A TARDE BAIRROS
‘Graças à associação, conquistamos avanços em todas as áreas’
Confira a entrevista com Theodomiro Baptista Neto, presidente da AmeAquarius
Por Letícia Belém
O soteropolitano Theodomiro Baptista Neto, 52 anos, é o presidente da Associação dos Condomínios Residenciais, Comerciais e Mistos do Aquarius (AmeAquarius) e, em pouco tempo, construiu legitimidade para falar em nome dos habitantes e comerciantes do mais novo bairro da capital baiana. Comunicativo, com espírito de liderança e engajado na resolução dos problemas da coletividade, ele tem o perfil ideal para comandar a entidade, criada em 2018 por um grupo de moradores. É Neto quem leva as demandas do Aquarius para cada secretaria municipal e estadual, incluindo a Segurança Pública, e vem obtendo sucesso. Por conta disso, foi eleito o presidente do Conselho Comunitário de Segurança da Pituba, há cerca de um ano. Nesta entrevista, Neto fala sobre sua história e os desafios à frente da AmeAquarius.
Quem é Theodomiro Neto?
Eu nasci em Salvador, sou o filho do meio, gêmeo, em uma família de seis irmãos, que morava no Rio Vermelho. A minha mãe era professora do Ensino Fundamental, foi diretora de escola também. O meu pai era o Relações Públicas da Polícia Militar e também professor de Português e diretor de escola, Theócrito Baptista. Hoje, ele é coronel aposentado da reserva da PM. Eu sou bacharel em Direito e empresário, e trabalhei durante muitos anos no poder público Municipal, onde tenho muitos amigos.
E como é ser filho de um policial militar?
O meu pai sempre teve muita influência em minha vida. Ele era um homem da comunicação, então ele realizava muitos eventos na Polícia Militar, e estava sempre rodeado de muita gente. Ele também era convidado a participar de muitas festas e solenidades. E eu era o filho mais próximo a ele e sempre o acompanhava em tudo que ele gostava de fazer. Como ele não podia ir a todos os eventos que aconteciam em um mesmo dia, ele começou a me enviar para representá-lo em um, enquanto ele ia para outro. E eu sempre gostei de ser o representante do meu pai nas agendas sociais. Eu gostava muito de ir aos eventos. Até hoje, aos 88 anos, o meu pai realiza encontros comemorativos anuais com a turma de formatura dele na PM, todos coronéis. Eu também faço isso com a minha turma da Faculdade de Direito, sou muito festeiro e comunicativo, costumo receber as pessoas em casa e gosto muito. Então, eu herdei muito isto dele. Ele também me ensinou a questão da disciplina em tudo o que você se propuser a fazer. Então, eu orgulhava o meu pai ao ir aos eventos em seu lugar, né? Correspondia às suas expectativas. Foi aí que eu fiquei conhecendo todo o meio da Polícia Militar, onde também fiz muitas amizades. O meu pai também participava de ações voluntárias para fazer o bem às pessoas, sempre foi assim. Ele fazia parte da Irmandade do Nosso Senhor do Bonfim, e sempre me convidou a participar, o que acabou acontecendo. Eu participo da Irmandade já há cinco anos, e a gente se dedica muito ao trabalho social.
Confira o caderno desta quarta:
Fale mais sobre o trabalho que vocês realizam na Irmandade do Bonfim. Os seus irmãos também participam dessas ações de voluntariado?
Não, dessa Irmandade só eu que fui o convidado, ou melhor, o presenteado. O meu pai já conhecia o meu perfil e ele me escolheu para sucedê-lo na missão dele. Em relação à Irmandade, ela é uma instituição religiosa, a mais importante do estado da Bahia, e dela sempre participaram pessoas de muita relevância, como governadores, senadores, desembargadores, que se congregavam para fazer filantropia. O meu pai fazia parte - só entra se for convidado. Nós fazemos reuniões mensais na Igreja do Bonfim para planejar as ações sociais do mês que possam melhorar a qualidade de vida da população de baixa renda da Cidade Baixa. Então, a gente faz arrecadação de remédios, de alimentos, de roupas e doa para as comunidades próximas à Basílica. Semanalmente, a gente também arrecada e entrega alimentos e roupas para doar para as pessoas que vão até a porta da Igreja pedir dinheiro aos turistas. Tudo isso no espírito do Projeto Social Bom Samaritano, criado pelo padre Edson Menezes. A gente recebe muitos pedidos para levar a imagem do Nosso Senhor do Bonfim para outras localidades, então a gente organiza as caravanas e ainda cuida do patrimônio da Igreja, das ações culturais e a realização de eventos.
É muita doação de tempo, né?
Eu gosto de fazer isso, de ajudar as pessoas, de me doar e fazer tudo pelas pessoas. Eu me sinto bem ao fazer isso, exercer esse papel de cidadão de forma plena, da melhor forma possível. É uma satisfação pessoal muito grande e também uma característica minha, que foi inspirada no exemplo dos meus pais. E eu faço tudo para ser um exemplo também para a minha filha Maria Eduarda, hoje com 17 anos, e para as outras pessoas.
Foi isto que motivou a criação da AmeAquarius? Quando começou a sua relação com o até então Loteamento Aquarius?
Eu me mudei para cá há dez anos porque, geograficamente falando, ele está localizado bem no centro de Salvador e também porque é uma região estruturada e planejada, que me dava todo o conforto para educar a minha filha. Logo me tornei síndico do meu condomínio. Aqui tem escolas próximas, um hospital, um centro comercial muito bom, duas praças e várias saídas, mas precisava de ordenamento e segurança. E eu e um grupo de moradores decidimos trabalhar por isso. Há seis anos a associação foi criada e, a partir dela, o loteamento que depois virou bairro começou a ser ordenado. O relacionamento construído com as polícias Civil e Militar e a comunicação constante dos moradores com a associação fez com que o bairro se tornasse mais seguro. Desenvolvemos também vários projetos e programas com diferentes instituições, fomos atrás das secretarias responsáveis e, com isso, conquistamos diversos avanços em todas as áreas. Hoje, podemos dizer que o Aquarius era uma região antes e outra depois da criação da associação Ame Aquarius.
E a associação conseguiu resolver todos os problemas coletivos? Quais serão os próximos passos para o bairro agora?
Nós estamos muito felizes porque conseguimos zerar a nossa lista de demandas ao poder público no ano de 2024. Agora, temos planos para melhorar ainda mais a vida comunitária no bairro em 2025 e iremos apresentar uma relação de solicitações ao poder público. Dentre eles, a ordenação e a padronização das barracas que ficam em frente ao Hospital da Bahia, na Avenida Professor Magalhães Neto. Precisamos de uma nova pavimentação para a rua Magno Valente; a implantação de um banheiro autolimpante na Praça Aquarius; a melhoria desta que é uma das maiores praças da cidade, e a instalação de mais câmeras de monitoramento e vigilância nos espaços públicos do bairro pela Secretaria de Segurança Pública, dentre outros.
Como se dá a sua participação no Conselho Comunitário de Segurança da Pituba?
Com o modelo bem sucedido de integração e comunicação entre os associados, a Ame Aquarius, as forças de segurança e a SSP na redução da violência no Aquarius, eu fui convidado a participar da criação do Conselho Comunitário de Segurança da Pituba e fui eleito o presidente. Estamos vendo como fazer para capacitar e organizar as localidades do bairro para identificar os problemas, discuti-los e apresentar soluções para as demandas locais prioritárias relacionadas à segurança pública. Estamos levando este modelo aos moradores e condomínios do Parque Júlio César e orientando-os a criar uma associação como a melhor forma de se acessar os serviços públicos municipais e estaduais, e a auxiliar o trabalho da PM.
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