Campo Grande é um dos locais mais caros para se morar em Salvador

Apesar de a região do Campo Grande não possuir terrenos desocupados ou espaços para novas construções e incorporações imobiliárias, a localidade mantém-se como uma das mais desejadas para se morar na capital baiana. Zona nobre e central da cidade, vizinha ao bairro da Vitória, o mais valorizado do ponto de vista imobiliário de Salvador, a localidade destaca-se pela presença de prédios antigos de médio e alto padrão de acabamento, com áreas generosas de espaço privativo, com 200, 300 ou mais metros quadrados, e todos bem ventilados.

De acordo com o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi), Cláudio Cunha, existe uma demanda crescente para esta região, com baixa disponibilidade e oferta de imóveis. Ele ressaltou que o Campo Grande é um “bairro” tradicional e histórico, bem urbanizado e com grande representatividade, e que permite que as pessoas possam fazer de tudo a pé, sem depender de carro, mas que também tem transporte público e vários acessos de carro.

“Tem a Praça Dois de Julho, que é um lindo parque e excelente espaço de lazer totalmente revitalizado, o Teatro Castro Alves, o Vila Velha, a Concha Acústica, o imponente Palácio da Aclamação e o Passeio Público, que também estão sendo restaurados, os tradicionais colégios nas suas proximidades e a universidade federal. Isso tudo no centro, que vive hoje uma importante revitalização”, destacou ele. “Estes fatores associados à mobilidade, uma infraestrutura toda pronta e fácil acesso a produtos e serviços fazem dele um local com grande potencial e muitos pontos positivos”, comentou Cunha.

Segundo ele, os imóveis ali localizados possuem preços acima da média do mercado soteropolitano e, no momento, há baixa disponibilidade de imóveis no “bairro”, o que aumenta ainda mais a sua valorização crescente. O valor médio de um imóvel no Campo Grande é de R$ 659 mil, acima do ticket médio de Salvador, que está atualmente em R$ 522 mil - uma média entre as tipologias econômicas (R$ 235 mil) e Super Luxo (R$ 3,5 milhões).

“É um lugar desejado de morar que tende a ter uma maior valorização ao longo do tempo. E quando você tem pouca oferta, isso aumenta ainda mais”, explicou o presidente da Ademi, acrescentando que os imóveis na capital valorizaram 8% nos últimos meses, e que, além de ser um ativo seguro, é uma excelente opção para diversificar os investimentos.

Ele não soube dizer o valor do metro quadrado na região, porque não há novos empreendimentos, e seria necessário avaliar a tipologia e o estado de conservação dos prédios e imóveis usados, mas considerando os de alto padrão, o valor do m2 giraria em volta de R$ 10 a 15 mil.

Aluguel por temporada

Cobiçado para morar e para alugar para a temporada de carnaval. Uma pesquisa feita nos principais sites de aluguel de imóveis por temporada mostra que as melhores opções para o carnaval de 2025 na região do Campo Grande, dentro do circuito ou em suas proximidades, estão esgotadas, com reembolso não disponível. Imóveis espaçosos e mobiliados que acomodam dez pessoas, com cinco quartos e cinco banheiros, e que oferecem varandas de frente para o circuito, chegam a custar R$ 52 mil o pacote para sete dias.

Em plataformas diferentes, há poucas opções disponíveis para alugar para o período do carnaval, a mais de um km do circuito, com diárias que variam entre R$ 1mil e R$ 3.000, e pacotes até R$ 25 mil. Apesar disso, esta não é a região mais procurada pelos turistas e visitantes para passar o carnaval em Salvador.

De acordo com o Sindicato dos Corretores de Imóveis de Salvador, os corretores imobiliários que atuam nas redes sociais recebem mais pedidos de informação e procura por apartamentos no circuito Barra-Ondina, onde se concentram os blocos e camarotes mais famosos.

“O público que curte o carnaval no Campo Grande normalmente não é o turista de fora do estado, mas grupos de moradores de cidades vizinhas a Salvador e até de bairros mais distantes, normalmente acima dos 50 anos, que se preparam para curtir juntos os blocos de samba e os afoxés. Outros buscam um local mais acessível para transitar também no carnaval do Pelourinho”, informou a corretora Estela Cerqueira, que trabalha há nove anos com 70 proprietários que utilizam o seu imóvel como moradia fixa, e o desocupam no período do carnaval para garantir uma renda extra. Para 2025, estes estão ocupados.

A designer de interiores, Anna Carolina Silva, conta que já alugou o seu apartamento no bairro do Canela para o carnaval por uma plataforma, mas que há anos prefere deixar na mão da corretora para não ter dor de cabeça com a vistoria do imóvel, checagem do inventário de seus móveis e objetos, e nem ocupar o seu tempo com a entrega das chaves. “Eu faço o contrato com a corretora e é ela que vai cuidar de todos os detalhes para mim e eventuais problemas. É mais seguro e eu posso viajar despreocupada sem precisar checar o celular ou o e-mail”.

Já o empresário do ramo de aluguel de veículos, Ricardo Jordão, aluga o seu apartamento de dois quartos no Politeama, no meio da folia, diretamente para parentes, amigos e pessoas conhecidas, e diz que sempre vale a pena. Ele diz que dá para até oito pessoas confortavelmente, e que quanto mais gente, maior o valor cobrado. “Eu faço um contrato, retiro as coisas de valor de casa e alugo sem medo, nunca tive problema. O dinheiro extra que entra para ajudar a pagar as contas é muito bem-vindo e eu aguardo a época do carnaval o ano inteiro por conta disso”.