CAUSA NOBRE
Sessão Azul leva acessibilidade para crianças autistas no cinema
Evento da Rede UCI aconteceu na tarde desta terça em comemoração ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo
Por Artur Soares
Os cinemas de Salvador foram tomados pela acessibilidade na tarde desta terça-feira, 2. Em comemoração ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo, a rede de cinemas UCI Orient organizou uma sessão especial para pessoas com Transtorno do Espectro Autista.
A ação UCI Azul aconteceu no Shopping da Bahia, Paralela e Barra, com as exibições sendo iniciadas a partir das 14h. O filme exibido foi “Kung Fu Panda 4”, animação que conta as aventuras do panda desastrado Po. As sessões contaram com um volume de som reduzido e luzes levemente acesas para garantir o conforto do público.
Como parte da comemoração, a UCI convidou cerca de cem pessoas associadas a Autimais e a Associação Amigos dos Autistas da Bahia (AMA-BA). Além de assistirem ao longa gratuitamente, os convidados também receberam um combo de pipoca e refrigerante para completar a experiência.
Lia Regina de Castro, assistente social da AMA, comentou sobre como a causa vem ganhando mais visibilidade recentemente. "Hoje se fala sobre autismo com mais leveza, mais inclusão e entendimento. Mesmo sem entender todo o processo, nós temos a sociedade dizendo 'Eu estou aqui, eu estou aberta'", disse.
Lia ressaltou que o UCI Azul é uma forma de trazer a experiência do cinema para pessoas que nunca tiveram essa oportunidade. "Nós temos mães aqui que nunca levaram os filhos ao cinema, por conta do preço e do receio, pelo barulho e complexidade que o cinema tem na visão de cada uma delas", explicou.
"Para a gente que tem tantos nãos, uma ação dessas é sempre bom. Às vezes isso já afaga a mãe, as crianças, já que a gente tem tantas portas fechadas", afirmou Luana Neres, mãe de duas crianças autistas.
Levando os filhos ao cinema pela primeira vez, Luana ressaltou a importância de outras ações serem criadas para pessoas com outros tipos de deficiência. "Que eles (a rede de cinema) continuem com essas ações e não ajudem só a gente que é autista, mas que também tenham esse olhar para pessoas surdas", pontuou.
O evento serviu como uma oportunidade de lazer para as famílias de pessoas com o transtorno. "Eu e meus filhos ficamos mais presos em casa. Mas quando tem uma oportunidade dessas a gente vem", contou Zezito dos Santos, portador de autismo nível um.
Com opções de lazer restritas por conta de sua condição e a dos filhos, Zezito conta que a ação serve como uma forma segura de entretenimento para sua família. "Devido a violência, a gente não ocupa as ruas de nosso bairro, ficamos trancados. Você não vê autistas brincando nas ruas ou passeando, só se for no Shopping, Parque da Cidade, Parque dos Dinossauros e etc", explicou.
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