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07/10/2024 às 3:00 | Autor: João Vítor Sena*

MERCADO

Agricultores brasileiros adotam mais medidas regenerativas que média global

91% dos produtores do país estão dispostos a se adaptar aos desafios climáticos; média mundial é de 75%

As práticas regenerativas, como  sistemas integrados de lavoura-pecuária, são adotadas por produtores baianos
As práticas regenerativas, como sistemas integrados de lavoura-pecuária, são adotadas por produtores baianos -

Mundialmente, 6 a cada 10 agricultores já sofreram perdas significativas de receita por causa de eventos climáticos atípicos, de acordo com a pesquisa Farmer Voice, publicada pela Bayern neste ano. Diante desse cenário, os agricultores brasileiros se destacam como os mais receptivos a novas tecnologias sustentáveis: 91% estão dispostos a se adaptar aos desafios climáticos, em contraste com a média global de 75%.

Eneas Porto, gerente de sustentabilidade da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), relata que este é o caso dos agricultores baianos, que têm sido impactados pelas mudanças climáticas. “Há uma percepção, também, do aumento no número de incêndios florestais, que é um dos fatores que mais tem impactado a agricultura. Isso porque, além de queimar reservas legais e prejudicar o ciclo hidrológico, também traz riscos aos patrimônios dos produtores rurais e à palhada do solo, que demora muito tempo para ser formada”, comenta ele.

O estudo ainda revela que os produtores rurais brasileiros adotam, em média, 10 práticas da agricultura regenerativa, modelo que busca conciliar a produção agrícola com a restauração ambiental. Em contrapartida, agricultores de outros países adotam, em média, 7 medidas regenerativas. Foram entrevistados 2 mil agricultores espalhados pela Austrália, Brasil, China, Alemanha, Índia, Quênia, Ucrânia e Estados Unidos.

“(Essa pesquisa) mostra uma coisa que a gente ouve falar muito dentro do agro, mas que agora traz um dado concreto. O agricultor brasileiro é mais sustentável, ele está na frente quando olhamos para o mundo inteiro em relação a agricultura regenerativa. Isso tem muito a ver com a maneira com que a agricultura evoluiu no Brasil nas últimas décadas. (Acho que isso ocorre) até por questão do clima tropical, com mais pressão de pragas, onde o agricultor brasileiro teve que desenvolver um manejo mais específico para a realidade daqui, e historicamente foi incorporando essas práticas (regenerativas). Hoje em dia, estamos analisando elas do ponto de vista da ciência e vendo como elas são importantes”, comenta Renan Magalhães, gerente de Comunicação Corporativa da Bayer Crop Science.

Paula Packer, chefe geral da unidade Meio Ambiente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), relata que a agricultura regenerativa se baseia em cinco pilares. O primeiro é “limitar o revolvimento do solo”, uma prática que interfere na camada superficial do solo antes do plantio. O segundo é “proteger a superfície do solo”, utilizando coberturas vegetais para evitar erosão e manter a umidade.

O terceiro envolve construir a diversidade, promovendo a rotação de culturas para fortalecer o equilíbrio de nutrientes no solo. Algumas leguminosas, por exemplo, podem fixar nitrogênio no solo e beneficiar as próximas culturas que consomem mais deste nutriente. O quarto pilar é “manter as raízes vivas no solo”, garantindo que plantas e raízes tenham os nutrientes necessários para a sua sobrevivência. Por fim, o quinto pilar é integrar animais, permitindo que a pecuária e a agricultura coexistam, como no sistema integrado lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que melhora a fertilidade do solo e aumenta a produtividade de forma sustentável.

Porém, estas medidas devem ser planejadas de acordo com o bioma e o clima onde estão localizadas as culturas. “Práticas sustentáveis requerem tecnologias ou sistemas de manejo regionalizados. No semiárido, por exemplo, os produtores trabalham com sistemas integrados tanto para a bovinocultura quanto para a caprinocultura. (Também) trabalham com sistemas agroflorestais, o cacau é plantado dentro de uma agrofloresta. Existem práticas regenerativas em todos esses sistemas”, aponta Packer.

Este planejamento personalizado também deve se adaptar às diferentes culturas agrícolas. Por exemplo, no caso da fruticultura, amplamente praticada na Bahia, sistemas integrados são eficazes para manter a cobertura do solo.

Adotar estas práticas regenerativas garante que a saúde do solo e a disponibilidade de recursos hídricos se mantenham estáveis, de acordo com Packer. “Garantindo esses dois fatores, você propicia que esse solo se torne cada vez mais saudável e se retroalimente para que você tenha retorno na produção e na produtividade. Mas, não adianta você adotar uma prática regenerativa que não seja adequada para a sua cultura e para a sua região, que não vai te dar uma melhora na produtividade”, complementa ela.

Na Bahia

Segundo Greice Fontana Klein, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães (SPRLEM), as práticas regenerativas já são amplamente adotadas pelos agricultores baianos, com grande adesão ao sistema de plantio direto, aos sistemas integrados de lavoura-pecuária e à rotação de culturas. Além disso, são utilizados plantios em curvas de nível em áreas com declives, ideais para prevenir a erosão do solo e aumentar a retenção de água.

As novas tecnologias agrícolas, como sensores para monitorar a utilização de recursos hídricos e plantadeiras guiadas por GPS, já estão instaladas nas lavouras baianas. Da mesma maneira, estão adotando o uso de novos defensivos e fertilizantes sustentáveis, como bioinsumos.

Fontana ainda comenta que a adoção de práticas regenerativas reduz os custos financeiros dos produtores com manutenção da lavoura e logística de transporte. “Neste ano, tivemos aqui em Luís Eduardo Magalhães, a 19ª edição do Encontro Nacional do Sistema Plantio Direto. Nesse encontro, pudemos ver que a agricultura regenerativa diminui os custos de produção e aumenta a produtividade. Além de sabermos que ela é uma agricultura mais sustentável, que melhora o nosso solo, vemos que ela impacta diretamente no nosso custo, porque diminui os gastos com diesel, defensivos e adubação”, conta ela.

Além disso, Eneas afirma que consumidores nacionais e internacionais têm consumido cada vez mais produtos de origem sustentáveis, e que os agricultores baianos estão se adaptando a esta tendência crescente. “Hoje, tanto o mercado nacional quanto o internacional têm apresentado cada vez mais exigências no sentido da sustentabilidade. A região oeste da Bahia está de olho nessas demandas e já vem implementando essas ações, tanto nos cuidados com o solo e a água quanto com a natureza”, relata o gerente de sustentabilidade da Aiba.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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