473 ANOS DE SALVADOR
A força da cidade que em nós habita
No aniversário da capital, A TARDE pergunta: ‘Qual a Salvador que em mim mora?’
Por Priscila Dórea
Terra de praias gostosas, festa “barril”, religiosidade diversa que abençoa caminhos, e um lado “profano” que hipnotiza quem chega. Hoje, Salvador – primeira capital do Brasil – completa 473 anos de riqueza e boniteza. A TARDE, então, deu a esta repórter que vos escreve a missão de juntar pessoas que amam essa cidade do começo ao fim e as convidar a responder: “Qual a Salvador que em mim mora?”.
Interessados não faltaram, com o deleite florescendo após os segundos de silêncio ao ouvir o desafio... Salvador, né? Como não amar? Viver aqui parece marcar a todos: a memória de crescer nessas ruas perdura e se alonga, não importa onde – nosso andar, falar, dançar, viver seguem junto, e não enganam ninguém. É só olhar: aí veio de Salvador!
Mas a questão é: que Salvador é essa? A força de nossas matriarcas que movem Claudinha e Brown pelo mundo? A folia que mostrou a Guerreiro o que é liberdade e que arrepia a empreendedora Taiara Tamila? É o feijão da Alaíde, de que o Vovô do Ilê sempre irá sentir saudade? Perceber que ruas e bairros espelham fases da vida, como Ricardo Alban revela?
Mãe Val, que já viajou para tudo que é canto, diz que Salvador não perde para nenhum outro lugar em beleza. Alguém discorda? Do nascer ao pôr-do-sol, sempre tem o que nos oferecer, que nos digam as autoridades – o prefeito Bruno, que retribui o acolhimento, e Rui, o governador, que entendeu a importância da família e do ser humano no bairro da Liberdade, e confessa que a cidade faz o coração bater mais forte.
Ao fim das conversas, percebo que, subindo ou descendo ladeira, torrando na areia ou nos refrescando no mar, a Salvador dentro de nós sempre terá um pouco do que sabemos dela – e muito do que ainda iremos descobrir.
A Salvador que em mim mora é a avenida Sete, becos e movimento, onde ouvimos em todo o canto o melhor sotaque desse Brasil.
E a sua, leitor, qual a Salvador que em você mora?
É a que construiu a minha personalidade com base na riqueza da simplicidade. Cercada de mulheres fortes, criada desde recém-nascida no centro histórico, na Saúde, respirando arte e música
Ah… É a cidade abençoada pelas águas e pelas matriarcas, cidade do primeiro assentamento de Elegbara, da pedra vinda da África cravada no Candeal Pequeno da grande Brotas. Das pluralidades, da fartura das misturas de sons e saudações, cores e dons, ritmos e manifestações de cura
É o Carnaval, que em meados dos anos 70 me mostrou o que era liberdade, um oásis durante a Ditadura Militar. São as cores, o humor e os personagens daquele e de todos os Carnavais
O lugar onde nasci, Curuzu, na Liberdade, que eu chamo de ‘Capital da Negritude’ e comer na Alaíde do Feijão
Com certeza o Dique do Tororó, lugar onde nasci, passei a maior parte da infância e que ainda hoje posso ver da janela de minha casa no Jardim Baiano
É a Salvador do comércio, do turismo, da religiosidade e da Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa do Brasil
Salvador é plural e locais diversos marcaram fases diferentes da minha vida, mas sempre gostei do mar da Baía de Todos-os-Santos, da Ilha dos Frades ao Porto da Barra
A Baía de Todos-os-Santos, por sua história e natureza que vive sob a benção de Todos os Santos
É a religiosidade e o místico que encanta quem chega, e a beleza que não perde para nenhum outro lugar do mundo. Mas também é saudade de poder circular por Salvador e se sentir segura
A Ladeira da Preguiça, onde nasci e cresci
É a do bairro da Liberdade, onde aprendi a importância de valorizar o ser humano e a união da família. É onde meu coração bate mais forte e tive a oportunidade de retornar, como governador, para entregar obras que garantem a segurança de muitas famílias
É uma mistura de Santo Antônio Além do Carmo, a fé e o profano da Lavagem do Bonfim, a vista da Baía de Todos-os-Santos e o sabor da comida de Dona Edna, do Vem Quem Guenta
A que o Carnaval nos arrepia, o banho de mar da Barra que nos renova e da moqueca de siri, que tem um sabor mais que especial
É a Salvador da nossa gente, que é o que temos de mais bonito e especial. O soteropolitano é único no mundo
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