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SONS DO TERREIRO MUNDO

Blocos afro foram fundamentais para valorizar locais marginalizados

Olodum e Malê Debalê celebram suas origens: “estamos no caminho certo”

Edvaldo Sales*

Por Edvaldo Sales*

27/01/2024 - 6:50 h | Atualizada em 28/01/2024 - 0:24
Olodum foi parte fundamental para mudar visão negativa que as pessoas tinham do Pelourinho
Olodum foi parte fundamental para mudar visão negativa que as pessoas tinham do Pelourinho -

“Nossa energia é ancestral”. Esse será o tema do Carnaval de Salvador de 2024, que terá início em 8 de fevereiro. A escolha é uma homenagem aos 50 anos da presença dos blocos afro - como Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Olodum, Malê Debalê, Cortejo Afro, Bloco Alvorada, Bankoma e Banda Didá - nos circuitos.

>>> Blocos afro e afoxés celebram décadas de resistência em 2024

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>>> Pioneirismo e tradição no carnaval de Salvador

Para celebrar a existência desses grupos e o que eles representam, o documentário “Sons do Terreiro Mundo”, do A TARDE Play entrevistou os blocos afro e personalidades para falar sobre a origem de blocos e afoxés e o papel deles para desmarginalizar o Centro Histórico de Salvador. O projeto, que explora também como o chão dos terreiros de candomblé foram cruciais para o desenvolvimento da musicalidade, vai estrear em breve no canal do YouTube do Grupo A TARDE.

Em 2024, o Olodum completa 45 anos e, ao longo da sua trajetória, foi parte fundamental para mudar a visão que as pessoas tinham do Pelourinho, segundo Marcelo Gentil, presidente do bloco. “Essa comunidade não seria o que é hoje se não fosse o Olodum. O Pelourinho era conhecido como a área de prostituição, de tráfico de drogas, de práticas de furtos e roubos. E o próprio Olodum, que surgiu como bloco de carnaval em 1979, também não tinha preocupação com nada disso. Passou a ter essa preocupação quando se refundou em 1983 e passou a olhar para a comunidade, principalmente para as crianças e adolescentes do Centro Histórico”, relembrou.

“Criou naquele mesmo ano o seu mais importante projeto social, o Rufar dos Tambores, que depois se transformou em Escola Olodum, e, a partir daí, com o seu trabalho social e musical, que começou a circular no Brasil e no mundo, as atenções se voltaram para o Pelourinho. E, com isso, o poder público e os empresários da iniciativa privada passaram a prestar atenção no Pelourinho”, destacou.

Na ocasião, Gentil, que em setembro de 2024 vai completar 37 anos de Olodum, afirmou que o grupo “só existe porque existe o Pelourinho”. “O Olodum só sobrevive porque convive no dia-a-dia com a força da comunidade. Se a gente sair daqui vamos perder o tecido social e seremos apenas mais um daqueles grandes artistas baianos e brasileiros que fizeram muito sucesso em determinado período e depois sumiram e a gente nem escuta mais”.

Cantor e integrante do Olodum, Lazinho, pontuou que, no Centro Histórico, o bloco já fazia parte da cultura de Salvador. “O carnaval acontecia aqui na Praça da Sé. [...] O Olodum veio abrilhantar ainda mais o nosso sorriso e fazer parte de uma guerrilha social, onde as pessoas viam a gente como marginal e delinquente. A gente provou para as pessoas que quando você usa a arte e a cultura a seu favor ela pode lhe levar a lugares infinitos. Foi o que o Olodum fez com todos nós”.

“E pretendemos galgar lugares mais longes ainda. É um pouco do recado e da história que está sendo contada de uma forma lógica, como deveria. Agora, as pessoas sabem da nossa história contada por nós. [...] O Olodum serve para contar uma história pela visão do negro”, enfatizou.

Lazinho afirma ainda que o reconhecimento do Olodum como patrimônio “é o reconhecimento da história que está sendo contada de forma correta. O Olodum não tem nenhum preconceito. Aqui não existe xenofobia, homofobia. Aqui, nós elegemos a primeira mulher que presidiu um bloco afro. Por aqui passou muita gente. Branco. Porque a gente entende que a sociedade, independente da cor, nós somos humanos. Quando o Olodum é reconhecido pelas instituições significa que nós fizemos algo de bom e que nós estamos no caminho certo”.

Maior balé afro do mundo, Malê trouxe visibilidade para Itapuã
Maior balé afro do mundo, Malê trouxe visibilidade para Itapuã | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

O maior balé afro do mundo

Outro grupo que completa 45 anos em 2024, é o Malê Debalê. Presidente do bloco, Cláudio Araújo destacou o papel fundamental do Malê para Itapuã, bairro onde surgiu o maior balé afro do mundo. Ao A TARDE Play, ele citou, no entanto, o esquecimento por parte das autoridades em relação ao local em que o grupo nasceu.

“O aeroporto que liga Salvador ao mundo está bem aqui do lado de Itapuã, mas parece, às vezes, que Itapuã é invisível para determinados segmentos. Aí eu falo da política, porque as pessoas pensam que Itapuã não existe. E com essa ligação do aeroporto com a Paralela ficou pior”, criticou.

Cláudio Araújo apontou a importância fundamental do Malê para aquela área geográfica. “[...] O Malê nasceu aqui em Itapuã. O Malê nasce e faz seus primeiros ensaios em cima da Lagoa do Abaeté, nas areias brancas. Então, o poder que o Malê tem diante de Itapuã é algo imensurável. O Malê nasce através de revoltas e, de uma forma muito direta, ele representa essa terra que eu gosto de chamar de península itapuanzeira”, completou.

*Sob supervisão de Bianca Carneiro

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