ARTIGOS
A Bahia em estado literário
Município de Andorinha sediou a feira que confirmou o número recorde

Por Sandro Magalhães*

Andorinha, sertão da Bahia, foi o marco de um momento histórico. No dia 6 de dezembro, último sábado, com a realização da Feira Literária e Cultural de Andorinha, a Bahia completou, ao menos, 100 feiras e festas literárias realizadas em 2025. O município, com 14 mil habitantes e situado no Território do Piemonte Norte do Itapicuru, promoveu neste ano a sua primeira feira literária.
Esse movimento vem sendo potencializado pelo Bahia Literária, programa idealizado pelo governador Jerônimo Rodrigues ainda no período em que esteve à frente da Secretaria de Educação e que ganhou força a partir da junção de esforços com a Secretaria de Cultura, por meio da Fundação Pedro Calmon.
Essa integração tem permitido que a literatura ocupe escolas, praças e comunidades por todo o estado. E tudo isso só é possível pelo envolvimento direto de produtores, dirigentes municipais, universidades, prefeituras, vereadores, curadores, professores, editoras, estudantes e trabalhadoras e trabalhadores da cultura dos diversos municípios, que se dedicam por inteiro à realização desses encontros.
A presença em muitos municípios baianos revela o caráter territorializado, democrático e afetivo desse movimento, que alcança não apenas grandes eventos já consolidados e pioneiros, mas também experiências iniciantes em comunidades rurais, periferias urbanas, comunidades quilombolas, povos indígenas, escolas públicas, bibliotecas comunitárias, academias de letras e pontos de cultura.
As feiras literárias da Bahia são todas celebrações do livro, da leitura, da memória e da cultura, mas não são iguais.E é exatamente isso que as torna tão potentes.
Cada uma carrega a identidade do seu lugar, suas narrativas, seus autores e autoras, suas estéticas e seus modos próprios do fazer cultural, permitindo que narrativas antes subalternizadas e apagadas ganhem força e visibilidade.
Ao se consolidar como o estado brasileiro que mais investe em eventos literários, a Bahia se destaca no cenário nacional. Mas, mais importante do que qualquer número, é fazer o nosso estado viver a maior mobilização de todos os tempos nesse campo.
Agora, o desafio que se coloca é conformar uma Comunidade Literária Baiana capaz de celebrar, defender, usufruir e transformar toda essa efervescência em uma política pública articulada entre estado e municípios, cada vez mais estruturada, contínua, participativa e sustentável, que fortaleça toda a rede produtiva do livro na Bahia, da criação à produção, da circulação à difusão.
Uma política que aponte caminhos para um futuro em que o livro e a leitura sejam direitos plenamente garantidos em todos os territórios.
A Bahia está, definitivamente, vivendo em estado literário.
*Sandro Magalhães é diretor-geral da Fundação Pedro Calmon/SecultBa
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes
