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REVOLUÇÃO DIGITAL

Bahia já colhe os frutos dos investimentos do agro em tecnologia

Investimentos saltaram 40% na última década

Por Joana Lopo

19/03/2025 - 5:00 h
Sensores, softwares e outras tecnologias a serviço do agro fazem o setor brilhar mais
Sensores, softwares e outras tecnologias a serviço do agro fazem o setor brilhar mais -

Enquanto o Brasil discute o futuro do agro, a Bahia já colhe os frutos de uma aposta acertada: os investimentos em tecnologia saltaram 40% na última década, segundo a Secretaria de Agricultura do Estado (Seagri). No Oeste baiano, região que responde por 60% do PIB agropecuário estadual, lavouras de soja e algodão são monitoradas por satélites, tratores autônomos mapeiam solos com precisão milimétrica e drones pulverizam defensivos em áreas específicas, reduzindo custos em até 25%.

"Aqui, os produtores estão investindo muito em tecnologia. As pulverizações são via avião e já tem uma boa parte também via drone. Irrigação é toda automatizada. Todos os produtores têm hidrômetros na parte da sua irrigação, que fazem com que o produtor racionalize e use de forma mais sucinta possível os insumos, como a água”, conta o produtor de frutas de Bom Jesus da Lapa, Ervino Teobaldo Kogler, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais da região.

Segundo ele, com a produção anual, a região abastece muitos estados brasileiros e precisa se manter atualizada com as mais novas tecnologias para atender às demandas. Não à toa, ele integra o ranking de principais fornecedores de banana do País. Sua fazenda contribui com 12% da fruta comercializada no Nordeste, que movimenta R$ 2,3 bilhões ao ano no setor.

“Em Bom Jesus da Lapa, atendemos a 19 estados brasileiros. Vamos para todos os lugares. Até para o Acre a gente manda banana, além de Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e muitos outros”, conta o produtor.

Dados do último relatório da Embrapa mostram que a revolução digital ganha ainda mais escala com sistemas como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que faz esta conexão em 1,2 milhão de hectares - área equivalente a oito vezes o Parque Nacional da Chapada Diamantina, maior região de conservação do estado. A técnica é adotada por 35% dos produtores do Oeste e elevou a produtividade da pecuária em 18%, o que garantiu certificações internacionais a fazendas que exportam carne para a União Europeia.

Já o Sistema de Plantio Direto (SPD), usado em 85% das áreas de grãos, reduziu a erosão do solo em 40% e mantém a Bahia na liderança como o maior produtor de soja do Nordeste, com uma projeção de 15,8 milhões de toneladas para a safra 2023/24. A soja também possui a maior participação no VBP (valor total da produção) agropecuário do Nordeste (26%), com previsão de R$ 29,5 bilhões.

Ervino Kogler, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Bom Jesus da Lapa
Ervino Kogler, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Bom Jesus da Lapa | Foto: Divulgação

Oeste: celeiro do mundo

O Oeste baiano, que há 30 anos era cenário de pastagens degradadas, hoje ostenta os tempos de glória do agronegócio. São Desidério, por exemplo, ocupa a segunda posição no ranking nacional, com uma produção avaliada em R$ 7,7 bilhões, concentrada especialmente no cultivo de grãos. Formosa do Rio Preto também se destaca, em sétimo, com R$ 5,7 bilhões. As lavouras de soja e milho são fundamentais para o resultado, segundo a Seagri.

A produção de grãos no estado registrou incremento de 7,4%, passando de 12,4 milhões de toneladas em 23/24, para 13,4 milhões de toneladas, em 24/25, consolidando a Bahia na liderança do ranking do Nordeste. Estimativas para safra atual apontam para a produção de 13,6 milhões de toneladas de grãos e fibras, sendo 58% de soja, 22% de milho, 12% de algodão, 4% de sorgo, 3% de feijão, 1% de mamona e < 1% de trigo.

Mas não são apenas os grãos que brilham. A Bahia é o terceiro maior exportador de frutas frescas do Brasil. Segundo dados da Seagri, esses números rompem as fronteiras e colocam a fruticultura baiana no cenário global: em 2024, a uva sem semente, que está em 2º lugar no ranking nacional de exportações - junto com a manga - conquistou o mercado da China, enquanto o abacate desembarcou no Japão com selo de rastreabilidade blockchain, tecnologia que funciona como um grande arquivo seguro, em que todas as informações sobre a fruta são anotadas, desde o plantio até a venda. O melhor é que ninguém pode apagar ou mudar esses dados, o que garante a veracidade das informações.

Com o sol brilhando quase o ano todo e a irrigação de precisão, a Bahia colhe 2,5 milhões de toneladas de frutas anuais, sendo 30% destinadas a 52 países, entre eles Reino Unido, Estados Unidos, Países Baixos, China e Espanha.

Por isso, não é exagero dizer que o Oeste da Bahia se consolida como um Vale do Silício do agronegócio, segundo o diretor do Sistema Faeb/Senar, Guilherme Moura. “A região, que já responde por parte expressiva da produção nacional de grãos e fibras, não cultiva apenas soja, milho ou algodão. Também colhe dados, inovação e sustentabilidade em escala”.

Para Moura, o agronegócio baiano é um dos mais tecnificados, e a região Oeste é um grande player desse aparato tecnológico. “O que há de mais moderno para o campo no mundo o Oeste baiano dispõe, desde máquinas computadorizadas à irrigação inteligente, sensores, agricultura de precisão, inteligência artificial, drones e muito mais”, ressalta o gestor, que completa: “Além de equipamentos, o Oeste investe também em melhoramento genético de sementes e cuidados com o solo, a chamada agricultura conservacionista, para garantir alta produção e produtividade”.

Na medida em que o mundo pressiona por práticas ESG, o agro baiano transforma exigências em oportunidades, como indicam os dados da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf). Segundo levantamento da entidade, as áreas de cultivo e conservação, juntas, no Brasil, estocam 4,5 bilhões de toneladas de CO2.

“Isso equivale a três vezes mais que a emissão estimada do País por ano. Na prática, significa que as árvores cultivadas têm ainda um papel fundamental na mitigação da mudança do clima, especialmente por remover e estocar carbono nas florestas e nos produtos” observa o presidente da Abaf, Wilson Andrade. Ele reforça que, com as tecnologias e a promoção de produtos e serviços de origem renovável, as emissões de CO2 são evitadas, o que vai ao encontro das boas práticas ambientais.

Para o secretário de Agricultura do estado, Wallison Oliveira (Tum), não dá para pensar em sustentabilidade sem rentabilidade, por isso é tão importante investir em tecnologias. “É preciso ter, sim, sistemas sustentáveis que a tecnologia nos traz, mas temos de garantir que eles tragam benefícios para as pessoas e para a sociedade. E essa dimensão econômica deve estar vinculada às dimensões social e ambiental“, defende.

Made in Bahia

De acordo com dados da Seagri, dos US$ 11,7 bilhões exportados pela Bahia em 2024, 52% (US$ 6,1 bilhões) são provenientes do agronegócio, o que demonstra a importância do setor para a manutenção de superávits comerciais. O saldo comercial de 2024 foi de quase US$ 5,5 bilhões.

Os resultados ecoam no mercado: os seis segmentos do agronegócio que mais contribuíram para o crescimento das exportações foram complexo soja (45,33%); produtos florestais (22,44%); fibras e produtos têxteis (13,81%); cacau e seus produtos (6,49%); café (4,10%); frutas (3,39%); e demais produtos (4,43%).

As exportações de produtos florestais (celulose, madeira certificada), por exemplo, superaram US$ 1,5 bilhão. Já o cacau, cultivado em sistemas Cabruca (sob sombra de mata nativa), garantiu à Bahia o título de maior produtor nacional, com 135 mil toneladas - parte delas transformada em chocolate premiado mundo afora.

“A Bahia é uma potência agrícola, e isto é de suma importância para a economia, pois gera emprego e renda, além das oportunidades de investimentos. Temos oito municípios entre os cem mais ricos do Brasil”
Tum - Secretário de Agricultura da Bahia

O secretário ainda ressalta a expansão da agropecuária na Bahia e as exigências do mercado consumidor por uma produção ecologicamente responsável. “Nossa intensificação ocorre de maneira sustentável, e para isso utilizamos diversas tecnologias que são imprescindíveis para que alcancemos esses resultados tão expressivos”, finaliza.

TECNOLOGIAS A SERVIÇO DO AGRO

Agricultura de precisão

Permite monitorar e gerenciar as variáveis do solo, clima e planta com precisão. Isto possibilita manejo mais eficiente e sustentável dos recursos, atrelado a ganhos econômicos e ambientais. A aplicação certeira de insumos, como fertilizantes e pesticidas, é uma das maiores contribuições da agricultura de precisão. Ao utilizar dados coletados por sensores e GPS, é possível aplicar os insumos de forma localizada e na dose exata necessária. Isso não apenas aumenta a eficiência do uso como reduz custos e riscos de contaminação ambiental, além de evitar desperdício.

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| Foto: Lilian Alves / Embrapa

Sensores e drones

O uso de sensores para medir variáveis como umidade do solo, temperatura e níveis de nutrientes permite o monitoramento em tempo real das condições do campo. Drones equipados com câmeras multiespectrais oferecem mapeamento preciso da saúde das plantas, identificando áreas que necessitam de intervenções específicas. Estes dados são fundamentais para a gestão da variabilidade espacial dentro da propriedade, o que permite que os produtores realizem intervenções localizadas e mais eficientes. Há estudos científicos que mencionam que a utilização de drones no monitoramento de lavouras de algodão pode reduzir o uso de defensivos agrícolas em até 20%, melhorando a qualidade da produção e reduzindo o impacto ambiental.

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| Foto: Joana Silva/ Embrapa

Tecnologias de irrigação

O uso da tecnologia de precisão, controlada por sensores de umidade do solo e dados climáticos, permite uma irrigação mais eficiente, ajustada às necessidades da planta. Isso contribui para a conservação da água e a redução de custos com energia elétrica, sendo fundamental para a sustentabilidade da produção.

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| Foto: Freepik | Divulagação

Softwares

Os softwares de gestão têm transformado a administração das propriedades agrícolas, proporcionando abordagem mais estratégica e integrada para a agricultura. Esses softwares possibilitam otimizar o planejamento de atividades, controlar custos, gerenciar estoques e tomar decisões mais embasadas. Alguns softwares de gestão permitem que os produtores acompanhem as métricas de sustentabilidade, como o uso de recursos naturais, a emissão de gases de efeito estufa e a aplicação de insumos agrícolas. Há softwares que permitem o monitoramento contínuo das atividades na propriedade, como plantio, colheita e manejo de pragas e doenças. Através da análise de dados históricos e preditivos, os produtores podem ajustar o calendário agrícola, de forma a maximizar a produtividade.

AGRO
Uso de tecnologias digitais a serviço do agro
Sensores / softwares / tablet 
Foto: Freepik / Divulgação
AGRO Uso de tecnologias digitais a serviço do agro Sensores / softwares / tablet Foto: Freepik / Divulgação | Foto: Freepik | Divulagação

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