A TARDE AGRO
Com alta de 9,5% de área cultivada, Bahia consolida liderança na produção de mamona
As condições climáticas do estado, como a temperatura e a umidade, favorecem a adaptação da cultura
Por Laura Pita*
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A Bahia é a maior produtora de mamona do país e, de acordo com dados levantados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a posição segue firme na temporada 2024/2025. Para esta nova safra, a companhia estima um aumento de 9,5% em área cultivada no estado, resultado de pesquisas e implementação de novas tecnologias. Este crescimento reflete-se no desenvolvimento econômico e social baiano. Para a indústria o resultado também é satisfatório, afinal a mamona é matéria-prima essencial para a produção de óleo utilizado na composição de diversos produtos, como o biocombustível.
As condições climáticas do estado, como a temperatura e a umidade, favorecem a adaptação da mamona, como indica Assis Pinheiro Filho, diretor de Desenvolvimento da Agricultura da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri). “A cultura da mamona se adapta bem ao semiárido baiano, contribuindo para a diversificação agrícola e reduzindo a dependência de culturas tradicionais”. O diretor ainda explica que o plantio da mamona na Bahia geralmente ocorre entre outubro e dezembro, dependendo das condições climáticas e da região. Já a colheita costuma acontecer entre março e junho, após o ciclo de crescimento da planta, que dura em média 120 a 180 dias.
O agricultor e produtor de sementes Carlos Leite destaca a importância da mamona para a agricultura familiar. “A Bahia é o maior produtor de mamona do Brasil, basicamente pela produção da agricultura familiar na região de Irecê. Nesta área existe a cultura do plantio de mamona há muitos anos. A mamona tem algumas características que dão segurança aos agricultores familiares. É um produto não perecível, podendo ser guardado na propriedade sem ter o risco de perder a qualidade ou estragar, tornando possível que o agricultor comercialize quando tiver necessidade ou quando achar que o preço está bom. A resistência à falta de chuvas é outra característica que dá segurança ao produtor, que garante uma produtividade mínima”, destaca.
Tecnologia em alta
Nesta temporada, Carlos está contente com o desenvolvimento da sua safra localizada na Fazenda Poço Verde, no município de Ourolândia. “Minhas expectativas são de crescimento da produção pelo aumento da área plantada com mamona, decorrente da sua valorização e desvalorização dos outros produtos tradicionalmente plantados na região, como o feijão, milho e cebola. A mamona está se desenvolvendo bem, a tecnologia usada, como sementes certificadas, correção do solo e tratos culturais estão proporcionando um bom desempenho”, comemora.
A importância da implementação de novas tecnologias é imprescindível para o desempenho da produção, como sugere Liv Severino, pesquisador da Embrapa. “É importante compreender que, na principal região de produção de mamona atual, ainda predomina a colheita manual e o uso de variedades obsoletas. Então, esses agricultores precisarão adotar novas tecnologias para se beneficiarem do potencial trazido pela mecanização. Quem ainda permanecer colhendo mamona manualmente terá muita dificuldade de se manter no mercado”. Por isso, Liv sugere a implementação de máquinas para a colheita mecanizada. “O principal avanço que nós obtivemos foi o desenvolvimento de máquinas para colheita mecanizada. Além de desenvolver as máquinas, também foram feitas novas variedades adaptadas para essa forma de colheita e aprendemos como manejar todo o sistema de produção para se adequar a ela. Esse conjunto de tecnologias não está disponível em nenhum outro país e essa é uma vantagem competitiva que favorece muito a produção no Brasil.
“As sementes devem ser certificadas para a garantia de suas qualidades, fator determinante para a alta produtividade. Já os grãos descartados para sementes servirão para produção de óleo”, explica Carlos Leite. “O óleo de mamona é pouco conhecido pelo público, mas é uma matéria-prima na indústria química mundial utilizada em grande quantidade para a fabricação de muitos produtos que usamos diariamente, mas não pensamos de onde vem. Por exemplo, ela é usada na composição de tintas, nas espumas da cadeira, para isolamento térmico do refrigerador e no lubrificante das máquinas”, salienta Liv Severino.
“A mamona é uma cultura de grande valor econômico, especialmente para pequenos e médios agricultores. O óleo de rícino (mamona) é utilizado em diversas indústrias, como a de lubrificantes, biodiesel, cosméticos e farmacêutica”, complementa Assis Pinheiro Filho.
“A demanda do biocombustível irá alavancar o plantio da mamona na Bahia, pois a oleaginosa produz em torno de 50% de óleo, sem interferir na segurança alimentar”, destaca Carlos Leite. “O aumento da produtividade e do preço da mamona nesta safra traz benefícios diretos para a economia baiana. Com preços mais altos e maior produtividade, os produtores rurais têm uma receita maior, o que melhora sua qualidade de vida e capacidade de reinvestimento”, afirma Assis Pinheiro Filho. “O aumento da área cultivada, da produtividade e dos preços fortalece a cadeia produtiva e gera impactos positivos na economia regional”, ressalta o diretor da Seagri.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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