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Baianas se destacam em ranking de mulheres poderosas do agro

Na lista da revista Forbes, Suzana Viccini e Marcela Tavares relatam experiências no campo

Publicado segunda-feira, 03 de janeiro de 2022 às 06:00 h | Autor: Ruan Amorim*

Cada vez mais, as mulheres têm ocupado posições de destaque em diversos setores da sociedade, e no agronegócio não é diferente. No Brasil, a presença feminina já chega a 947 mil quando o assunto é dirigir propriedades rurais. Isso é o que evidencia a pesquisa do MAPA e IBGE. Deste montante, o Nordeste concentra 57%.  

A crescente participação delas no agronegócio tem ganhado notoriedade e mulheres que atuam na Bahia são referências.  No dia 15 de outubro, data em que é comemorado o Dia Internacional das Mulheres Rurais, a revista Forbes listou as 100 Mulheres Poderosas do Agro. Dentre elas, há representantes do oeste e sul baiano.

A produtora rural e presidente do Núcleo de Mulheres do Agro Oeste da Bahia, Suzana Viccini, foi uma das homenageadas pelo ranking. Pega de surpresa pelo reconhecimento das atividades sociais que realiza na entidade junto com outras 29 produtoras, ela conta que a conquista é coletiva.

“Eu atribuo essa indicação a todas as mulheres do Núcleo. Foi o nosso trabalho como entidade que fez o meu nome aparecer lá. Então, eu divido essa homenagem com todas elas, crescemos muito juntas. E a experiência foi muito bacana, espero que traga benefícios para a nossa região, para toda cadeia do agro”, explica.

Ela, que é administradora e exerce a profissão na propriedade da família, que produz grãos, diz que as mulheres sempre estiveram presentes no nicho e foram fundamentais para a construção da história da região Oeste. 

“As mulheres sempre fizeram parte do processo, mesmo não sendo tão percebidas. Hoje, pelas exigências do mercado, acho que a mulher com o seu desejo constante de aprender, dividir e compartilhar conhecimento, tem ganhado destaque. É um reconhecimento pelo fato de conseguir as competências que a sociedade exige de nós que somos produtores rurais”, diz a administradora.  

A produtora de cacau e proprietária da Cacau do Céu Chocolates Finos, Marcela Tavares, que atua no Sul da Bahia, no município de  Ilhéus, também observa que cada vez mais as mulheres estão sendo reconhecidas no agronegócio. E ela é um exemplo, uma vez que foi  uma das homenageadas pela revista Forbes.

“Muito orgulho, a  sensação é de estar no caminho certo, fazendo o que amo e que me dedico com afinco. Foi o reconhecimento de 11 anos de trabalho árduo, mas extremamente gratificante”, pondera.

A empresária  do ramo de chocolate  lembra que o agronegócio era majoritariamente masculino e, por isso, o seu caminho até o setor não foi algo direto. Mesmo vindo de uma família produtora de cacau, antes de cogitar esse segmento, ela foi trabalhar com chocolate. Depois de um tempo, percebeu a necessidade de ocupar esse espaço para entender melhor sobre o fruto que origina o alimento que comercializa. “Entrar de cabeça no cultivo foi essencial para que o meu produto final tivesse cada vez mais qualidade”, diz.

Além disso, Marcela destaca  a importância de mais mulheres entrarem no mundo agro e que o reconhecimento que as produtoras agrícolas têm hoje vem da coragem de ocupar e resistir aos obstáculos do setor.

“Acredito que são anos de luta para chegarmos nesse patamar, muitas barreiras foram vencidas. O mundo hoje não está associando mais esse trabalho a qualidade de gênero. Somos mulheres, somos fortes, somos capazes e somos agro”, enfatiza Marcela. 

Elas na liderança

Os avanços no agronegócio em relação a conquista do espaço por mulheres, mesmo que de forma gradativa, estão acontecendo. Um exemplo é a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas de 2018. O levantamento diz que mulheres já ocupam 34% dos cargos gerenciais no agronegócio do país.

 De acordo com João Carlos Oliveira, que está no comando da Secretaria estadual da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), na Bahia, o movimento de conquista de espaço já é notado. Segundo ele, “10% da gestão municipal de agricultura já é ocupada por mulheres”. 

O secretário também relata que para a presença feminina aumentar ainda mais na área, a Seagri tem planejado uma ação. “Estamos buscando parceria com Secretaria de Mulheres para intensificar a participação e organização delas no campo”, diz. 

Nessa perspectiva de incentivo, Marcela deixa um conselho para as mulheres que pretendem entrar no agronegócio. “Não se intimidem diante dos obstáculos, eles estão aí para serem vencidos. Sigam em frente com a cabeça erguida, se capacitem e vão à luta. O mundo é dos que acreditam nos seus sonhos e trabalham para colocá-los em prática”.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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