A TARDE ESG
Cadeias de Valor Globais - Inovando no Agro e na Economia do Mar
Com o crescimento do trade internacional, agricultura e economia do mar estão enfrentando grandes mudanças, impulsionadas pelo avanço tecnológico
Por Eduardo Athayde* e Roque Galeão Fraga*
Um rico cenário de políticas relacionadas ao comércio, ferramentas de responsabilidade corporativa e padrões voluntários estão surgindo e aumentando o foco da sustentabilidade nas cadeias de suprimentos. A demanda para que condutas empresariais sejam econômica, ambientalmente e socialmente sustentáveis são recomendações endereçadas às empresas, visando a minimizar impactos adversos associados às operações, produtos e serviços.
As diretrizes da OCDE cobrem todas as principais áreas de responsabilidade empresarial, incluindo direitos humanos, direitos trabalhistas, meio ambiente, suborno e corrupção, interesses do consumidor, divulgação, ciência e tecnologia, concorrência e tributação. Atualizadas para conduta empresarial responsável em áreas-chave, as recomendações envolvem mudança climática, biodiversidade, tecnologia, integridade empresarial e due diligence da cadeia de suprimentos.
Serviços, matérias-primas, peças e componentes cruzam fronteiras frequentemente - cerca de 70% do comércio internacional envolve as chamadas Cadeias de Valor Globais (Global Value Chains - GVCs). Uma forte tendência surgiu em direção à dispersão internacional de atividades da cadeia de valor, como design, produção, marketing e distribuição. Esse surgimento de GVCs e o interesse crescente em sua sustentabilidade e resiliência exigem a análise das cadeias de suprimentos e o desenvolvimento de políticas em torno delas. Um grão de soja, fruto de pesquisa, ciência e tecnologia aplicadas, produzido no Brasil central, exportado (movimentando a economia do mar), transformado e consumido na China ou na Europa, revela agregações pontuais nas GVCs que precisam ser contabilizadas e fatoradas no sistema.
Com o crescimento vertiginoso do trade internacional, a agricultura e a economia do mar - que começa na terra - estão enfrentando mudanças substanciais, impulsionadas pelo avanço tecnológico. A agricultura de precisão, a aquicultura responsável, a biotecnologia e o uso de energias renováveis estão forjando um novo caminho para o futuro das GVCs.
A agricultura de precisão tem se destacado como uma das principais tendências tecnológicas no setor agrícola. Essa abordagem utiliza sensores, drones e satélites para coletar dados do solo, clima e fatores múltiplos, permitindo um manejo mais eficiente dos recursos e insumos. Com a ajuda da Internet das Coisas (IoT), que alimenta a GVC, os agricultores podem monitorar e controlar remotamente diversos aspectos da produção, desde a irrigação até a aplicação de fertilizantes. Além disso, a robótica vem ganhando cada vez mais espaço na mecanização de tarefas repetitivas, aumentando a produtividade e reduzindo a demanda por mão de obra.
Os avanços na aquicultura estão conduzindo a práticas mais sustentáveis. Com inovações como sensores para acompanhamento, sistemas de recirculação e estratégias de seleção genética, é possível cultivar peixes, crustáceos e moluscos de modo mais eficiente e ambientalmente responsável. Paralelamente, a pesca responsável está se destacando pela utilização de métodos que reduzem o impacto nos ecossistemas e asseguram a conservação dos recursos pesqueiros.
A biotecnologia tem sido amplamente aplicada na agricultura e na economia do mar, trazendo avanços significativos. No setor agrícola, a engenharia genética tem permitido o desenvolvimento de culturas mais resistentes a doenças e condições climáticas adversas, aumentando a produtividade e a segurança alimentar. Na aquicultura, a biotecnologia é usada para melhorar a genética dos organismos cultivados, tornando-os mais saudáveis, de crescimento mais rápido e com características desejáveis. Essas técnicas também contribuem para a preservação da biodiversidade marinha e a produção de alimentos de forma mais sustentável.
Na logística e Cadeia de Suprimentos na Agricultura e Economia do Mar, a adoção de sistemas de rastreabilidade, com a utilização de tecnologias como códigos de barras e RFID, permite o acompanhamento (GVC) desde a origem, do transporte e da distribuição de produtos agrícolas e marinhos. O uso de ferramentas de logística e de Inteligência Artificial Generativa (IAG) tem possibilitado a otimização das rotas de transporte, reduzindo custos, emissões de gases de efeito estufa e o desperdício de produtos perecíveis.
Estimular o acesso democratizado à tecnologia, capacitando trabalhadores e incentivando o cooperativismo, usando a virtualidade da Inteligência Natural Generativa (ING), é chave para que a agricultura e a economia do mar - que começa na terra - vislumbre o crescimento econômico com segurança no abastecimento de alimentos, garantindo a proteção dos ativos naturais, sempre renováveis.
*Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil, [email protected]
*Roque Galeão Fraga é especialista em Agronegócio e diretor-executivo da Geoplan, [email protected]
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