AMAB EM FOCO
Democracia, festa e trabalho
Confira a coluna Amab em Foco
Por Gustavo Henrique Almeida Lyra*
É fim de semana de decisão, novamente. Há mais de três décadas, nos anos pares, o espetáculo se renova no primeiro domingo de outubro, quando milhares de escolas, faculdades, clubes e espaços afins espalhados pelo país abrem as portas para receber milhões de brasileiras e brasileiros, que chegarão munidos de documentos pessoais e da esperança de interferir nos destinos dos lugares onde vivem.
Em cada sala de votação estará a postos uma equipe de mesários trabalhando sem remuneração, recrutados e treinados para a missão de acolher eleitores, organizar filas, conferir identidades, operar urnas, emitir boletins e, ao fim do dia, encerrar o expediente cívico e devolver aos cartórios a aparelhagem já enriquecida pelo fiel registro da vontade popular.
As urnas merecem lugar destacado na solenidade. Lá estarão elas, abastecidas com os dados de cada candidato, previamente inseridos em audiências públicas pouco frequentadas pela comunidade. Foram testadas, também publicamente, e terão percorrido rotas meticulosamente traçadas até algum local próximo à moradia do eleitor, mesmo nos mais remotos confins do território nacional. Indiferentes às maledicências, alheias aos eventuais devaneios de futuros maus perdedores talvez interessados em manter a torcida engajada, elas funcionarão, como sempre, com a precisão absoluta para a qual foram concebidas, não no vale do Silício, tampouco em alguma indústria futurista asiática, mas aqui mesmo, fruto da prodigiosa inteligência genuinamente brasileira.
Lá pelo final da tarde, as máquinas da verdade emitirão boletins com a discriminação de todos os votos nelas confirmados. Então, nas cidades menores, onde as equipes de campanha conseguem cobrir todas as seções eleitorais, a matemática avançada dos comitês vitoriosos dará o sinal para a festa tomar conta das praças e a resenha se espalhar nos celulares, bem antes que o aparato eletrônico oficial complete o rally de retorno às sedes zonais, ao encontro das juntas apuradoras.
Mas o trabalho do dia só terminará com a totalização de votos pelo computador central do TRE, que é conectado às zonas através de rede interna e inviolável. Servidores altamente capacitados atuam na linha de frente e retaguarda e, como de costume, o resultado deve sair ainda no domingo. Sem chance de dar errado, o placar oficial de cada seção coincidirá com aquele boletim emitido lá na sala onde estava a urna e prontamente disponibilizado para conferência popular nos locais de apuração, desarranjando assim o script das teorias conspiratórias sobre burla na contagem. Pena que pouca gente se disponha a cruzar os dados que não mentem.
Concluída a apuração, parabenizados os eleitos e digeridas as frustrações (assim se espera das disputas civilizadas), tudo voltará ao lugar depois que a banda passar, cada cidadã(o) encarando a segunda feira com os próprios desafios para vencer e sonhos para realizar. Mas na Justiça Eleitoral o trabalho seguirá, ainda haverá o resíduo de litígios, prestação de contas, diplomação e a preparação para o próximo ciclo, afinal 2026 é logo ali.
Assim como não se comenta muito uma boa atuação do árbitro de um BaVi bem jogado e com muitos gols, pouco se falará da excelência do serviço público capaz de realizar evento tão grandioso, exemplar em eficiência, tecnologia e credibilidade. Melhor assim, aprimorar é preciso e o povo merece sempre mais. O certo é que a Justiça Eleitoral já está em campo, pronta para uma nova jornada exitosa em que a democracia será a maior vencedora.
*Juiz Eleitoral da 25a Zona, Ilhéus (BA)
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