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Sombrio e frenético, "Batman" inicia bem nova trilogia do herói

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Publicado quinta-feira, 03 de março de 2022 às 06:00 h | Atualizado em 03/03/2022, 16:00 | Autor: Bianca Carneiro
Contrariando as suspeitas dos fãs, Robert Pattinson entrega um Batman emocionalmente complexo
Contrariando as suspeitas dos fãs, Robert Pattinson entrega um Batman emocionalmente complexo -

Mostrando que o universo do “Cavaleiro das Trevas” continua sendo a galinha dos ovos de ouro da DC, já está em cartaz “The Batman”, a mais nova aventura solo do “homem-morcego”. A produção, estrelada por Robert Pattinson, vinha sendo muito aguardada pelos fãs como o grande recomeço do herói no cinema, especialmente após o sucesso estrondoso de "Coringa", que rendeu um Oscar de melhor ator para Joaquin Phoenix, em 2020.

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E de fato, foi um início muito bom. O maior mérito é o foco no lado detetive do personagem, cujo título de “maior investigador do mundo” ainda não havia sido tão bem explorado nas telonas. Mas engana-se quem pensa que a investigação é lenta, com um ponto de ação aqui ou ali. A cada descoberta, é tiro, porrada e bomba, em meio a cenas frenéticas e sucessivas.

Sem muita contextualização, já partindo da ideia de que todo mundo conhece a história de origem, The Batman mostra um Bruce Wayne jovem e iniciante, que está atuando há apenas dois anos como o vigilante mascarado. Em pleno Halloween, - alusão à HQ O Longo Dia das Bruxas (1996) - uma nova ameaça surge para tirar o sono do homem-morcego: o implacável e cruel Charada (Paul Dano). Para decifrar as complicadas pistas deixadas pelo rival, Bruce/Batman conta com a ajuda do Comissário Gordon (Jeffrey Wright) e de Selina Kyle, a Mulher-Gato (Zoe Kravitz), que possui interesse pessoal na resolução dos crimes do serial killer.

Batman e Mulher-Gato trabalham juntos para desvendar crimes
Batman e Mulher-Gato trabalham juntos para desvendar crimes |  Foto: Divulgação | Warner
  

Não é à toa que o universo de Batman tenha se tornado a maior chance da DC sair da onda recente de filmes ruins e voltar a sua era de ouro nos cinemas. Sem poderes, como um reles mortal, Batman é movido pela sua inteligência e pelo desejo de vingança, que depois se torna algo melhor. Provando que o receio causado pela atuação em “Crepúsculo” é infundado, Robert Pattinson entrega um Batman emocionalmente complexo, ainda em amadurecimento, algo que apareceu pouco nas produções anteriores já que os intérpretes eram mais velhos. Zoë Kravitz ("Big little lies") também brilha na pele da que pode ser a melhor Mulher-Gato já vista nos filmes, ao equilibrar a determinação e a força já conhecidas da personagem, com uma vulnerabilidade que a torna mais humana e acessível. 

Outro ponto importante do universo Batman é a sua metrópole, Gotham City, como uma das responsáveis pela própria concepção do herói. As primeiras imagens e trailers ilustravam o que Matt Reeves já havia prometido: uma ambientação lúgubre, apocalíptica e meio “noir”. Famoso por construir visuais atraentes em seus filmes, o diretor traz uma Gotham altamente perigosa,  claustrofóbica e suja, cuja fotografia passa a impressão de abandono. E o que dizer da luz? O contraste entre a pouca luz e a escuridão completa é aterrorizante e muito próprio para um herói denominado de “cavaleiro das trevas”. "Eles pensam que me escondo nas sombras, mas eu sou a sombra", chega a dizer Batman, em certo ponto do filme.

Ambientação de Gotham City é sombria e fiel às HQs
Ambientação de Gotham City é sombria e fiel às HQs |  Foto: Divulgação | Warner
 

Por fim, os vilões de Batman, são pontos altos das tramas do "Cruzado Encapuzado", e é satisfatório ver outras faces além do já saturado Coringa. A aparição de Charada e Pinguim atende ao apelo de fãs e críticos que pedem uma renovação nos embates. As possibilidades são grandes e até mesmo o vislumbre do Asilo Arkham deixa um gostinho de quero mais.

Claro, The Batman também não está longe de ter problemas. O mais grave é a extensa duração: com quase três horas de exibição, o longa tem cenas que poderiam ser descartadas facilmente. O espectador também pode sentir falta de uma grande cena memorável a la “Christopher Nolan”, e parafraseando um amigo, “os vilões precisam parar de explodir Gotham em todos os filmes”, e construir novas ameaças. As idas e vindas do roteiro e a grande quantidade de informações também podem atrapalhar a compreensão, e ainda no roteiro, faltou desenvolver e dar mais funções narrativas ao Comissário Gordon e Alfred, mas isso pode ser corrigido nas próximas sequências. 

Apesar de estar preso às inevitáveis comparações com a trilogia de Nolan, "The Batman" é um filme eficiente, com uma excelente estética e um bom roteiro, que vai agradar o público que já conhece o Batman de longa data. No entanto, ele também pode funcionar como uma boa porta de entrada para quem quer conhecê-lo agora ou ir além das versões de Tim Burton, Christopher Nolan e Zack Snyder. 

Confira trailer de "The Batman"

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