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666: será a hora da Besta?
Confira o artigo do romancista e jornalista Jolivaldo Freitas
O número 666 é amplamente conhecido como o "número da besta", principalmente devido à sua menção no livro do Apocalipse da Bíblia, especificamente no capítulo 13, versículo 18, que diz: "Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Seu número é seiscentos e sessenta e seis". Essa cifra se consolidou como um símbolo das forças malignas, difundindo-se bastante na cultura popular, especialmente através de filmes, música e literatura.
Historicamente, o número 666 foi associado ao imperador romano Nero. Durante a perseguição aos cristãos, havia a prática comum de codificar nomes usando números, principalmente em alfabetos como o hebraico e o grego. Somando-se os valores numéricos das letras que compõem o nome de Nero em hebraico, chega-se ao número 666. Nero é lembrado como um dos mais implacáveis perseguidores dos cristãos, sobretudo após o grande incêndio de Roma em 64 d.C., o que reforçou a ligação dele com o "número da besta" nessa interpretação.
No que diz respeito à situação atual no Oriente Médio, os conflitos entre Israel e grupos como Hamas e Hezbollah continuam a gerar tensões. A reivindicação de Israel sobre o território é fundamentada tanto em promessas bíblicas (teria sido Deus quem diretamente passou as escrituras dando as terras) quanto em fatos históricos, como a criação do Estado de Israel em 1948, após o fim da diáspora judaica – um exílio e dispersão do povo judeu que durou séculos. No entanto, essa reivindicação é contestada por muitos países e grupos na região, alimentando uma constante de conflitos.
A guerra no Oriente Médio, especialmente entre israelenses e árabes, parece ser uma questão permanente na história, marcada por divergências religiosas, políticas e territoriais. Alguns enxergam esses eventos como parte de uma narrativa profética, enquanto outros os veem como resultado de complexas questões geopolíticas. A ideia de que esses conflitos são o cumprimento de profecias é defendida por algumas pessoas, mas não é um consenso entre estudiosos e especialistas.
Na cultura atual, produções como a série "Kaos" da Netflix exploram temas mitológicos e religiosos, onde figuras divinas, como Zeus, expressam frustrações com a humanidade. Embora seja uma obra de ficção, reflete a tendência humana de interpretar eventos caóticos como sinais de forças superiores, sejam elas divinas ou proféticas. Zeus está de saco cheio quer mandar os humanos, suas criações, para o quinto dos infernos. Mas nem Hades pensa assim, imagine.
A ressurreição da associação ao número 666 no cenário atual pode ser uma forma de expressar medos e ansiedades sobre o futuro, especialmente em tempos de guerra e incerteza. Contudo, conforme mencionado nos textos religiosos, o controle do destino humano, de acordo com a visão cristã, está nas mãos de Deus, e não dos homens, oque aliás é uma frase que teria sido dita por Jesus. Mas, pelo que parece, Deus está somente olhando, de longe, que besta não é.
*Jolivaldo Freitas é romancista e jornalista. Autor de “Histórias da Bahia – Jeito Baiano” e “Baianidade”, dentre outros.
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