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Startup baiana é pioneira em reúso de isopor no Nordeste

Luciana conta que o EPS é o menos popular quando o assunto é reprocessamento

Publicado quinta-feira, 16 de novembro de 2023 às 11:41 h | Autor: Fábio Bittencourt
Luciana conta que o EPS é o menos popular quando o assunto é reprocessamento
Luciana conta que o EPS é o menos popular quando o assunto é reprocessamento -

Foi por caminhos sinuosos que a empresária Luciana Luz passou de uma situação de quase falência para a condição de CEO da primeira e única startup do Nordeste recicladora de isopor. A Start Solidarium é uma indústria que atua na área de economia circular, com pesquisas de novas tecnologias em reaproveitamento de resíduos para aplicação em serviços de reparo, reforma e construção civil.

O negócio carro-chefe até aqui é o reprocessamento de EPS (poliestireno expandido), mais conhecido como isopor. Luciana conta que, diferentemente de papel, vidro, metal e plástico, populares quando o assunto é o reaproveitamento de materiais, o isopor ainda engatinha nessa área. Contudo, inusitada mesmo é como essa solução foi criada.

Até 2020, Luciana tocava uma pequena confecção de artigos para festas, decoração e cenografia, e mantinha locado um espaço para eventos – onde armazenava o acervo –, quando veio a pandemia de Covid-19. Foi preciso então devolver o imóvel alugado, transferir todo o acervo para uma modesta casa que, quando chovia, molhava dentro. O lugar precisava de telhas novas.

Case integra a programação de fórum que acontecerá em Salvador na próxima semana
Case integra a programação de fórum que acontecerá em Salvador na próxima semana |  Foto: Denisse Salazar /AG. A TARDE

Experiente com trabalhos manuais, ela resolveu fabricá-las por conta própria utilizando rejeitos a partir da fibra (casca) do coco. Essa “massa” precisava de uma “liga”, e aí entrou o isopor. O resultado ficou tão bom, que Luciana achou que a “liga podia avançar mais”.

“Era o início da melhoria do processo. A liga em si era o produto, a massa plástica. Hoje estão patenteados tanto o processo (técnica) como a marca, registrada como Reparô”, fala Luciana, que contou com o suporte do Sebrae na empreitada.

O Reparô tem inúmeras funções, ela explica. O produto, de uso doméstico ou profissional (industrial), serve como impermeabilizante, adesivo colante, solda fria, pintura. Pode ser empregado em área externa ou interna, fachadas, estruturas modulares, de madeira, ou como “chapisco de cimento”. Luciana destaca que a fabricação é limpa, não consumindo água, energia elétrica ou agentes químicos. O EPS ou isopor é da família dos plásticos e é composto por 98% de ar.

Projetos de impacto

Na página da Start Solidarium consta a informação que, apesar de reciclável, 68% da matéria-prima não foi reciclada em 2019, que, traduzido em números, significa que “72,5 mil toneladas do insumo foram descartadas de forma incorreta” no meio ambiente.

Na próxima semana, durante o I Fórum Nordeste de Economia Circular, que acontece em Salvador de quinta-feira até sábado, ela espera sensibilizar lideranças políticas para a questão da geração de emprego e renda a partir de projetos de impacto socioambiental

O evento será realizado nos museus de Arte da Bahia, Carlos Costa Pinto, de Arte Contemporânea, Geológico e Sala de Arte Cinema do Museu. O Fórum visa debater os chamados “negócios circulares”, ou empresas que atuam com a transformação de sobras diversas em novos produtos.

Entre os assuntos que serão debatidos no encontro estão políticas públicas rumos à sustentabilidade, economia verde, descarbonização, economia solidária, design circular, entre outros.

A Start Solidarium possui uma planta industrial em Governador Mangabeira e uma sede na capital baiana, para reuniões e capacitações. O próximo passo é a implantação de uma unidade fabril em Salvador.

Uma grande indústria fornece boa parte do material processado pela plataforma. Luciana espera agora aumentar a escoação do produto, que pode ser encontrado nas principais casas de material de construção.

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