadas” chega com força a Hollywood, mostrando que tem talento para oferecer.
Vai ter Besouro Azul 2?
Besouro Azul deixa diversas pontas soltas para serem desenvolvidas em uma sequência. Além da primeira misteriosa cena pós crédito - o filme tem duas -, falta aprofundar a relação de Jaime e Khaji Da, além das origens alienígenas do escaravelho.
Mas haverá mesmo um segundo filme? Em julho, James Gunn, um dos CEO 's da DC Estúdios, ao lado de Peter Safran, garantiu, em entrevista à Vanity Fair, que o herói vivido por Xolo Maridueña continuará no universo compartilhado que terá início com “Superman: Legacy”.
Ele voltou a confirmar a permanência do personagem durante sessão especial de Besouro Azul na terça-feira, 15. Em seu perfil do Instagram, o diretor comemorou as recentes exibições para a imprensa e disse que Jaime Reyes entrará no novo DCU de uma maneira “incrível”.
“Na exibição de #BesouroAzul com meu parceiro Peter Safran! Mal posso esperar para o público conheça Jaime Reyes, que será uma parte incrível do DCU daqui para frente!”
Uma coisa é certa: potencial para uma sequência Besouro Azul tem. A trama do herói é interessante, os personagens são carismáticos e a equipe técnica funciona bem neste primeiro filme. Agora com novos projetos nas mangas, chegou a hora da DC se despedir do passado e dos filmes solos sem qualquer objetivo de continuidade, para finalmente consolidar o seu universo.
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Trailer:
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