EVENTO
Novas tecnologias e práticas agrícolas impulsionam fruticultura irrigada
O 1° Seminário de Fruticultura Irrigada vai abordar o tema
A fruticultura irrigada na Bahia tem passado por um processo de modernização, impulsionada pelo surgimento de novas tecnologias e práticas agrícolas que estão transformando o setor. Essas inovações serão o foco do 1° Seminário de Fruticultura Irrigada, que acontecerá nos dias 18 e 19 de outubro, no município baiano de Barra, na região do médio São Francisco
A fruticultura irrigada consiste no cultivo de frutas com o uso de sistemas de irrigação para garantir o fornecimento adequado de água às plantas. Em regiões onde a frequência de chuvas é irregular, a irrigação permite que as plantações recebam a quantidade de água necessária para crescer com eficiência.
O evento, organizado pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Barra (SindBarra) em parceria com empresas privadas, reunirá especialistas, produtores e representantes do agronegócio para discutir as oportunidades e avanços no cultivo de frutas com irrigação, por meio de painéis, minicursos e visitas a campo.
“O propóstito do seminário é trazer muita informação técnica sobre fruticultura e (outras) diversas culturas. Falaremos de cacau, uva, manga, mirtilo, açaí, melancia, e uma série de outras coisas sobre a fruticultura. Falaremos também sobre tecnologias de irrigação. É um seminário para falarmos sobre as culturas que são viáveis aqui e sobre as tecnologias diversas para o mercado agrícola”, conta Marco Caviola, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barra (SindBarra).
Eugênio Ferreira Coelho, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), comenta que o surgimento de novos sensores e métodos de monitoramento de recursos hídricos estão revolucionando a forma como a fruticultura é manejada. “Esses equipamentos podem ser mais simples , como sondas de capacitância, ou mais complexos. São usados para controle da quantidade de água, indicando se a irrigação está conduzida ou não de forma adequada, em termos de eficiência”.
Essas tecnologias são particularmente essenciais em fazendas situadas em regiões de clima seco e com padrões de chuvas irregulares. Nessas áreas, o uso eficiente da água é crucial para garantir a produtividade das culturas, já que a dependência das chuvas é limitada.
Coelho ainda relata que modelos de irrigação localizada são mais eficientes para fruticulturas, já que permitem aplicar a água diretamente nas raízes das plantas, reduzindo a perda de água por evaporação. “Já quando você usa irrigação por aspersão, a água vai ser utilizada para molhar os espaços da lavoura que têm e não têm frutas, (sendo menos eficiente), comenta.
Nova fronteira
De acordo com Marco, Barra tem atraído novos investidores e produtores por causa do clima seco e da alta exposição ao sol, além da proximidade com os rios São Francisco, Preto e Grande. A região ainda é formada pelos biomas caatinga e cerrado, que fornecem condições ideais para o cultivo de cacau, uva, manga, banana, melancia e maracujá.
“Barra vem sendo divulgada como uma nova fronteira agrícola do Brasil. Acho que temos potencial gigante para (a fruticultura em Barra). Temos muita água disponível aqui, temos o Rio Grande, Rio São Francisco e Rio Preto. São 420 quilômetros de margem de rio, ou seja, um potencial enorme de irrigação para a agricultura. Também temos um clima seco com muito sol, que é fundamental para ativar a planta”, afirma Caviola.
Já Sérgio Coelho, chefe do escritório da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) de Salvador e coordenador de implantação do Projeto de Irrigação Baixio de Irecê, aponta que a fruticultura é o carro-chefe da agricultura irrigada em Barra e em outros municípios na região Vale do São Francisco.
“O Vale São Francisco exporta 95% das frutas do Brasil para a Europa e para os Estados Unidos. Nos próximo oito ou dez anos, certamente teremos essa região contemplada com muita mão de obra. Esperamos que cheguem ali cerca de trezentas mil pessoas requisitadas para trabalhar, vão ser mexidos cerca de R$ 3 bilhões ou R$ 4 bilhões. Ou seja, vamos trazer muita gente de fora, treinar os jovens e gerar mão-de-obra especializada”, comenta Coelho.
O Governo do Estado da Bahia ainda está implementando um polo agroindustrial, sucroalcooleiro e bioenergético na região do Médio São Francisco, que comporta o município de Barra. O projeto, apresentado em 2020, prevê R$ 2,2 bilhões em investimentos privados e a geração de 21,5 mil empregos diretos.
“Tínhamos um problema de (fornecimento) de energia, mas agora Barra está recebendo uma grande subestação. Isso vai ajudar muito a desafogar toda a rede elétrica daqui. Estamos recebendo vários empreendimentos de energia solar, de energia eólica. Isso vai viabilizar uma série de coisas que vão ocorrer aqui”, comenta o presidente do Sindbarra.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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