A TARDE ESG
Escola Azul
Programa educativo foi criado em Portugal
Por Por Eduardo Athayde

A Escola Azul é um programa educativo, criado em Portugal. Começou com um trabalho transversal sobre o tema “oceano” dentro do currículo escolar por meio do desenvolvimento de pensamentos críticos e criativos em apoio ao 14º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS 14), que visa a preservação e o uso sustentável dos recursos marinhos. O objetivo é promover a Cultura Oceânica entre os estudantes, despertando a conscientização sobre a importância dos ecossistemas aquáticos, engajando depois a sociedade na Década do Oceano (UNESCO, 2021 a 2030).
No Brasil, o Programa Escola Azul Brasil é coordenado pelo Prof Ronaldo Cristofoletti, Presidente do Grupo Mundial de Especialistas em Cultura Oceânica, e promove a união da comunidade escolar fortalecendo o senso de pertencimento, gerando oportunidades de trabalho e rendas, e desenvolvimento de profissionais na área. Qualquer escola pode participar, adaptando a iniciativa à sua realidade local e, as que se destacam, recebem o selo Escola Azul - escolaazul.maredeciencia.eco.br.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) é um dos responsáveis pela coordenação e implementação do Programa Escola Azul no Brasil e vem debatendo temas como poluição, sua conexão com o clima e os diversos biomas. O Conselho Nacional de Educação (CNE), em ação conjunta das Conselheiras Cleunice Matos Rehem e Elizabeth Guedes, trabalham para incluir o rico ambiente geobiodiverso do mar, batizado pela Marinha de Amazônia Azul, nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), normas estabelecidas pelo CNE para orientar a organização, o planejamento e a execução dos currículos da educação básica e superior no Brasil.
É importante que as escolas do país, perto ou longe do mar, integrem seus estudantes, professores, diretores, comunidade escolar e região de entorno para desenvolverem a cultura oceânica, inclusive na chamada economia do mar. “Nós estamos vivendo a década do Oceano, enfrentando intensas mudanças climáticas e precisamos mudar a cultura. Isso significa ensinar, desde a educação infantil, a importância de preservar e viver em harmonia com a natureza. E é isso que nós fazemos no programa Escola Azul”, explicou a professora do Departamento de Ciências do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora do projeto de extensão Maré de Ciência, Andrezza Andreotti.
Segundo a coordenação do programa, atualmente há 343 escolas cadastradas, da rede pública e particular, em 21 estados brasileiros. No total, cerca de 90 mil estudantes e mil professores participam do projeto. Na Bahia, a Escola Estadual de Tempo Integral de Portão, em Lauro de Freitas, atua em parceria com o instituto Redemar Brasil, signatário da Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica.
Oceanos são vastas extensões de água salgada que envolvem os continentes, os mares são as suas porções menores, próximas às costas. Cerca de 70% da superfície terrestre está coberta por água, desse total, 97,5% corresponde à disponibilidade de água salgada e apenas 2,5% corresponde à água doce disponível. Complementando as ações exercidas na vasta dimensão dos oceanos, é importante que a noção da 'economia do mar', estudando como a sociedade utiliza recursos para produzir bens e serviços e distribuí-los entre as pessoas, gerando trabalhos e rendas novas, seja despertada.
Privilegiando a visão municipalista defendida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), dos 693 km² da área total do município de Salvador - cidade com 66 quilômetros de costa - 343 km² estão em território seco e 350 km² no território molhado da BTS. Qual o valor deste rico território molhado e qual a influência que exerce sobre a economia da cidade que nasce e vive do mar? Os jovens alunos de hoje, que se divertem, são alimentados e usufruem da cultura, da história e da gente do mar, e estarão sentados em cadeiras decisórias do amanhã precisam ser despertados para essa nova realidade. Além das escolas, os responsáveis pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) da Capital da Amazônia Azul, tem um novo desafio - a urbe molhada.
Inovando, a recém estabelecida 'Secretaria do Mar', de Salvador, nasceu com um formato novo, uma espécie de startup de caráter transversal, que pode colaborar com outras secretarias, especialmente as focadas na educação, cultura, emprego e renda, turismo e infraestrutura, reduzindo custos e burocracias. Ganha o cidadão contribuinte. Afinal, Salvador nasceu do mar, começa o ano celebrando o Senhor dos Navegantes, e continua com Iemanjá, no dia dois de fevereiro. Diante das rápidas mudanças alimentadas pelos avanços da inteligência artificial, talvez seja este o novo formato.
Eduardo Athayde é diretor do WWI e membro da Comissão de Economia do Mar da Associação Comercial da Bahia. [email protected].
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