Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > ARTIGOS
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

ARTIGOS

A Xô Music

Confira o artigo do escritor e jornalista Jolivaldo Freitas

Por Jolivaldo Freitas*

05/03/2025 - 12:08 h
Jolivaldo Freitas
Jolivaldo Freitas -

Claro que a absoluta maioria das letras da Axé Music é lastimável, faltando trato, poesia para conduzir o tema, muitas das vezes confuso, estranho e que soa mal aos ouvidos. Mas nada se pode falar do ritmo, pois é bom, dançante, hipnotizante e um amigo ouvindo uma música com péssima letra me disse “se a letra fosse em um inglês, mesmo sem sentido, seria melhor”. Não sei se o entendi bem.

Tem uma coisa que chama minha atenção no movimento Axé (posso chamar de movimento? Talvez não por que para ser movimento teria de ter sido destacada uma arte, uma filosofia, estética, etc. que a caracterizasse como algo de importância cultural de maior dimensão. Então continuarei a chamar de ritmo axé) que é o poder que teve e tem de transformar pessoas pobres em pessoas classe média ou até ricas. Gente da periferia que teve no Trio Elétrico, nas bandas, nos blocos, nos shows a oportunidade de – graças à vocação artística – ou visão empreendedora na base estrutural da festa mudar de vida.

Claro que se pensa logo: e os camarotes? Esses sempre pertenceram à classe dominante da Graça, Barra, Vitória, Horto e Pituba, notadamente os próximos à classe política. Os intelectuais ainda consideram esse tipo de a música que hoje faz 40 anos como Xô Music. Mas está resistindo bravamente. Agora, mudando de assunto, colando texto de um comentário que fiz para a Metropole: posso até estar enganado, mas não ouvi ou vi homenagens àqueles que ajudaram a consolidar a Axé Music – que já começou estigmatizada pelos intelectuais que preferiram ouvir música com letra elaborada ou o velho Rock in Roll. Claro que Luiz Caldas é pai da Axé Music, mas temos avós como Fia Luna ou mestre Pintado do Bongô e posso até ousar dizer que o sambista Chocolate chegou a fazer letras para os axeseiros iniciantes, ele que eu sempre me batia lá no estúdio WR. Wesley Rangel abriu as portas do seu estúdio que a princípio atuava como produtora de áudios publicitários e criação de jingles e Luiz Caldas bem como Carlinhos Brown pegavam as letras comerciais que a gente de criação publicitaria levava e transforma em jingles e que ajudavam as agencias a ganhar láureas nos prêmios de propaganda.

Mas não ouvi até agora falar em homenagem a Laurinha, que criou a pipoca, esse negócio do folião sem grana para comprar abadá, seguir o trio fora das cordas. Lembra que Sarajane abriu a rodinha e estava toda semana levando o axé no Programa do Chacrinha? Não se pode esquecer do compositor Lula Carvalho, ou Lula Bocão que colocou para fazer sucesso seu refrão “...por que minha vida é um ouro”. Todo mundo cantou. Cadê Alobened que está em cima do trio, mas não chamaram para as homenagens?

E os instrumentistas que dão o tempero ao Axé e ninguém lembra. Lembra de Vicente Salles, guitarrista e arranjador ou Berel, percussionista do Cheiro de Amor. Queria ouviu falar no nome do falecido Cacik Jonne do Chiclete que os chicleteiros nem falam mais. E por falar em Chiclete, claro que Wadinho, irmão de Bell, que as más línguas diziam que inventou o pé de galinha ao tocar teclado com apenas três dedos, merece ser lembrado. Cadê as homenagens para Marcionílio que depois migrou para as músicas juninas. E falar em forró, cadê que não se faz homenagem à forrozeira Marinez que vestiu o axé?

Rapaz, seu fosse ficar chorando pitangas aqui por tantos que não entram nas homenagens oficiais e que também são escamoteados pelos colegas axezeiros este comentário não acabava nunca. Você lembra de de Ricardo Chaves, Guima, Márcia Freire, Araújo, Serginho, Peixe, Xexeu, Missinho, Jota Morbeck , meu amigo Carlos Pita que já se foi, Jaciara ou seria Janete da Banda Mel.

Mas, cadê a homenagem para Tonho Matéria. Seu menino e esqueceram para sempre meu amigo Beto Silva que morreu contrariado, autor do “Prefixo de Verão”, que aparece por aí, muitas vezes, como composição da Banda Mel e até de Netinho. Lembra da música que é um verdadeiro hino? Se era para homenagear os 40 anos Axé Music de forma bacana, tinha de ser algo amplo. Os gestores culturais oficiais baianos deixaram a a desejar. Eu acho. E você?

* Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Tags:

axé axé music baixaria camarotes carnaval Carnaval de Salvador

Cidadão Repórter

Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro

ACESSAR

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas

A tarde play
Jolivaldo Freitas
Play

Pontes para o Consensualismo

x

Assine nossa newsletter e receba conteúdos especiais sobre a Bahia

Selecione abaixo temas de sua preferência e receba notificações personalizadas

BAHIA BBB 2024 CULTURA ECONOMIA ENTRETENIMENTO ESPORTES MUNICÍPIOS MÚSICA O CARRASCO POLÍTICA