Café da Bahia volta a conquistar o topo em premiação internacional | A TARDE
Atarde > A TARDE AGRO

Café da Bahia volta a conquistar o topo em premiação internacional

Produtores baianos ganham primeiro, segundo e sétimo lugares no Cup of Excellence

Publicado segunda-feira, 05 de dezembro de 2022 às 06:00 h | Autor: Ruan Amorim*
Reconhecimento internacional do Cup of Excellence  agrega valor aos cafés premiados, que alcançam valores acima da média do mercado
Reconhecimento internacional do Cup of Excellence agrega valor aos cafés premiados, que alcançam valores acima da média do mercado -

“Estamos localizados na Chapada Diamantina, em Piatã, a cidade mais alta do Norte e Nordeste do país e cultivamos o café a 1.230 metros de altitude, o que já garante uma qualidade à produção. O nosso café é arábica, variedade catuaí”, é o que conta o cafeicultor  Antonio Rigno de Oliveira como forma de atestar que o café que produz na Fazenda Tijuco é bom.

E isso é comprovado internacionalmente pelo resultado do Cup of Excellence 2022, principal concurso de qualidade do mundo para o produto, que consagrou Antonio Rigno como o campeão deste ano. Mas ele não foi o único produtor baiano a ganhar destaque com o cultivo de café especial. Mais dois cafeicultores do estado foram  premiados pela competição. 

Respectivamente, Maridalton Santana e Michel Freitas conquistaram o pódio de segundo e sétimo lugar na disputa. Essa, por sua vez, é realizada no Brasil pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE). 

Para Antonio, que conquistou o primeiro lugar, ser premiado pelo Cup of Excellence 2022 é uma honra para a Fazenda Tijuco e também um reconhecimento do processo produtivo do cultivo do café, que é feito com muita dedicação. “Estamos há mais de 40 anos no ramo de cafés, e a pouco mais de 20 anos produzindo cafés especiais. Então, esses prêmios vêm para a gente como um reconhecimento de uma história de cuidado no cultivo dessa planta tão especial”, afirma Antonio.

Cultivo em família

Com  a família totalmente imersa no mercado cafeeiro, o bom sentimento de conquistar o pódio do  Cup of Excellence não vem de agora para Antonio. Desde 2009, o concurso vem premiando os cafés especiais dos familiares do patriarca com o primeiro lugar. E essa sucessão de reconhecimento vai além de atestar a boa qualidade do produto baiano e abre as portas do mercado internacional e valoriza a precificação.

“Em 2009, 2015 e 2022 conquistamos o primeiro lugar e, em 2014, conquistamos o primeiro, segundo e terceiro lugar. O impacto é sempre muito positivo, afinal, aumentando a qualidade aumenta também o valor. Hoje nosso café é reconhecido mundialmente, sendo exportado para países como Austrália, Japão e os Estados Unidos, além de países da Europa”, destaca o cafeicultor da Fazenda Tijuco.

Antonio também conta que, em toda a  história do concurso, nenhum produtor, em todos os países que realizaram a premiação, conseguiu ganhar mais de uma vez. “Nós conquistamos por quatro vezes o primeiro lugar. A perspectiva é continuar evoluindo, sempre buscando melhorar e buscar o primeiro lugar nas próximas premiações também, claro”, afirma o produtor.

Trajetória de prêmios

Quem também tem uma trajetória de premiação em competições da cafeicultura é Maridalton, que também reside em  Piatã e neste ano conquistou o segundo lugar no Cup of Excellence. A sensação que ele tem em ter conquistado uma das maiores colocações da disputa é de dever cumprido. “É muita alegria ter o meu trabalho reconhecido com essa colocação. Ela abre novas perspectivas para as próximas,  pois estou me aperfeiçoando a cada dia”, pontua Maridalton.

O segundo lugar foi a melhor colocação que Maridalton já teve até então, mas seus feitos são muitos quando o assunto é ter seu café, que é produzido no Sítio Bonilha, reconhecido.  “Em 2014, fui finalista  do Cup of Excellence. Em 2018, fiquei em sétimo lugar e, agora, em segundo lugar”, comemora o cafeicultor.

O café que garantiu a colocação de Maridalton foi o cereja descascado Catuaí 144. Até chegar aos avaliadores, o processo de produção foi: colher o café maduro (cereja) descascado e levar ao terreiro para secagem. Depois disso, quando já estava seco, o café foi ensacado e armazenado em local apropriado. Em meio a tantas etapas, que já fazem parte da rotina do produtor desde o ano 2000, o reconhecimento veio e novas portas foram abertas no comércio. 

“Com o resultado do concurso,  quando  o café vai a leilão, ele  tem um valor diferenciado,  não só no lote que leiloamos. Fora isso, a procura também aumenta  por parte dos compradores de café”, diz Maridalton.

Estado em evidência

Para o presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes, a conquista dos prêmios pelos cafeicultores é muito importante, pois coloca em evidência a boa produção da cultura no estado, sobretudo no âmbito de café especial, e coloca os premiados no mapa mundial do café. “Isso é motivo de orgulho para nós da Assocafé. 

“É muito lindo ver a produção local ser reconhecida e quebrar as barreiras geográficas. Com a premiação, há ganhador que recebe compradores de café especial do Japão, Inglaterra, Coreia do Sul, dentre outros. Toda essa movimentação impacta os demais cafeicultores, que se inspiram nos premiados”, afirma o presidente da Assocafé. 

Assim como João, o superintendente do agronegócio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), Claudemir Nonato, 63, também reconhece o bom impacto das premiações na economia estadual.

 “O reconhecimento internacional agrega valor às cultivares, e a Bahia mostrou seu potencial, com cafés de excelente qualidade.  Com isso, compradores de café de todo o mundo disputarão sacas dos melhores cafés do Brasil em 2022. Assim, os valores alcançados devem ser bem superiores aos do mercado convencional”, destaca  Claudemir.

*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló

Publicações relacionadas